30/11/2011

BENTO SEVENS

Bento Sevens no sábado, dia 3 de dezembro.
Tá difícil fugir de Porto Alegre nesse fim de semana, mas tentarei.
Quem tiver oprtunidade, apareça.
Vale título e vale vaga no Brasileiro de Sevens.
Baita evento.

22/11/2011

Sábado de Rugby

Morando em Porto Alegre e tendo que catar informações pela Internet de onde ocorrem partidas de Rugby na cidade tinha guardado a data de 19 de novembro para acompanhar a etapa de Porto Alegre do Rugby Seven, a modalidade olímpica. Confesso que ainda é difícil arrancar notícias e mesmo trocar ideias de torcedor ou aficcionado, que seja, afinal NUNCA joguei Rugby, mas é como se tivesse jogado a vida toda, o que pra mim dá na mesma, a vida é sempre aquilo que começou 5 segundos atrás. Não que não exista passado, existe, mas quem faz o passado o futuro e o presente é o que vivenciamos. O Rugby é uma boa partida. Me sinto bem no ambiente, no campo, vendo o jogo, sabendo que ninguém vai desistir. Não gosto de desistir.

O Rugby entrou na minha vida assim como muitas outras coisas prezas. Como a literatura, o futebol, o rock e a cerveja. Tava tudo ali, no HD, só faltava ligarem o programa certo. O Rugby chegou por último. Então tentei acordar o mais cedo possível para um sábado. Uma da tarde foi o que consegui. As noites de sexta são muito doidas comigo e o Lorenzo. Esse ano a Copa do Mundo da nova Zelândia ajudou a aumentar a confusão de horários. A Betine tinha se comprometido com o lance dela de trabalhar nos findis pra adoção de cachorros de rua e eu, sabendo que as partidas começavam à uma da tarde me programei para tentar chegar às três da tarde. Não é fácil com criança. E sabia que ele não aguentaria mais de três horas assistindo Rugby. Mal aprendeu as regras do futebol e eu confundindo a mente de cinco anos dele com as do Rugby. Ele inventou o RugbyBol, um esporte onde pode chutar a bola ou pegar com a mão e depois que entrar na goleira gritar TRY!

 Lorenzo e a "floresta"

Chegamos às 4 da tarde no campo da ESEF. Campo de futebol, claro, adaptado para o Rugby. Dois postes de 3 metros amarrados em cada goleira e era isso. É assim em quase todos os campos improvisados de Rugby. Campo duro, grama rala e ressecada pelo sol forte do verão. A prefeitura de  poderia criar um espaço público somente para Rugby em Porto Alegre. Até onde sei, não existe. Mas quem sabe, com mais gente jogando, criem. Criaram espaço pros skatistas, não é? Pra tantos outros esportes. Porque não pro Rugby? Enfim, chegamos já nas semifinais, ou na decisão de 3º lugar um pouquinho antes. Depois que vi que era o Farrapos jogando contra o Charrua um dos jogos. 10x5 pro Farrapos. Mas não consegui acompanhar direito. Estava pra lá e pra cá entretendo o Lorenzo com corridas e brincadeiras de se esconder na sombra e com um aviãozinho que ele tinha na mão. Um senhor que ajeitava uma cadeira de praia embaixo de um guarda-sol na frente de uma faixa do San Diego mexeu com o Lorenzo.
- Qual é teu time?
Lorenzo fez que não ouviu. Eu respondi:
- Nós somos de Porto Alegre mas nosso time é o "farrapo" de Bento.
- Farrapos! Então vamos nos enfrentar na final. Quem vence? Vou apostar o meu contra o teu, falou ele claramente brincando com o Lorenzo.

Cerca de 100, 120 pessoas, entre jogadores, curiosos e namoradas se esparramavam por baixo de árvores e onde existisse sombra. Dá pra se saber num dia desses porque o Rugby na Europa é um esporte preferencialmente de inverno. É realmente PUNK ver os caras se debaterem num sol de mais de 30 graus no lombo. Salsichão era assado numa churrasqueira portátil, garotas passeavam com cachorros, crianças mais pequenas que o Lorenzo corriam ou gritavam e um isopor de cerveja silenciosamente gelava em um canto mais refrescante. Caminhando do lado do campo a bandeirinha gritava enquanto trabalhava na decisão do terceiro lugar, vencida pelo Charrua por 32-0 sobre o Fronteira Sul:
- Tô louca pra tomar uma cerveja depois disso tudo.
Eu também, eu também, pensei. Carregar 20 quilos de confusão pra lá e pra cá também cansa. Ainda mais quando os 20 quilos chamados Lorenzo querem salgadinhos, refri, chocolate e experimentar mijar em todas as árvores. Dando a volta no campo encontramos o time do Farrapos concentrado antes da final, em roda, na sombra contrária ao furdunço do churrasqueio. Não lembro o nome do pessoal, apesar de saber o nome pelo Facebook, e cumprimento à distância. Márcio Mello, manager do clube, se aproxima pra nos dar um aperto de mão. Trocamos algumas frases rapidamente pois já era hora da decisão.

 Público lotando as "arquibancadas"

Rugby Seven não é aquela loucurada do XV, sabem? São 7 minutos pra cada lado e 7 jogadores com 5 reservas pra cada time, mas é muito mais corrido. Claro que existe o embate físico forte, mas num campo com as mesmas dimensões do Union é complicado segurar um jogador quando desembesta pela ponta ou fura a linha adversária. Tirando a saída dos 22 ser do time que pontuou após os tries, as regras são basicamente as mesmas. Como o jogo é realmente muito rápido, quando 7 minutos decidem passar rapidamente, claro, muitas vezes os times optam por nem cobrar a conversão após os tries. Não era o caso naquela decisão.

O San Diego começou mais veloz e apertando a marcação e enfiou 2 tries e uma conversão na primeira metade do tempo. O Farrapos equilibrou a partida, recuperou o jogo no combate físico e conquistando espaço chegou aos mesmo 2 tries também errando uma conversão. E a primeira etapa acabou em 12-12. Era só um aviso para a segunda etapa. A torcida, quer dizer eu, Lorenzo e mais 2 garotas , mais 2 magrões que chegaram depois para pedir informações sobre o Farrapos e conversar com um dos jogadores, demos alguns passos atrás. O ambiente estava nervoso, muito mais pelo lado do San Diego que disputava ultrapassar o Charrua na pontuação geral dos Sevens, na 1ª etapa as posições dos dois clubes foi invertida, do que pelos Farrapos que tinham vencido a etapa anterior, e alguém pediu para todos saírem da lateral do campo. O treinador do time porto-alegrense gritava exaustivamente em portunhol para o time "lutar com coraçón, com espírito". Lorenzo perguntou que "língua louca era aquela? Italiano?" Pra ele tudo que não é português ou o inglês da TV é italiano.

 San Diego reunido antes do segundo tempo

Try e conversão do San Diego. Comemoração efusiva. O jogo se equilibra de novo e o Farrapos, muito mais no seu jogo, vai forçando aos poucos a aguerrida defesa adversária e com muita luta chega a mais um try e uma conversão. Empate. 19-19. O Farrapos empurra o San Diego e chega a mais um try pela esquerda. Finalmente é a virada. Errada a conversão, 24-19. Faltam 2 minutos. Mas que minutos intermináveis, tchê! O treinador do San Diego quase pula dentro do campo berrando, os ânimos se exaltam, murmúrios de contestação à arbitragem, subsituições nos últimos instantes. O San Diego joga tudo. No Rugby é assim. Nada está definido até o último instante. E não estava. Num tour de force contagiante da equipe da Capital é alcançado o in goal bento-gonçalvense e estabelecido o empate. Festa. Tudo por uma conversão. O jogador do San Diego, talvez também nervoso pelo lance decisivo, erra. 24-24. Prorrogação.

Sem substituições, avisa o árbitro. Cinco minutos pra cada lado ou até alguém pontuar. Morte súbita. Joelhos sangrando, cabelos empapados pelo suor, camisetas rasgaras pelo combate e uniformes pintados da mesma cor apesar do tempo seco. É Rugby em estado bruto, penso eu. Acredito que é. Lorenzo já se impacienta, tem sede, mas agora não saio dali, a sede que espere. E o primeiro tempo da prorrogação fica mais emocionante depois de uma disputa mais ríspida pela bola no meio-campo terminar com um jogador do Farrapos estendido no chão. Sem substituições! O jogador é carregado para fora. Mal consegue ficar em pé. Sem condições mesmo para um rugbier. O Farrapos continua. Seis contra sete. E logo tem uma infração a favor. O vento golpeia no entardecer porto-alegrense justamente na hora do chute, que sai desviado pra direita do H. Mas o jogador do San Diego erra no tempo da bola e comete um knock-on. Até um neófito como eu nota de longe o erro. Posse de bola do Farrapos. Mesmo com um a menos e na pressão de ter errado um penalti, o Farrapos consegue fazer uma boa troca de passes e furar a linha porto-alegrense. Try! Morte súbita. Farrapos 29-24 San Diego. Emocionante mesmo.

 Os campeões

Cumprimentamos o Farrapos, o time para o qual torcemos, afinal, e fico feliz por ter assistido um bom jogo. Os jogadores do San Diego vêm abraçar e se desculpar por uma eventual força de vontade mais exacerbada com o jogador leisonado do Farrapos, que, diga-se, foi antes procurado pelo pessoal da ambulância que estava lá à disposição de qualquer eventualidade. Márcio telefona e posta no Facebook a notícia da vitória. Assim funciona a notícia no Rugby. Sem grandes meios de divulgação, pingando aqui e ali, e tentando crescer e ser mais conhecido e popular. Os dois rapazes ao lado comentam que estavam pensando em fazer alguma arte marcial, mas que Rugby é bem mais interessante. é mesmo. E o Farrapos é campeão!

Suado, cansado, com fome e uma vontade doida de chegar em casa, abrir um latão e esperar pela decisão do Super10 na TV, caminhamos até o carro. Lorenzo é cumprimentado educamente pelo amigo dele, o do guarda-sol, torcedor do adversário, pelo título. A cordialidade do Rugby se faz presente no aperto de mão. Passamos no supermercado e nos abastecemos de pizza, guaraná e cerveja. A noite de sábado, como sempre foi pra mim, será longa. Assim como longa será a vida do Rugby no Brasil. Acreditem. Será.

17/11/2011

Heineken Cup - Voltas e Reviravoltas

Muito se comenta, principalmente pra mim, seguindo, ou tentando seguir o noticiário sobre Rugby, que é um esporte em que não existe jogo jogado, partida perdida ou algo que não possa acontecer, mesmo que de forma casual e, por isso, emocionante. Na primeira rodada da Heineken Cup, o maior torneio de clubes do mundo, reunindo 24 clubes de 6 países, os mesmos países que disputam o Six Nations, Inglaterra, França, Gales, Escócia, Irlanda e os sacos de pancadas italianos, o Rugby foi mais que nunca sensacional.

Pelo grupo 3 o Bath da Inglaterra vencia o Glasgow Warriors por 21-19 e com o cronômetro estourado um jogador dos Warriors chuta, após uma jogada de 12 fases, numa desesperada tentativa de um drop goal salvador que viraria a partida. Só que o chute sai fraco e a bola não chega nem perto do H. O 15 adversário erra o tempo da bola, ela quica e voa rodopiando até encontrar os braços do camisa 4 escocês, Gray, que faz um try quase inimaginável. Com o try e a conversão o Glasgow vence por 26-21 e garante os 4 pontos.


Só isso já seria o bastante em 12 jogos, mas tem mais. No mesmo grupo, Montpellier e os poderosos irlandeses do Leinster fizeram uma partida com muitas reviravoltas. O Leinster vencia por 6-3 quando errou um passe no ataque e o argentino Amorosino, 15, roubou com o pé e como um lateral de futebol carregou a bola até a meia esquerda adversária e passou para Quedraogo fazer um try. Com a conversão, 13-6 para os franceses. No segundo tempo a vantagem aumentaria para 16-6. Faltando menos de 15 minutos, que no Rugby é uma eternidade, o Leinster converteu um try e encostou num 16-13. Foi então que com menos de um minuto para o fim, bastando apenas segurar o avanço do Leinster para numa roubada tocar a bola pra fora e encerrar com vitória, que o Montpellier cometeu uma falta ridícula num ruck. O penalti foi cobrado depois dos 80 e o empate teve gosto de derrota para os donos da casa.


Pelo grupo 1 demonstrando a força dos clubes irlandeses no torneio vamos ficar só com a jogada final do Munster. E que jogada. Começa aos 78 minutos e arrasta por inacreditáveis QUARENTA fases, tackles que viram em rucks que viram em mais tackles, mais passes laterais, a bola parece flutuar pra lá pra cá na linha central, até o logo da Heineken já se cansou de aparecer na tela pintado no meio do campo, até que aos 84 minutos, depois de já ter ensaiado uma abertura, o Munster consegue abrir uma brecha para que O'Gara tenha um segundo de folga e faça um ainda mais inacreditável drop goal, virando o 21-20 favorável ao Northampton Saints inglês e os irlandeses desfilam gloriosos seus 4 pontos diante de seus mais de 25 mil fanáticos torcedores. É uma jogada pra se ver e rever. Munster 23-21. Fim.


Nos outros jogos o irlandês Ulster virou o jogo faltando 10 minutos para 16-11 contra o Clermont. E para contrariar a boa rodada dos clubes irlandeses, os Harlequins sofreram, mas ganharam no fim por 25-17 do estreante da Irlanda., o Connacht. O Edinburgh Rugby virou faltando pouco mais de 10 minutos na casa do London Irish, os irlandeses de Londres, e venceu por 20-19 depois de passarem boa parte do jogo perdendo por 19-10.

O Gloucester Rugby perdia por 14-10 para o Toulouse fora de casa na frente de quase 20 mil franceses e com um try e uma conversão viraram para 17-14 faltando 9 minutos. A alegria dos ingleses não durou muito pois 4 minutos após o Toulouse converteu mais um try e chegou aos definitivos 21-17 da partida. No jogo do Biarritz contra o Ospreys galês o camisa 10 Dan Biggar acertou SETE penaltis e mais uma conversão se tornando o artilheiro da rodada com 23 pontos nos 28-21 dos galesess contra o time basco da França. Owen Farrel faria 22 pelos Saracens nos acachapantes 42-17 em cima do Treviso, time patrocinado pela "polêmica e tolerante" Bennetton.

Por fim o Racing Métro 92 do "de férias" e lesionado Chabal, o Homem das Cavernas, perdeu por 20-26 em casa para os Blues galeses do Cardiff. O italiano Aironi, que só tá por ali pra aprender e apanhar, tomou uma vassourada em casa de 12-28 dos lendários Tigers ingleses de Leicester,  e os também galeses Scarlets fizeram valer o jogo em casa e lascaram 31-23 nos Castres franceses.

A partir de sexta começa a segunda rodada, a ESPN promete dois jogos para o fim de semana. Leicester Tigers x Ulter ao vivo no sábado às 5 da tarde e Bath x Montpellier em VT domingo às 4 da tarde. "Roubei" as informações do Blog do Rugby e da página oficial da Heineken Cup. O YouTube taí pra gente achar o que interessa e o texto saiu da minha cabeça mesmo.

E, não esqueçam, sábado tem final do Super10 no SporTV, Bandeirantes x São José às 21h30, o Farrapos joga pelo 7ª lugar em Curitiba e eu tenho que descobrir que horas rola a etapa de Sevens da ESEF pra levar o Lorenzo assistir. Na verdade uma desculpa pra ver se um pessoal aí me paga as Heinekens que ganhei no Bolão da Copa do Mundo da Nova Zelândia. Rugby também é isso!

29/10/2011

Esses Loucos Ingleses!

Rugby é uma cidade de pouco mais de 60 mil habitantes no condado de Warwickshire no oeste da Inglaterra. Foi na conceituada Rugby School que a viúva Ellis matriculou seus dois filhos. Um deles, William, que gostava de críquete, certo dia no ano de 1823 participou de uma partida de futebol. O futebol existe praticamente desde que alguém inflou um estômago de boi e resolveu jogá-lo para outra pessoa. Na história da Inglaterra medieval jogava-se cidade contra cidade, quilômetros de jogadores tentando passar a bola pelos portões do adversário. O futebol chegou a ser proibido pela violência das partidas. Brigas e mortes por esfaqueamento eram normais então. Uma versão mais civilizada já era jogada no início do século XIX. Era permitido pegar a bola com as mãos, como no Rugby atual, mas só para chutar a bola para frente. Willliam, talvez enfadado pela partida, resolveu pegar a bola com as mãos, colocá-la sob os braços e sair correndo. Os outros jogadores tentaram impedir de todas as formas seu avanço até a meta adversária. Foi nesse dia que nasceu a lenda de William Webb Elis, e o nome que seria dada à esta então variação do futebol, o Rugby Football.

 Campinho onde o William se destrambelhou
e inventou o Rugby

Em 1863 quando as diversas escolas e universidades da Inglaterra decidiram unificar as regras do futebol, Rugby e outras variáveis de futebol conviviam pacificamente. Foi em 1871 quando a Football Association decidiu banir o tackle e proibir o avanço do jogador com a bola nas mãos que representantes de 21 times se reuniram em Londres e decidiram pelo racha fundando a Rugby Football Union. O primeiro jogo internacional foi realizado ainda em 1871, a regra de então era 20 jogadores pra cada lado, para um público de 4 mil pessoas em Edimburgo, e vencido pela Escócia por 1 gol e 1 try contra 1 try da Inglaterra. Na época ainda não se utilizava a marcação por pontos. Por conta de uma rusga sobre a marcação de um try num jogo entre Inglaterra e Escócia em 1884, Gales, Irlanda e Escócia fundaram a IRFB, International Rugby Football Association, e a Inglaterra demorou mais uma década para aceitar a nova entidade.

 English Team de 1871
Bigode não era regra, mas era maioria

Toda essa história é porque para falar sobre a seleção inglesa de Rugby e o esporte no país é preciso contar a história do próprio esporte. Se o futebol sempre existiu de diversas maneiras em outras épocas da humanidade, o Rugby é uma evolução do futebol, ao contrário do que muitos imaginam. O futebol se concentrou no que o seu próprio nome diz, jogo com os pés. No Rugby se joga mais com as mãos, mas também com os pés. Felipe Contepomi, abertura e capitão dos Pumas, se utliza muito dos pés para avançar em direção ao try ou desenroscar uma disputa de bola. Ainda não descobri se é permitido se utilizar do cabeceio, para trás, claro, para cortar um avanço adversário, mas seria bem fora do padrão das jogadas.

Como no Rugby todos os times jogam com as posições nas mesmas numerações, não existem variações de esquemas como no futebol. Os times se preparam muito mais em cada jogador cumprir sua função e ter uma estratégia que pode ser alterada com o jogo em andamento do que sobrepor as individualidades sobre o grupo. O capitão de cada equipe é que direciona a estratégia a ser utilizada. Tentar avançar para o try, provocando fases em cima de fases, se defender e trabalhar falhas na linha adversária para contratacar, etc.

A Inglaterra é a maior vencedora da mais antiga competição entre nações do Rugby: a Home Nations (hoje Six Nations). Originalmente um torneio entre os quatro países das ilhas britânicas, depois teve incorporada a França quando passou a se chamar Five nations, e a configuaração atual com a Itália como sexta participante. Os ingleses venceram 26 de um total de 111 torneios. Nos confrontos com outras seleções a Inglaterra perde somente para os três grandes do Sul: África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Contra todos os outros adversários a Inglaterra é preponderante. Não é por nada ser a única seleção do hemisfério norte a vencer uma Copa do Mundo, numa sensacional final em 2003 contra a Austrália. Nos jogos contra a Escócia o vencedor leva a Calcutta Cup. Já contra a Irlanda disputa-se o Millennium Trophy. O confronto entre franceses e ingleses é chamado de Le Crunch. Se uma equipe britânica vencer as outras três dentro de um Six Nations conquista o Triple Crown. Se um país vence todos os adversários do Six conquista o Grand Slam. De tempos em tempos os países do Tri Nations desafiam todos do Six Nations e esta turnê também se denomina Grand Slam.

 Jonny Wilkinson faz um drop goal faltando 20 segundos
para o fim da prorrogação e os ingleses vencem 
por 20-17 a final da Copa de 2003


Os ingleses jogam preferencialmente com uniforme todo branco, por ser a cor do uniforme da Rugby School, e uma enorme rosa vermelha bordada sobre o peito é utlizada desde a primeira partida em 1871. O estádio oficial da Inglaterra é o Twinckenham Stadium, construído a partir de 1907,  foi constantemente ampliado até chegar a capacidade atual de mais de 82 mil espectadores, sendo menor apenas que Wembley no país e o quarto maior da Europa. Foi neste estádio que os ingleses foram batidos por 12-6 pela Austrália na final da Copa de 1991.

Swing Low, Sweet Chariot é uma canção criada por escravos libertos que moravam no território da nação Choctaw nos Estados Unidos e viajou pelo país e pela Europa em turnês de músicos folclóricos. Nos anos 1960 voltou à tona por conta dos movimentos por direitos civis nos EUA. Foi gravada desde Etta James, Elvis Presley, Glen Miller até UB40, Beyoncé, entre outros. Você deve estar se perguntando que porra tudo isso tem a ver com Rugby. Mas tem. No fim do século XIX e início do XX a canção gospel americana se popularizou de tal forma que jogadores de Rugby ingleses nas confraternizações regadas à cerveja pós jogo, também largamente conhecido como terceiro tempo, extravasavam cantando e dançando esta música, tendo Swing Low, Sweet Chariot praticamente se transformado num hino informal da torcida inglesa de Rugby.

Pois bem. No último jogo da temporada de 1988 a Inglaterra perdia por 3-0 para a Irlanda. Nos dois anos anteriores jogando em sua casa a Inglaterra tinha feito apenas UM try e nas últimas 23 partidas do Five Nations tinha vencido apenas 8. Resumindo, a moral da equipe da torcida estava mais embaixo que o cocô do cavalo do bandido. Com dois titulares lesionados, sobrou para Chris Oti, de origem nigeriana e primeiro jogador negro depois de muitos anos, a tarefa de salvar a pátria. Então ele pegou a bola e correu, correu. Try. O primeiro de três. Era primeira vez desde 1924 que um hat-trick acontecia no estádio num jogo oficial. Ao final do terceiro try um coral de estudantes de um colégio beneditino puxou a música Swing Low, Sweet Chariot e foi acompanhado por todo estádio. Na sequência a Inglaterra marcou mais outros três tries, sendo o recorde de tries da Inglaterra num só tempo batido depois de 50 anos, e venceu o jogo por uma hora antes inimagináveis 35-3 sobre os irlandeses. O hino agora era lenda.

 Estádio silencia haka em 2010

Desde então do mais obscuro pub inglês até as arquibancadas Twickers todo torcedor inglês canta Swing Low, Sweet Chariot para empurrar sua equipe ou a seleção nacional. Os exemplos são tantos que fico com alguns para quantificar a potência do hino não-oficial. Em 2003 logo após a conquista da Copa do Mundo antes de uma partida de futebol entre Arsenal e Birmingham as torcidas de ambas equipes cantaram o hino em homenagem a seleção de Rugby campeã mundial. Em 2010 contrapondo o haka a torcida inglesa calou o canto maori dentro de seu estádio. A partida não foi vencida, mas o que faz um torcedor de Rugby não é só vencer sempre. É continuar lutando para vencer. Nem que seja um try depois de anos. Nem que seja na última hora. Nem que seja tão somente por continuar tentando. Os ingleses entendem bem disso. Não desistem nunca. E cantam e comemoram a plenos pulmões gesticulando com seus pints de Guinness erguidos ao alto como se estivessem navegando pelos mares do Império Britânico de outrora e conquistando povos bárbaros

Torcedores ingleses felizes em Lens após
a vitória de 28-10 contra os EUA na estreia
na Copa do Mundo de 2007

27/10/2011

Mas que diabos é a Haka?

Qualquer um que comece a ler ou assistir algo sobre rugby tomará conhecimento da haka. Haka é como se chamam as danças tipicas do povo maori, nativos da Nova Zelândia, sendo a mais conhecida a Ka Mate, executada pelos All Blacks antes das partidas da seleção nacional. Ao contrário do que muitos podem imaginar, a haka dos Blacks não é um fenômeno midiático pós-moderno para a televisão, mas sim um canto de intimidação e incentivo utilizado desde 1906 (antes disso utilizaram outros cantos). Abaixo dois vídeos da haka executada na década de 1920.


Jornais relatam um canto numa excursão de 1903 intitulado "Tena Koe Kancagroo", alusivo a invadir os cangurus da Austrália e vencê-los, mas não era exatamente uma dança folclórica maori. Já em 1924-25 teria sido usado também o canto "Ko Niu Tireni", com palavras imitando sons de uma tempestade que se abateria sobre os inimigos, para assustar o adversário. Neste vídeo de 1973 vemos que nem sempre a haka teve essa plasticidade atual e tenho sérias dúvidas sobre o grau de intimidação de tal dança quando mal executada.

 

James Joyce, escritor irlandês, assistiu a dança num jogo dos neozelandeses em Paris em janeiro de 1925, adaptando a letra do canto para seu livro Finnegans Wake lançado em 1938. Vocês não vão querer que eu, já sofrendo por sugar todas essas informações de textos em inglês traduza a confusão linguística que Joyce criava. Mas, como ilustração, serve de recado para aqueles que chamam o rugby de esporte bronco jogado por brutos. Rugby também é literatura. E das mais empedernidas.

Holispolis went to Parkland with mabby and sammy and sonny and sissy ... all to find the right place for it ... between wandering weather and stable wind, vastelend hosteil-end, neuziel and oltrigger some, ..

Let us propel us for the frey of the fray! Us, us, beraddy!
Ko Niutirenis hauru leish! A lala!
Ko Niutirenis haururu laleish! Ala lala!
The Wullingthund sturm is breaking.
The sound of maormaoring
The Wellingthund sturm waxes fuer-cilier.


The whackawhacks of the sturm.
Katu te ihis ihis! Katu te wana wana!
The strength of the rawshorn generand is known throughout the world.
Let us say if we may what a weeny wukeleen can do.
Au! Au! Aue! Ha! Heish! A lala!
A haka atual é puxada por um líder, geralmente o jogador de origem maori mais velho do grupo, e tem em sua letra pérolas como (tradução livre): "Este é homem peludo que fez com que o sol briulhasse novamente pra mim". 

Desde 2005 são utilizados também outros canto e dança em partidas mais importantes, o "Kapa o Pango", que contém a controversa parte onde os jogadores fazem o gesto de cortar as gargantas dos adversários. Foi esta dança que os All Blacks utilizaram na partida contra a França na primeira fase da Copa do Mundo de 2011, em deferência a ser uma partida revanche à histórica derrota sofrida pelos Blacks para a França na Copa de 2007. 

Esta dança é a que eu escolhi para fechar um post nada conclusivo sobre a polêmica e lendária dança neozelandesa e que já faz parte da tradição do rugby, sendo uma lei não escrita do esporte: Deixar os All Blacks fazerem sua dança.


Adendo: Depois de escrever o texto li a notícia que a IRB teria multado a França em 5 mil euros por avançar sobre a haka na final da Copa no último domingo. A IRB considerou, sabe-se lá porque, o ato dos franceses avançarem até a linha intermediárias uma provocação. Um exagero dos dirigentes do rugby mundial. Não vi ofensa nenhuma, mas encontrei vídeos de partidas em que a haka já levou os adversários a quase descambarem para a agressão, como no jogo abaixo, de 1989, em que os irlandeses encararam a haka e por pouco não começa uma pancadaria. Encontrei relatos de Gales e outros países que também se enervaram com a haka. Todos os que a desafiaram, por coincidência ou maldição, perderam.



Adendo 2: Chabal contra a haka em 2007 merece outro texto.

25/10/2011

Quem são os All Blacks?

Mantendo a função do blog começarei uma série de textos sobre os prinicipais centros do rugby no mundo. Os primeiros não poderiam de ser os All Blacks, a seleção prinicpal da Nova Zelândia, recentemente bicampeã mundial de rugby jogando em casa e vencendo a final por apertados 8-7 contra a França, a final com o menor placar  da história, e assumindo de vez a supremacia do rugby mundial. Mal comparando, esta vitória dos All-Blacks equivale ao tricampeonato brasileiro na Copa do Mundo de futebol de 1970. Os neozelandeses são os eternos favoritos do esporte, sempre entram para vencer, jogando pra cima, amassando os adversários, jogo de mão muito rápido e habilidoso, um centro irradiador do rugby, e representam para o mais neófito amante deste esporte o verdadeiro espírito rugbier. Eles são realmente os melhores.

Tudo começou na longínqua década de 1860 quando as regras de rugby e futebol ainda se confundiam. Vale lembrar que somente em 1997 a então IRFB, International Rugby Football Board, mudou sua sede de Londres para Dublin, e em 1998 alterou a sigla para somente IRB, retirando o futebol de seu nome. Em 1884 os bigodudos abaixo fizeram a primeira excursão internacional da Nova Zelândia, por terras do sul da Austrália, vencendo 8 jogos, não perdendo nenhum e marcando 167 pontos contra apenas 17.  Se acostumem. Com os All Blacks quase tudo é assim. Em 1905-06 viajaram até as ilhas britânicas, França e América do Norte, ainda com a alcunha de The Originals e retornaram, tendo apenas uma derrota duvidosa contra Gales, já com o apelido atual: All Blacks. A princípio imaginamos se tratar uma referência ao uniforme, todo preto (o primeiro uniforme era azul marinho), mas o nome surgiu de uma crônica em um jornal londrino que se referia a eles como os "all backs", pois o time de então já utilizava da prinicipal característica dos Blacks, ataque em bloco vindo de trás, amassando os adversários e empilhando tries.


A partir das décadas seguintes se intensificaram os embates entre neozelandeses e australianos, seus maiores rivais, britânicos, tendo algumas partidas sendo recusadas pelos escoceses, e, prinicipalmente, os sul-africanos. A África do Sul de então vencia muito mais que perdia os Blacks, mas sua política racial impedia jogadores de origem maori ou polinésia de jogarem em território sul-africano. O primeiro jogador não-branco a jogar na África do Sul foi o até sua época recordista de tries Bryan Williams, samoano de origem, em 1970.  No pós-guerra destacam-se a incursão de 1956 em que os Springbocks pela primeira vez na história perderam uma série contra outro adversário, os Blacks, claro, em 1959 quando os Blacks venceram uma espécie de Home Nations contra os britânicos com 3 vitórias e uma derrota. Os Blacks então venceram todos as séries contra outros países até serem derrotados numa excursão inglesa à Nova Zelândia em 1971.

Em 1976 26 países africanos boicotaram as olímpiadas de Montreal depois do Comitê Olímpico se negar a excluir a Nova Zelândia da competição após uma excursão dos All Blacks à África do Sul. A África do Sul estava banida das olímpiadas desde 1964 por conta do apartheid. Contrariando as expectativas internacionais, em 1981 os All Blacks convidaram a África do Sul para uma série de partidas na Nova Zelândia. O resultado foram protestos, partidas canceladas e inclusive um inusitado protesto com um avião sobrevoando baixo o estádio e jogando bombas de fumaça sobre os jogadores. A desastrada excursão, vídeo do "bombardeio" abaixo, resultou em cancelamentos e proibições por parte do governo neozelandês de qualquer espécie de intercâmbio com a África do Sul.


Em 1987, após muitos anos de reuniões e encontros, a IRFB decidiu organizar a primeira Copa do Mundo de Rugby, com jogos na Nova Zelândia e Austrália, e vencida pelos All Blacks. Seria a consagração da mais expressiva e vencedora seleção da história. Após o fim do apartheid, os adversários históricos puderam enfim organizar o torneio do hemisfério sul, o Tri Nations. Em 16 edições os Blacks venceram incríveis dez temporadas, com 50 vitórias em 72 jogos e sendo a única seleção com saldo positivo na competição.  Em quase 500 jogos contra seleções os All Blacks atingem a expressiva marca de 75% de aproveitamento, não possuindo nenhum oponente em vantagem histórica contra eles.

Contrapondo todas as estatísticas e sua situação quase eterna de primeira do ranking, a Nova Zelândia não vencia um mundial desde o primeiro, sendo a sofrida vitória do último domingo um grito de libertação daquela que é a nação mais vencedora da história deste esporte. Abaixo video com os melhores momentos da vitória de 1987. Prestem atenção na velocidade dos neozelandeses, na habilidade para driblar a marcação adversária, no físico menos musculoso dos jogadores de então e no olho roxo do capitão David Kirk na hora de receber a taça.


(a Haka merecerá um post à parte futuramente)

18/10/2011

Rugby Party - parte 2 (A FESTA)

Eu e a Betine chegamos, acompanhados da sempre elétrica e famosa Liége, sem sobrenome, a Liége é a Liége e quem não conhece não sabe o que está perdendo, e nossa nova amiga Li, que é só Li mesmo. Subindo a serra, aquela estrada lotada de pardais e um pedágio que cobra bem mas não cobre os buracos na subida de São Vendelino. Se não é ele que arruma, azar. Os buracos estão lá. Sempre. E fomos felizes escutando Bowies, Stones, Neil Youngs e outros.

Chegando em Bento despachamos as garotas e aproveitamos pra passar o tempo comendo um sanduíche Cult e uma parmeggiana do Ferrovia, o melhor bar de Bento e do Rio Grande do Sul, assim como o Farrapos no rugby. O Kike, agitador e amigo, que também será chamado assim, tinha combinado de chegarmos mais cedo pra largar o meu livro Ovo Escocês no local da festa. Criamos um evento barbudo, por conta da identificação dos jogadores de rugby principalmente com Sebastién Chabal, jogador francês, este ser querido do vídeo abaixo que derrubou neozelandeses como se fossem pinos de boliche infantil na Copa de 2007:
Pois bem, não tinha nenhuma regra pra distribuir o livro. O rugby é um esporte em que o percentual de barbudos e jogadores com visual, digamos pra usar uma palavra da moda, vintage, é bem maior que em outros esportes, merecia uma manifestação barbuda na festa. Decidi que todo mundo que fosse barbudo com uma cerveja na mão, fosse jogador de rugby ou eu fosse com a cara, isso depende do nível de álcool no sangue no momento, merecia ler um Ovo Escocês, um livro estilo bukowskiano, pra usar uma referência que qualquer um saiba se localizar, e rude como o rugby, mas belo como este também pode ser. Meus livros são todos sobre amor, mesmo que eu não fale de amor quase nunca. E não falo.

A cerveja foi pegando e, além dos shows, claro, do povo da Nacional Kid, Cartolas, o show destruidor da Bidê ou Balde, com Carlinhos em seus melhores dias de crooner-vocalista e agitador de massas, e Blackbirds, fui também trocando uma idéia com o pessoal do Farrapos. Confesso que só passei de lado pelo palco pagode-sertanejo, que estava tão ou mais animado que o palco pop-rock, pra me dirigir, sob a chuva fria, aos banheiros masculinos que ficavam deste lado da festa. Na real a chuva não impediu a animação da noite, afinal, porra, rugby é assim mesmo. Não tem pra chuva e se tiver que ser no barro, lama é o uniforme.

O presidente do clube, Tito, que me deu uma dica de vídeo (juro que tentei lembrar da música, tchê) sobre gostar de rugby e tal, mas como encontrei o video abaixo que além de ter muitas jogadas sensacionais tem trilha do Rage Against The Machine e nessas horas meu sangue ferve por barulho e vontade de poguear, vai esse mesmo. Mas olha só, é baita música pra tocar antes de começar as partidas. O povo vai começar atropelando.
Depois conversei um bom tempo com o Márcio, o Contepomi do Farrapos, sobre rugby e de como o pessoal se dedica nos treinamentos. Ele me contou viajar quatro vezes por semana de Farroupilha até Bento para treinar com o time e sei que o pessoal treina forte mesmo. Mais que muito time profissional de outros esportes por aí. E tudo só no amor, porque rugby profissional no Brasil é uma realidade muito distante ainda. Claro que tem o comecial da Topper que brinca com isso, mas, acreditem, quando mais pessoas conhecerem, é um esporte e um mercado enorme e virgem a serem explorados no Brasil. Boto fé!

O dia foi chegando,o barbudo da Harley me contando de sua noite desaventurosa, o Eva distribuindo seu conhecimento sobre o maior irlandês de todos os tempos, o guitarrista e bebum Rory Gallagher, o chinesinho perseguindo a Sheila, o Calinhos procurando a Liége e os All-Blacks vencendo a Austrália. Do que lembro do jogo é que estava bem disputado mas a Nova Zelândia dominava a bola e o campo, mesmo que tenha feito só um try, e que try! Terminou o primeiro tempo 14 a 6 e comentei no intervalo: Tá morta a cobra. Chegamos no motel e fomos dormir felizes e desencanados às 9 da manhã do horário de verão. Rugby é vida! Ceva também. Mas amigos estão acima de tudo isso.

17/10/2011

Rugby Party - parte 1

Resolvi dividir em duas partes para ficar mais leve e divertido o papo. Fim de semana de festa do rugby em Bento Gonçalves. Tudo começa no sábado. França e Gales na televisão. Os dragões vermelhos são mais que favoritos, apesar de ser um confronto historicamente encardido e equilibrado. Em 20 minutos os galeses mostravam porque eram a sensação do campeonato. Mas o camisa 3 Adam Jones se lesionou no início do embate e com menos os 120 kg de sua combatividade a primeira linha de Gales foi pra banha.

Logo depois o capitão Sam Warburton recebeu vermelho direto por uma tackleada considerada desleal pelo árbitro. Revendo o lance hoje achei exagero o vermelho. Um amarelo estava de bom tamanho, mas nem no rugby estamos livres das más arbitragens ou juízes localistas e a verdade é que Gales sofreu com estes dois desfalques. Pra vocês terem idéia da importância dee Sam para os galeses escutem o hino da torcida para os dragões na Copa cujo refrão é "With Sam our captain, We'll take the cup home!"

 
Assi mesmo os franceses sofreram para sair de seu campo, converteram 2 penaltis e o primeiro tempo terminou em apertados 6 a 3. No segundo tempo continuaram tentando avançar e mesmo tendo um a mais jogando e tudo a posse de bola e o território eram 60% pros vermelhos. Os azuis se safaram com mais um penalti, Gales arrancou um try na unha e não fosse não converter e eu estaria aqui escrevendo sobre a gloriosa vitória da raça galesa. A França só provou que era o melhor adversário pra completar a festa dos All-Blacks no próximo domingo. O que restou no fim de tudo foi a corneta em cima do Sam, o capitão, que em vez de trazer a taça pra casa vai levar é uma mijada da torcida, que certamente o perdoará, afinal, o juiz, ah, o juiz, sempre é o culpado. Em qualquer esporte.

(no próximo post escrevo sobre a festa do Farrapos e sobre o jogo que não vi, ou lembro de algo, Nova Zelândia e Austrália)

13/10/2011

WORLD CUP RUGBY PARTY

Enquanto rola a Copa do Mundo e os All Blacks seguem mandando, com alguma ajuda da arbitragem, mas, enfim, os caras são foda e minha  torcida pelos Pumas teve sua dose no terrorismo que eles sofreram em só fazer um try falatndo menos de 15 minutos pro fim da partida e outro quando os argentinos já estavam esgualepados pelo esforço físco, até mesmo de sustentar placar zerado com um a menos por 10 minutos. Enfim, foi bonito de assistir.

Obviamente a partida mais interessante é a de sábado entre Gales e França. Torcerei por Gales mas nada impede que a França mais uma chegue nas semfinais para morrer na praia. A outra semfinal é o Brasil x Argentina do Rugby e a peleia promete. Austrália x Nova Zelândia. Ainda mais que no mesmo horário ainda vai rolar a RUGBY PARTY, festa do Farrapos Rugby de Bento Gonçalves. Fiz minhha parte com a foto promocional barbuda abaixo. O Rugby merece. Sábado todo mundo lá. Mais  informações link abaixo.

29/09/2011

O Rugby é Simples, Mas Complicado.

Desde que comecei a acompanhar com mais frequência o rugby, mesmo que espaçadamente por alguns jogos que a ESPN resolve mostrar, principalmente a Tri Nations e a Heineken Cup, uma das coisas que mais salta aos olhos, e me faz ter referência o tempo todo, é, claro, o parentesco de berço do rugby com o futebol. E é natural este parentesco. Não só pela origem do regramento dos esportes, mas também por acompanhar o crescimento do meu filho.

Peguem uma criança, qualquer, que tenha recém começado a andar e jogue uma bola. O normal e óbvio no Brasil é dizer "chuta". E se o guri não chuta o pai vai lá e joga de novo e repete, repete e repete até que o guri (ou a guria, sem sexismo) chuta. Isto é futebol. Mas experimente não falar nada. A criança pega a bola com as mãos e sai correndo. O instinto dela faz com que ela fuja com a bola nas mãos. Isto é rugby. O instinto é rugby. Futebol vem depois.

Claro que simplifiquei bastante, mas o lance aqui é literatura, então me permito delírios. O rugby é, ao contrário do que parece num primeiro momento para olhos acostumados a assistir futebol, um esporte muito mais coletivo que o jogado somente com os pés. Imagine no futebol uma linha de jogadores trocando passes e abrindo espaços para chegar ao gol do adversário? E só podendo passar a bola para os lados ou para a frente? O futebol seria outro, mesmo que com os pés, pois uma das características do futebol, e existem muitos teóricos que já falarm sobre isso, é o famoso ponto futuro. No rugby não existe ponto futuro. O futuro é aqui. É concreto.

Logo os jogadores tem que ter uma capacidade coletiva muito maior que no futebol. Um jogador pode abrir espaço ou roubar uma bola e fazer um try, mas o normal não funciona assim. No futebol as individualidades muitas vezes se subtraem um função do que chamam "futebol-arte" , mas que grande parte das vezes não passa de individualismo e estrelismo. Para um sujeito como eu, com quarenta anos, que sempre tentei ser um esforçado (boa vontade) zagueiro o rugby se torna uma descoberta tardia pois, a despeito de dizerem ser um esporte bruto (e é), é mais democrático. A habilidade está muito mais em se organizar e abrir espaços que propriamente criar uma jogada fenomenal de habilidade sobrenbatural. Existem craques no rugby, mas nem de longe suas influências ou nomes têm a projeção que existe em outros esportes.

Este espírito de equipe é que me chamou mais atenção em tudo, ainda mais para um também adorador do futebol acostumado a esperar que jogadas geniais apareçam e façam com que meu time vença. No rugby elas também surgem, mas o instinto se alia à rapidez no raciocínio. O raciocínio tático no rugby tem muito mais importância, imagino eu, que equipes que tendo jogadores em plenas condições físicas possam ter muito mais possibilidades se diferenciarem-se por terem jogadores com raciocínio rápido. Ou seja, o rugby é um esporte bruto marginalizado pelos que ainda não abriram suas mentes para as possibilidades intermináveis de jogadas que nele podem ocorrer. Rugby é intelecto e força. Um xadrez de músculos, velocidade e agilidade.

O rugby é simples, mas complicado.

Como a vida.

Abaixo os melhores momentos daquela que é considerada uma das mais emocionantes partidas da história do rugby moderno.

21/09/2011

Uma Tarde na Montanha

Chegamos, eu, mulher e filho, ao Estádio da Montanha, antiga sede do time de futebol do Esportivo, no centro de Bento Gonçalves, pouco depois do início da partida entre o mandante Farrapos Rugby Clube e o San Luis Rugby Clube, de Novo Hamburgo. As cansadas arquibancadas de concreto do estádio, outrora espectadora de batalhas épicas de um renhido Gauchão, onde era quase improvável a dupla grenal arrancar uma vitória do "isssportívu", recebiam um pequeno público de cerca de 100 torcedores.

Entrada franca, esporte amador, uma tenda com artigos esportivos relacionados ao rugby e um ambiente quase familiar revestiam a tarde nublada na Serra. Fui ao posto do outro lado da rua, comprei uma coca, salgadinhos, um kinder ovo pro guri se aquietar e uma Heineken pra mim, só pra manter a base. Logo de cara o nosso time, afinal torcemos para o time de Bento, claro, sofreu um try. O Lorenzo, meu filho, me fez perder a noção se a conversão tinha sido certeira ou não e demorei mais um tempo para descobrir onde estava o placar da partida. Estava do outro lado com plaquetas no chão mesmo.


Na verdade demorei para saber quem era o adversário. Não fosse a torcida deles, que fazia muito barulho, basicamente mulheres, que poderiam ser mulheres, namoradas ou mães dos jogadores, berrar o tempo todo "sanluis, sanluis" e teria que perguntar quem era o adversário. Lorenzo pediu para ir ao banheiro, atrás das arquibancadas e ficamos por lá o primeiro tempo enquanto ele preferia se divertir caçando insetos.

O jogo, que me disseram ser Copa RS, mas não descobri na internet do que se tratava, se amistoso ou torneio, foi dividido em quatro quartos de 20 minutos ao invés de dois tempos de 40 minutos como é o normal. O entretempo era menor que o intervalo e no primeiro acredito que o placar era 5 a 3 para o San Luis. O Farrapos tentava chegar na linha de 22 adversária mas era sempre truncado e obrigado a ceder campo. Numa destas obteve 3 pontos numa cobrança de pênalti.


No segundo quarto a marcação do San Luis continuou firme e o Farrapos pecava nas cobranças de lateral ou perdia a posse da bola em passes errados. O rugby é um esporte que obriga os jogadores a avançarem a linha e trocarem passes cada vez mais precisos e qualquer erro resulta, algumas vezes, em um contra-ataque fatal do adversário. Foi o que aconteceu e numa escapada o San Luis marcou um try e logo após converteu os dois pontos extras no chute direto.

Em mais um erro de passe e posicionamento o San Luis avançou e, de ruck em ruck, chegou a mais um try e uma conversão. O Farrapos, por sua vez, quando estava próximo de marcar o seu try, sofreu uma providencial falta, estratégia sempre válida para travar o try adversário, e optou pelos 3 pontos do penalti para diminuir a diferença. Assim o primeiro tempo terminou 19 x 6 para o San Luis. Três trys contra nenhum do Farrapos.


Na segunda etapa o Farrapos acertou a marcação e começou a avançar. Não sabia se era o time titular ou não deles, mas, enfim, jogo é jogo, e os bicampeões foram pra cima enquanto o fogo  do churrasco do terceiro tenpo aceso embaixo das arquibancadas e uma providencial cerveja era gelada no que um dia deve ter sido o bar do estádio.

O time da Serra aos poucos começou a ganhar terreno e acertar os passes dos laterais e vencer nas formações de scrum, mesmo assim sempre sendo travados e correndo o risco de sofrer os mesmo contra-ataques que lhe valiam a derrota momentânea. Mas foi numa roubada de bola em seu campo que o Farrapos avançou em direção ao try e seu jogador foi faltosamente derrubado com um golpe no pescoço. Adentro aqui já leis que ainda não compreendo direito, mas acredito que foi marcado o try e o penalti. Um penalti try. Convertido o chute e o placar se alterou para 19 x 13 para o San Luis.

Os últimos minutos se resumiram ao truncamento de jogadas pelo San Luis e seguidos laterais e scrums até que a equipe de Vale dos Sinos segurasse o resultado e a torcida feminina pudesse vibrar histericamente. A essas alturas eu estava colado na tela torcendo e a Betine, minha mulher, resmungando contra as mulheres da torcida adversária que não paravam de apoiar. A torcida de Bento, alguns jogadores que não estavam participando naquele dia, se resumia a, brincando, pedir o fim da partida para apreciar o quanto antes o churrasco pós-jogo.

Lorenzo assistiu e não assistiu o jogo. É natural em uma criança de cinco anos de idade. O público, entre latinhas de cerveja e cuias de chimarrão aproveitou a tarde nublada mas agradável e seca de sábado. Eu me senti em casa. Estádio pequeno, torcida acolhedora e jogo disputado, mesmo que um outro safanão na orelha ilegal tenha sido desferido, e o árbitro não tenha visto, claro. O rubgy é um jogo mais leal que o futebol.

Para nos separamos de nossa nascente fama de pé-frios voltaremos ao Estádio da Montanha o quanto antes. E, certamente, o Farrapos vencerá. Enquanto isso me contento em perder horas de sono e acompanhar a Copa do Mundo de Rugby. Gosto das equipes que defendem com fome e atacam em velocidade. Os All Blacks, claro, são muito rápidos, mas gosto mais dos argentinos e dos britânicos. Acho mais divertido um 19 x 13 que um 49 x 10. É uma tendência. E um desejo.


TRY AGAINST!!!

20/09/2011

Adentrando o Universo do Rugby

Em setembro de 2007 eu e minha mulher tiramos alguns dias de férias, ainda nos permitíamos isso, e passamos uma semana em Buenos Aires. O acaso nos fez passear pelos bares, nosso trajeto mais costumeiro, de Palermo, justamente na época da Copa do Mundo de Rugby na França.

Enquanto esperávamos ser atendidos, o que muitas vezes demorava, e não nos interessava a pressa, os bares movimentam-se às tarde com os jogos que eram transmitido ao vivo. Foi quando comecei a me interessar mais pelo rubgy, ali, em Buenos Aires, vendo a veneração dos argentinos pelos Pumas, como eles chamam a seleção nacional deles.

Quando era criança meu pai adorava contar histórias, ele era um bom contador de histórias e muitas vezes exagerava, o que tornava a história ainda mais interessante, que quando serviu no exército na década de 1950 jogava "futebol americano". Obviamente ele jogava rugby, visto que é um jogo de estratégia e conquista de território e serve muito bem para o treinamento de infantaria.

Com o tempo, e a influência do cinema norte-americano, o rugby tornou-se para mim, e para a maioria dos brasileiros, um fantasma. Futebol americano, a NFL como está na moda entre muitos aficcionados de estatísticas, e onanistas do gênero, nunca me interessou. Acho um exagero aquela montanha de intervalos comerciais e aquela parafernália que usam para jogar.

Mas, a partir desta Copa do Mundo, com o rugby, que desde 1987 decidiu aos poucos se profissionalizar e internacionalizar, seguindo o caminho de seu irmão de origem, o football association, ou o futebol jogado unicamente com os pés como conhecemos, fui pouco a pouco me adentrando ainda mais no universo rugby.

Ainda não entendo muitas marcações de faltas e não consegui distinguir em qual posição joga este ou aquele e sua função básica no campo, mas já aprendi o básico da pontuação e de como me tornar um torcedor. Com o aumento das trasmissões da Tri Nations, da Heineken Cup e da Six Nations fui me familiriazando com os termos e jogadas.

Para aumentar ainda mais meu interesse jogadores da cidade natal da minha mulher organizaram sua própria equipe, o Farrapos, que veio a tornar-se bicampeão gaúcho de rugby e a primeira equipe gaúcha a participar do campeonato nacional de rugby. E, não nego, a cultura do esporte, que faz com que os participantes organizem o tradicional terceito tempo, quando as equipes confraternizam, churrasco e cervejas amigos, e trocam ideias e experiências em um ambiente de camaradagem, me atrai, afinal cerveja e amizade são coisas com as quais gosto de conviver.

O que tenho a dizer sobre o rugby? É um esporte de contato, velocidade, estratégia e, sim, uma grande variedade de jogadas e movimentação intensa. A primeira impressão que passa é que um esporte brutal, mas não é. É um esporte viril, sim, mas que deve ser jogado com inteligência, tanto que as grandes equipes são as que melhor se defendem, e usam esta defesa para em rápidas avançadas para pegar desprevenida e encontrar buracos na equipe adversária. Técnica e velocidade são tão ou mais importantes que a força física.

Eu nunca pratiquei, mas tenho vontade, obviamente que só por diversão. E observar e torcer na beira do campo, como explicarei numa próxima postagem.

(Comentários e auxílios são muito bem-vindos. A intenção deste blog é aprender cada vez mais sobre o esporte e fazer com que cada vez mais pessoas se intreressem pelo rugby.)