tag:blogger.com,1999:blog-55368202764044317902024-03-06T05:54:30.523-03:00TRY AGAINSTRugby & Literatura - um escritor descobrindo aos poucos um antigo esporte bretão.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.comBlogger25125tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-68139572690224270082013-01-30T14:55:00.002-02:002013-01-30T15:02:54.288-02:00ALÉM DA LINHAQuando comecei a acompanhar rugby ainda em 2007 não tinha ideia nem das regras e nem o que aqueles caras faziam se amontoando atrás de uma bola oval. Com o tempo aprendi as regras e muito mais coisa. Com o tempo vi times perdendo de 70-0 lutando por alguns metros a mais no ataque faltando menos de 2 minutos de partida. Vi jogadores enfrentando a dor, se jogando compulsivamente num ruck para puxar um companheiro ou para lutar por alguns centímetros de gramado como se fosse o último prato de feijão da Terra. Rugby é mais que um esporte. É uma filosofia. Depois que entranha na tua vida o rugby altera até tua visão e entendimento do que é companheirimo e amizade.<br /><br />Eu prometi que não escreveria sobre o incêndo na boate Kiss, mas não posso deixar de compartilhar, não uma história sensacionalista em cima do sofrimento alheio, mas uma história de um sujeito, Vinicius Rosado, professor de educação física e jogador do Universitário Rugby de Santa Maria. Segundo consta, contado por inúmeras testemunhas, Vinicius foi um dos primeiros a sair da boate. Vendo que seus amigos e os que acompanhavam não tinham conseguido sair, Vinicius voltou. Vinicius voltou e salvou ou ajudou a salvar 14 vítimas. Se fosse uma que fosse, já seria um grande ato de desprendimento. Mas, Vinicius, talvez por sua índole, educação, talvez por carregar o sentimento que todo rugbier carrega dentro das quatro linhas, se atirou no fogo como o pilar que se atira no ruck, o half que tackleia numa saída de scrum, lutando em um maul interminável, mas não por alguns metros de campo e sim para ajudar seus semelhantes, companheiros de desgraça.<br /><br />Tal como o personagem cínico de Sean Penn em Além da Linha Vermelha, em um misto de admiração e incompreensão, muitos exclamarão que ele morreu. Um maldito heroi, como diria Sean Penn. Não sabemos o que faríamos, certamente se conseguíssemos sair, fugiríamos. Mas nas horas trágicas, nos momentos mais difíceis da vida, alguns poucos, grandes homens, ultrapassam a linha que separa a vida da eternidade, Vinicius Rosado ultrapassou essa linha. Compartilho aqui não a tragédia, mas um exemplo. Que não seja esquecido. Que repensemos nossa estupidez, hipocrisia e a pequenez de espírito. Que não se fabriquem mais acontecimentos trágicos. Que os herois possam morrer velhos. Que os herois não precisem aparecer. O heroísmo é um soco no estômago da insensatez. Vinicius Rosado, que tenha o descanso dos justos. Humanidade, aprenda.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-2346160031776579072012-12-12T15:37:00.000-02:002012-12-12T15:54:19.328-02:00RUGBY - DO LADO DE DENTRO DO CAMPONa época do gauchão de Rugby, em um dos jogos na Montanha, o Aldo da <a href="http://www.sulback.com.br/" target="_blank">SulBack </a>tinha me falado de "um jogo que a gente faz de sevens". Eu disse que fazia muitos anos que não praticava nenhuma atividade física. O Aldo respondeu que "não, é só uns caras que nem nós. Mais se empurram e caem que jogam." Pensei, "bom, tenho 41 anos e já está na hora de voltar a praticar algum esporte. Porque não tentar o Rugby?" Sei, vocês que não estão acostumado a acompanhar os jogos dirão: É um louco! Não deixo de dar um pouco de razão. Eu também pensaria assim até uns cinco anos atrás antes de começar a ser contaminado pelo vírus do Rugby. Não é só um esporte como outro qualquer. É a vida dentro de campo contada em capítulos de despreendimento, coragem e muita concentração e adrenalina.<br />
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Em junho finalmente sai do marasmo e voltei à musculação. Sou meio doido mas não o bastante pra tentar entrar em campo sem um mínimo de preparo. Pesando mais de 100kg em 1,80m, eu era um mamute, mas um mamute sem fôlego e com a força só no peso. Meu primeiro objetivo era a minha saúde, antes de tudo. Diminuí bastante as frituras, quase não como doces, a não ser chocolate amargo, e comecei a comer menos no almoço, que é a refeição que costumava patrolar. Quatro vezes por semana numa academia onde treinam jiu-jitsu, boxe e MMA, sem muita frescura, tosqueira, povo quase tão louco quanto no Rugby, só não correm atrás de uma bola. É um incentivo e tanto alguém te responder quando tu reclama da tendinite; "Não, velho. Continua que o músculo reforça e a tendinite passa." Parei uma semana por conta do ombro esquerdo que não suportava o aumento nos pesos, mas logo aprendi a manha do aquecimento de ombro com o elástico. Quando me inscrevi pra ImpedCopa, torneio de futebol 7 insano organizado pelo <a href="http://impedimento.org/" target="_blank">Impedimento</a>, tinha baixado meu peso em quase 10 kg. Tudo isso sem largar a cerveja (o que já contribuiria expressivamente na dieta). Meu time jogou 11 vezes, jogos de 11 minutos. Eu joguei somente 6 jogos. Saí porque o time encaixou. Ou seja, minha "classe" zagueirística foi catapultada pelo bem do grupo e por um meia habilidoso. Nada mais justo.<br />
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Faltava o Rugby. Os farrapos já me convidaram muitas vezes para chegar num treino, sempre
adiado por conta da distância e de tardes de sábado com o Lorenzo. Mas a vontade de pelo menos treinar e aprender nunca sumiam da minha mente. Como avisado pelo Aldo, SulBack e Farrapos organizaram um jogo exibição antes das finais da última etapa do 7's gaúcho, na Montanha em Bento Gonçalves. Mamutes do Farrapos, um time com a essência do Rugby, os gordos, ou seja, os forwards, 1ª linhas, a nata de peso envolta em jogadores, ex-jogadores e convidados do Farrapos, mais uns "fracotes", como eu, pra enfrentar o Canfora RC, um Barbarians castelhano-brasileiro com jogadores e ex-jogadores de diversos clubes gaúchos e argentinos. O bando de "velhos" como brincou o Aldo era a turminha fraca aqui debaixo. Como se vê o gringo não estava brincando quando chamou o povo pra treinar no campo do Walkirians (time do Monstro, mas isso é outra história) em Ana Rech. Era jogo pra vencer. A tática do maul de 70 metros seria colocada em prática. Esse era o mote do time, além de, claro, muita cerveja e churrasco.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhggVdvAPXNEOHZ9P50CX47nUwn7SLGnRV7hnHeop2QEQ7Yg_ApHYvcbdmkLd5P3gihdRzvwrsygxGwudoYF7z1OPA5T2oV7-mSuozh9dsWyngbpNhAUzO3XTrPRnsj8tl5EfG081BPSCQ/s1600/484309_554220644591638_1665769108_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhggVdvAPXNEOHZ9P50CX47nUwn7SLGnRV7hnHeop2QEQ7Yg_ApHYvcbdmkLd5P3gihdRzvwrsygxGwudoYF7z1OPA5T2oV7-mSuozh9dsWyngbpNhAUzO3XTrPRnsj8tl5EfG081BPSCQ/s400/484309_554220644591638_1665769108_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Canfora - Os "velhinhos" do Aldo</td></tr>
</tbody></table>
Os Mamutes, o pessoal leve abaixo, não treinou nada. Quer dizer, eu não treinei. Nunca treinei com ninguém. Meu conhecimento de Rugby passava por torcer e acompanhar os jogos do Farrapos ou os jogos que passam na TV a cabo ou na Internet e correr com uma pizada de 6, 8 anos na pracinha perto da minha casa em Porto Alegre. Entrar em campo pra jogar XV ao lado de jogadores experientes, titular da seleção brasileira e muitos outros com larga bagagem, contra jogadores experimentados e inteligentes do outro lado, sem nunca ter treinado confesso que foi meio doido. Mas eu não tinha medo disso. Eu precisava jogar e, sendo pelo Farrapos, mais que uma necessidade, era um sonho. Algo me dizia que meu problema seria outro. Orientação espacial e coordenação pra acompanhar o grupo. Minha expectativa era: "Vou saber acompanhar as jogadas? Receber a bola e passar direito? Vou conseguir chegar direito num tackle? Dar assistência no ruck?" Eram muitas dúvidas concentradas em nenhuma experiência prática de jogo.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhj1AtZqQUVuHi9bDDM2ttoogf10kPViBGIasXj_wXZ89m5NomYPtPV4S-zSmAgIAZ7LVt7QuvTOoicfdwmotwQAAAJ2D4ogdFzLsNfaVCpeY_nieb784KDlO66m1n_SzRzPU2zGEM0_0/s1600/306016_420237228044425_961595098_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhj1AtZqQUVuHi9bDDM2ttoogf10kPViBGIasXj_wXZ89m5NomYPtPV4S-zSmAgIAZ7LVt7QuvTOoicfdwmotwQAAAJ2D4ogdFzLsNfaVCpeY_nieb784KDlO66m1n_SzRzPU2zGEM0_0/s400/306016_420237228044425_961595098_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mamutes - Scrum de uma tonelada</td></tr>
</tbody></table>
Antes de iniciar a partida o Tito, presidente do Farrapos, junto com os outros companheiros me deram uma aula rápida para minha estreia acontecer com segunda linha. Afinal, era um jogo-exibição, a brincadeira consistia em inverter backs e forwards. Tchê, vou te dizer, o scrum é uma máquina de guerra! Os segunda-linhas se apoiam um no outro e, cabeça enfiada entre duas bundas gordas, engancham no meio das pernas dos primeira-linhas e são prensados pela terceira linha para a frente. As orelhas saem queimando, o que me deu a resposta porque aqueles caras altões com camisas 4 e 5 usam scrumcaps. Eles têm amor pelas próprias orelhas.<br />
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Minha preparação pré-jogo foi passar duas horas tomando Fermet com Coca debaixo de um sol de 30 graus sob a orientação física e técnica de nosso treinador Leonardo Scopel, enquanto acompanhávamos os jogos de Sevens, feminino e masculinos juvenil e adulto. Não comi nada, com medo de usar o protetor bucal pela primeira vez e porquear na hora do jogo. Podem rir, mas ainda falta tempo pra aprender a correr e pensar com aquele lance na boca. Durante boa parte do jogo tirei da boca e guradei no calção. Era mai fácil pra respirar. Não é o certo e nem aconselho fazer, mas fiz.<br />
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A partida deu início e os caras vieram pra cima. Canfora dê-lhe tacklear e os Mamutes forçando no que tem de melhor: a primeira linha avançando na força. A vontade era tanta que o Gonza, artista do desenho e, entre outras obras, autor da camiseta "orgulho farrapo" do time de Bento Gonçalves, tackleou tanto que deslocou o ombro. Entende-se. Demos carona pra ele e era explícita a empolgação dele em jogar rugby com amigos argentinos depois de alguns anos. Na hora nem me dei conta. Sai de campo para que Mamutes fantasiados entrassem em campo e abrilhantassem a festa com humor e logo depois voltei. E que retorno.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAf-CA0gndyiIdiMmFswLotGCZrA8Cf3J3zJJWuRcYCyHPunDtCgh_XLvjoVElIYw8JtEoTMIo4NQBszOqsEnX5WVsNbDLTfWquCXjTvRn9cmBL0nTpiOlqjUcYhdLaZYzHDmeLICYe00/s1600/17984_120775464752532_1928083007_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAf-CA0gndyiIdiMmFswLotGCZrA8Cf3J3zJJWuRcYCyHPunDtCgh_XLvjoVElIYw8JtEoTMIo4NQBszOqsEnX5WVsNbDLTfWquCXjTvRn9cmBL0nTpiOlqjUcYhdLaZYzHDmeLICYe00/s400/17984_120775464752532_1928083007_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gonza - de Entre Ríos para o mundo, um valente</td></tr>
</tbody></table>
Num lateral na esquerda, eu posicionado na outra ponta, e o Canfora dá um chute em diagonal. A bola deveria ser minha. Furei. Ela picou e, como toda bola ova, traiçoeira, ao invés de sair pela outra lateral, voltou pro meio e um adversário pegou e afundou um try no nosso ingoal. A partir daí o jogo começou a pegar. Os mamutes jogavam em casa e não aceitariam a derrota. Minha participação no scrum foi pro espaço. Fiquei na linha, aguardando, sem ter habilidade pra pegar de centro e servir na primeira assistência no ruck, um ou outro mamute me indicava a ponta e segurar posição. Foi assim durante boa parte do 1º tempo. Eu tenntando subir e voltando correndo pra não deixar um buraco atrás. Me sentia meio inútil, mas sabia que um buraco, uma bola espirrada e era outro try deles. Acabou o 1º tempo e 12-5 pro Cânfora.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAco9Cd-50LSxk_gizqldHBcNsPIKqBTkIcoRwQsf2VjInRrY9GnoniKoiL4bCFtQxD5oWUEFpXzv8e0wFiLg2PsyHR4af21QbSz1V6RuLGtYYUXRNG0cuTtUVD44LpKzRw116ahFTEf0/s1600/28033_402517529817571_38083889_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAco9Cd-50LSxk_gizqldHBcNsPIKqBTkIcoRwQsf2VjInRrY9GnoniKoiL4bCFtQxD5oWUEFpXzv8e0wFiLg2PsyHR4af21QbSz1V6RuLGtYYUXRNG0cuTtUVD44LpKzRw116ahFTEf0/s400/28033_402517529817571_38083889_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcelo "Má Fama" Benvenutti mostrando toda sua destreza</td></tr>
</tbody></table>
Foi aí que entrou a astúcia de Scopel, o nosso <span class="st">'Graham Henri". Em uma audaciosa decisão, ignorando as ordens táticas que o Tito dava aos jogadores, serviu, tenho que contar para que o mundo saiba e estude, Gatorade com Fermet para nossos jogadores. Naquele momento eu tive certeza que viraríamos o jogo. Nenhum time de Rugby no mundo bebe tal mistura escabrosa sem que o destino lhes deixe de prêmio a glória dos escolhidos. O 2º tempo começou pegado e os Mamutes optaram pelo jogo de enfrentamento, no melhor espírito do Farrapos. Era ruck em cima de ruck, e eu, prensado entre alguém me dizer pra segurar na ponta ou cair nos rucks, ficava como barata tonta correndo pro meio e voltando pra lateral. No 1º ruck que cheguei confesso que espanei. Não sabia o que fazer. Nos seguintes chegava atrasado ou alguém com mais tino pegava a bola e gritava "libera Marcelo!" Daí em diante comecei a me jogar, mesmo sem nenhuma noção. Levei umas espinafradas, saí voando, convertemos um try e o jogo ficou no Canfora 12-10 Mamutes.</span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBAVb72zp64h2CxF0vMxU9NF6D3JIWSkYVCMPUTT-GnxZ-Apyx3lAcRV2T23V3SUnk_l79t8ZGdqJonk7M7_dFAGLlGYeLnzqqDidtg7BCRVxKzl_bvOdNpr2z1r2ypndjVWUsOD3igKw/s1600/297828_10151562835369418_785240610_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBAVb72zp64h2CxF0vMxU9NF6D3JIWSkYVCMPUTT-GnxZ-Apyx3lAcRV2T23V3SUnk_l79t8ZGdqJonk7M7_dFAGLlGYeLnzqqDidtg7BCRVxKzl_bvOdNpr2z1r2ypndjVWUsOD3igKw/s400/297828_10151562835369418_785240610_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fases intermináveis - Jogo de gigantes</td></tr>
</tbody></table>
<span class="st">Quando eu estava começando a pegar o jeito em me enfiar naquele bolo, e voltar correndo e marcar a lateral e pensar em duas ou três coisas ao mesmo tempo, o tempo que, parafraseando o poeta e jogador revelação dos juvenis do Farrapos, Lucas Mariuzza, é "como Nescau. Quando a gente vê, acabou." Depois de 877 fases o juiz marcou uma falta dentro dos 5 metros. A estratégia friamente calculada de Scopel chamou Lucas "Stent" </span>Brunelli para converter o penal decisivo. Mamutes do Farrapos 13-12 Canfora RC. O que veio depois, o chamado "terceiro tempo", é um segredo só reservado aos que adentram o gramado. Quer saber o que é? Pratique Rugby! Não vai te arrepender.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIZPQavdstPIl0IRIodyHaQkswVWI2u5C3LzKPuyRrc0cEFeGPTN9dUP6dFCwvygnrsYbs4fH-ffR5py3S_veEkzWjPHVJ6im7OzIL-mejiNoWRLtKk-I9_3KoLI-dnPLGFZXL18LD0Cs/s1600/302895_420308068037341_1624590494_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIZPQavdstPIl0IRIodyHaQkswVWI2u5C3LzKPuyRrc0cEFeGPTN9dUP6dFCwvygnrsYbs4fH-ffR5py3S_veEkzWjPHVJ6im7OzIL-mejiNoWRLtKk-I9_3KoLI-dnPLGFZXL18LD0Cs/s400/302895_420308068037341_1624590494_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">26 - na verdade nem exite na numeração do XV</td></tr>
</tbody></table>
Ps.: Agradeço a todos que de uma forma ou outra me ensinaram algo de novo. A todos fica a minha amizade e a certeza que quero aprender muito mais. E um agradecimento especial pra minha mulher, Betine, lá, sentada na arquibancada, escutando corneta em cima do 26 barbudo na ponta que não jogava nada e achando que teria que me carregar depois do jogo. O Lorenzo, meu filho, não. Pra ele tudo é festa! É um mini rugbier.<br />
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(fotos do Jornal Serra Nossa e de Diogo Filippon)Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-66067447944273447562012-10-04T01:07:00.000-03:002012-10-04T01:17:11.317-03:00Uma História de Rugby - Parte UmPosso dizer que tudo começou em 2007 por conta de nossa comadre, Milena Fischer, que na verdade não gosta e nem tem nada a ver com Rugby. Mas na época ela fez uma pauta sobre o bairro de Palermo em Buenos Aires, bairro de artistas, onde livrarias, lojas de moda de rua, bares, boêmia ativa que se perpetua sobre a capital portenha, e a Betine, como não poderia deixar de ser, ficou doida para conhecer a cidade, as lojinhas, tudo. Peso em baixa, Real em alta, fomos bem grandões passear por Buenos Aires, mas na verdade passaríamos quase todo o tempo em Palermo.<br />
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Na mesma época acontecia a Copa do Mundo de Rugby da França. Entre uma loja e outra eu observava as TVs ligadas e argentinos vidrados acompanhando os jogos. Claro que não era um público de futebol, mas observavam como se fosse um esporte tão compreensível quanto basquete, por exemplo. Eu ficava ali matutando, bebendo a jarra de Quilmes e tentando compreender porque no Brasil eu nem tinha notícia de Rugby. Pra mim era como se fosse um esporte fantasma. Muitos anos antes tinha lido uma matéria na Zero Hora sobre o Charrua, era algo tipo "um novo esporte surge em Porto Alegre", mas que não teve continuidade, claro.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh17vdu_4YLGPzeyE1h74BKvjLPpsEms3mfqRddfJZ2zu8HhnrixMPjVJfWy3QIRrfExE53essGFgQpnKJEodXwlTkRiDiZXuLLRNTOwQ1menIse1l0GH9uCR3TIFfioFCfJZer2mOIiCY/s1600/IMG_0065.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh17vdu_4YLGPzeyE1h74BKvjLPpsEms3mfqRddfJZ2zu8HhnrixMPjVJfWy3QIRrfExE53essGFgQpnKJEodXwlTkRiDiZXuLLRNTOwQ1menIse1l0GH9uCR3TIFfioFCfJZer2mOIiCY/s320/IMG_0065.jpg" width="320" /></a></div>
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Palermo 2007 - argentinos e o Rugby</div>
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Antes de voltar comprei uma El Grafico e tinha uma reportagem completa, com tabela e tudo o mais, sobre a Copa da França. Comecei a acompanhar os resultados pela internet. De vez em quando um ou outro jogo passava na ESPN, eu assistia, mesmo que sem entender muito, só pela diversão de ver aquele embolamento e o que à primeira vista parece uma pancadaria. Em 2009 o premiado Invictus de Clint Eastwood ajudou muito, apesar de o tema central do filme ser a luta pela igualdade em um país destroçado por uma ditadura racista, o Rugby é o elemento aglutinado que Mandela sabiamente utiliza durante a Copa de 1995.<br />
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Finalmente conheci o Farrapos Rugby, time da cidade de Bento Gonçalves, terra da Betine. Lendo e os jornais da cidade acompanhei o crescimento do time até que vencesse o 1º título estadual, e no ano passado, com o bi e a participação no novo Super10, campeonato nacional de Rugby XV. Resolvi, como sempre resolvo quando pretendo conhecer um determinado assunto, fazer um intensivo pela internet mesmo. Acompanhar os jogos da Heineken Cup na ESPN e a Copa do Mundo da Nova Zelândia também vieram em auxílio. Restava acompanhar em campo. Ano passado fui a um jogo da Copa RS onde o Farrapos perdeu para o Novo Hamburgo. Indiferente à derrota, o crime estava feito. De lá pra cá tenho acompanhado o esporte de forma vertiginosa, como um vício incontrolável, vício este que aos poucos vai consumindo a energia que eu dispendia acompanhando futebol e o Inter.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4rI0R07oYXHaSr1dij-fXZGYMZvpopYK8icIxdORKwAX4iqZEYxUthOC9n5hd4bZlq59Sfzvs9Vb3gq9CHnJUrgGiPk34n8ztKgR5sDuL2IkeTXpFo5N-kzolWnkWyc1P6EMnI0F2d_g/s1600/lorenzorugby052012+039.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4rI0R07oYXHaSr1dij-fXZGYMZvpopYK8icIxdORKwAX4iqZEYxUthOC9n5hd4bZlq59Sfzvs9Vb3gq9CHnJUrgGiPk34n8ztKgR5sDuL2IkeTXpFo5N-kzolWnkWyc1P6EMnI0F2d_g/s320/lorenzorugby052012+039.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Farrapos x Charrua no campo da BM - 2012</div>
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Após a copa de 2011 começaram os rumores da Argentina se juntar ao Tri Nation, competição dos grandes do hemisfério sul disputada entre Nova Zelândia, Austrália e África do Sul, e jogar contra eles algo previamente chamado Four Nations, mas que viria a ser Rugby Championship. Pois aconteceu. Quando saiu a tabela e o dia do jogo já pedi pra Betine marcar a parte das férias que faltavam pro fim de setembro. Eu tinha que assistir. Assistir Pumas x All Blacks seria como um Brasil x Itália de 1970. Impossível não querer estar lá. Comprei as entradas nos primeiros minutos do dia 7 de maio quando abriram as vendas pela internet. Estava feito. Não tinha mais volta. Quase cinco meses aguardando ansiosamente o grande dia.<br />
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Enquanto aguardava torci pelo tri inédito do Farrapos, acompanhei o Super10, os amistosos de fim da temporada europeia contra os países do sul, voltei a fazer musculação, correr e tentar voltar à forma física, nem que ainda seja a de um barril musculoso. Tudo isso é culpa de muitos fatores sendo que o principal deles é que o Rugby me fez acreditar em algo palpável, amizade e esporte, lutar pelos seus objetivos mantendo um código de honra e lealdade, quase um caminho do samurai (assistam Ghost Dog). Nada disso nasceu assim, do nada, foi um caminho que eu permiti se abrir na minha frente. Esse caminho teria que passar novamente por onde tudo começou: ARGENTINA.<br />
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Mas disso eu falo semana que vem na Parte Dois.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-60408393408395100292012-09-12T10:52:00.002-03:002012-09-12T10:52:42.367-03:00Lutando Contra os NúmerosUm blog como este, de um neófito no Rugby tentando compreender o esporte, poderia simplesmente se resumir a exaltar a beleza do esporte, que está além das jogadas, dos dribles de corpo, daquele chute que pega a defesa adversária desprevenida e resulta em um try dos mais saborosos. Ainda não chegamos na ebulição do Rugby no Brasil. Eu diria que a temperatura da fervura da subindo, mas ainda falta um tanto pra chegarmos no ponto de ebulição. Uns 10 a 15 anos que seja. Talvez até o fim desta década, quem sabe? Com a RugbyChampionship na Argentina os sul-americanos amantes do Rugby agradecem o incentivo.<br />
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Dia 01 de setembro o Farrapos jogava contra o SPAC em São Paulo. Pra mim que gosta de assistir futebol no estádio, no máximo na TV, mas não tenho paciência pra rádio ou internet, acompanhar pelo twitter é muita tortura. O Lorenzo já tinha nos programado naquele sábado de sol e temperatura agradável. Fomos no Museu da PUC (50 reais bem investidos, diga-se), depois um almojanta na Lancheria do Parque, a melhor de todas, e à noite, um piquenique à luz de velas no Parcão. Oito horas de diversão pela cidade de Porto Alegre. Enquanto isso rolavam e terminavam as quartas-de-final do Super10. Eu preferia não saber os resultados antes de chegar em casa.<br />
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Meus maiores temores se confirmaram quando abri o site <a href="http://www.rugbysuper10.com.br/">http://www.rugbysuper10.com.br/</a> . Tudo estava lá. SPAC 47-19 Farrapos. Não pelo placar, que muitas vezes no Rugby não significa o que foi o jogo. Sem ter assistido a partida me restam as estatísticas que o site fornece. Até os 19 do 2ª tempo o placar estava em 20-19 para o centenário clube paulistano. Quer dizer, nos últimos 20 minutos, o último quarto do jogo, é que foi decidida a partida. Mesmo que sem todos os dados e cruzamentos necessários, tentei concluir algo daquilo que como torcedor observo do Farrapos. Décadas de fanatismo futebolístico me fazem transpor para o o Rugby aquilo que observo no futebol. Retirar dos dados e da observação algo que me faça compreender aquilo que acontece em campo.<br />
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Pois bem, abri a 1ª lata de cerveja, coloquei os fones de ouvido, quando o Lorenzo me deixa escutar em paz, meus Happy Mondays, Noels Gallagher e Slades, e, sem pressa, entre uma lata e outra, colocar numa tabela o que observo e ver se os números fecham com com o que meus olhos teimam em acreditar: Que o Farrapos cai de produção no último quarto da partida. Não pensem que é uma crítica. Não! Longe de mim. Sei das dificuldades que um jogador que trabalha e estuda em tempo integral enfrenta, pagando pra jogar, pra treinar e chegar em um nível de rendimento de competição. Não tem vida fácil. E dentro deste enfrentamento os jogadores, a comissão técnica e os dirigentes se jogam de cabeça. O que aqui vou detalhar é apenas uma constatação.<br />
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Peguei os dados dos 7 jogos do Farrapos no Super10 de 2011 e os 5 jogos do Super10 de 2012. Fiz uma tabela dividida em quartos de partidas, de 20 em 20 minutos, 2 quartos por tempo. Depois estabeleci uma relação entre os anos e a pontuação, diferença de pontuação, trys a favor e contra, penals convertidos a favor e contra e punições (cartões amarelos e vermelhos). É o que o site me proporciona. Nos penals não se tem a informação de quantos foram cometidos ou de quantos forem chutados pra fora. Assim como não existem estatísticas de tackles, offsides, viradas, knockons, disputas de scrum ou de laterais. Talvez alguém com mais tempo livre e tendo os VTs pudesse fazer este levantamento (acredito que alguém faça isto, apesar de ser um trabalho exaustivo).<br />
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Nos 7 jogos de 2011 a média de placares do Farrapos foi 15-32. Em 2012, em 5 jogos, 15-33. Praticamente inalterada. Em 2011, 61% dos pontos foram convertidos no 2º tempo; Em 2012, 60% no 1ª tempo. Em 2011 não existiu grande variação nos pontos sofridos, a média entre os quartos variou de 7 a 9 pontos contrários. Já em 2012, 60% dos pontos foram sofridos no 2º tempo, sendo 36,5% no último quarto. Uma varição de mais de 40% em relação à 2011. Enquanto em 2011 a maior variação de pontuação era o time perder por 5 pontos de diferença no 1º quarto e depois baixar a diferença, em 2012 o Farrapos, na média, perdeu o 1º quarto por UM PONTO, o 2º por 2, o 3º por 3 e o último por DEZ pontos. Um decréscimo na pontuação quase exponencial da equipe nos últimos 20 minutos. Na média a equipe perdia por 11-24 faltando 20 minutos e em 2012 perde de 13-21. De 13 para 8 pontos de diferença. Estes 5 de diferença são sofridos nos últimos 20 minutos.<br />
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Esta diferença de evidencia quando observamos que 2/3 dos tries eram convertidos no 2º tempo em 2011 e em 2012 são convertidos no 1º tempo. Mas se decaiu os tries de um tempo para outros, porque a diferença na média continua a mesma? Porque quase quase metade dos tries (48%) são sofridos no último quarto da partida. Como as penalidades convertidas caíram na mesma proporção, o que considero uma evolução do próprio Super10, mais experiência e intercâmbio, menos penalidades, e os cartões do Farrapos caíram para menos de 25% do que recebiam o ano passado, demonstrando uma evolução técnica e de conhecimento das regras da equipe, a única explicação plausível para este decréscimo da produção, tanto ofensiva quanto defensiva, do Farrapos nos últimos 20 minutos, pra mim, deve-se muito mais ao estilo de jogo proposto que propriamente a uma falta de preparo físico mais acentuada.<br />
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Obviamente, como leigo, me atenho ao que apreendi do esporte como observador nos últimos 5 anos e do que vejo quando assisto aos jogos da arquibancada (mas a TV e a Internet também me ajudam nestas horas), possa estar errando em minha conclusões. Ainda me confundo, e muito, nas funções de cada jogador em campo. Enquanto a maioria admira principalmente os 1ªas linhas e o abertura, me ligo nos fullbacks, nos que dão o 2º combate e nos atravessadores. Nada mais natural pois quando jogo futebol quero jogar no desrame, na destruição e largar a bola para os outros. Minha natureza é destruidora e sempre tendo a admirar os pedreiros em vez dos arquitetos, apesar de saber que são estes que finalizam.<br />
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Resumindo, que já avancei demais nos números, o Farrapos é uma equipe fisicamente muito forte, a mudança de jogadores do Super10 de 2011 pra 2012 foi na base de uns 40%, mas a equipe titular este ano é relativamente mais jovem, logo não seria o físico uma influência determinante, mas sim a escolha de um jogo forte no scrum, nos rucks, nos volantes, apostando em agredir e segurar o adversário nos primeiros 40 minutos e fazer diferença. É um estilo argentino, que é logicamente influenciado pelo rugby europeu, o britânico principalmente. Eu gosto. Mesmo prefiro os Pumas aos Wallabies, mas gosto dos Bokkes e não tenho como não admirar o Rugby total dos All Blacks, mas essa escolha, certa ou errada, confronta com um outro estilo, do drible de corpo, da velocidade e da troca rápida e precisa de passes. Acredito que resta ao Farrapos encontrar o equilíbrio, que virá com o tempo, de saber manter sua personalidade, que o diferencia no Rugby nacional, com velocidade e técnica nos momentos cruciais de cada partida.<br />
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Sábado, dia 15/09, tem mais. Contra o Curitiba fora de casa é a semifinal do 5º lugar. Para o Farrapos vencer já o colocará em uma patamar mais alto que em 2011. Lutando contra o números. Do começo ao fim. Em frente!<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg2B-x4S9lylMzhhiUI1P1GECityo6PgjGcPhaNtHuCmtGFskXGRDLFEEO1OsnDQgbN-bz6urj-k-eC_MBQTZhUeEVaAE4GtzErojaP0x_ps1HpZ8Rvr1h9tviSJFEXBYAZPx6wysm2yg/s1600/curitibafarrapos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg2B-x4S9lylMzhhiUI1P1GECityo6PgjGcPhaNtHuCmtGFskXGRDLFEEO1OsnDQgbN-bz6urj-k-eC_MBQTZhUeEVaAE4GtzErojaP0x_ps1HpZ8Rvr1h9tviSJFEXBYAZPx6wysm2yg/s320/curitibafarrapos.jpg" width="226" /></a></div>
<br />Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-84875713405073664782012-09-06T05:51:00.001-03:002012-09-06T05:51:50.448-03:00Sábados de Rugby<a href="http://www.maesaobra.com.br/2012/08/30/sabados-de-rugby/">Sábados de Rugby</a>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-50704352124919355182012-08-21T03:07:00.003-03:002012-08-21T03:07:34.711-03:00O FILHO DE JOOntem finalmente consegui assistir o filme que tinha gravado contando a história de Tom, um garoto do sul da França, que gosta de rugby mas se vê forçado pelo pai a ser o melhor para seguir a tradição centenária da família Canavarro de jogadores de Rugby pelo RC Doumiac.<br />
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O diretor do filme, Phlilippe Guillard, é também um ex-jogador de rugby do Racing Club, empreendeu este filme de 95 minutos e custo de 2,5 milhões de euros em 2010, sendo lançado antes no sul da França, tradicionalmente a região onde o rugby é muitas vezes mais forte que o futebol, no final de 2010.<br />
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O pai de Tom, o Jo do título, interpretado pelo reconhecido ator na França, Gerárd Lanvin, viúvo, criou sozinho o filho enquanto batalha, sem sucesso, para pagar as dívidas e manter o sonho do clube de rugby da família. Ajudado por Pompom, interpretado por outro ex-jogador de rugby, do Stade français, entre outros clubes, Vincent Moscato, que é um agregado e melhor amigo de Jo, Chinês, um mulherengo ex-jogador do Doumiac que traz para ser treinador um verdadeiro all-black, outro ex-jogador atuando no filme, tenta montar um time, mesmo que no começo à revelia de seu filho, Jo, com quem mantém uma relação conflituosa.<br />
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É um filme comercial, óbvio, mas um filme comercial francês. Quando tudo poderia descambar pra pieguice, o humor e as grosserias típicas dos franceses, dão a tônica do filme, que além de ser uma apologia à irmandade que se cria no rugby, é também a história de aproximação, auto-conhecimento e descobertas entre pai e filho. Vale cada minuto da uma hora e meia. Pra quem gosta de rugby e é pai, como eu, é um prato cheio e temperado. Assistam!<br />
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Abaixo o trailer legendado</div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/C0f88rQ-1iA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-10909498558917648112012-07-30T05:16:00.003-03:002012-07-30T05:16:41.787-03:00A LUZ E A SOMBRA<br />
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Em Porto Alegre o dia amanhecia gelado e nebuloso.
A cerração baixa fazia com que os automóveis ligassem os faróis.
O dia se deixava vislumbrar sombrio, mas à medida que subíamos a
serra até Bento Gonçalves a temperatura subia e o sol se abria com
toda a força que consegue manifestar em uma manhã de julho abaixo
dos trópicos no hemisfério sul. Certo que cochilei após o almoço
e decidi, sozinho, caminhar até a Montanha. Um porto-alegrense de 41
anos, que visita regularmente Bento desde 2004, mas ainda não
conhece os atalhos para fugir das piores lombas, como carinhosamente
chamamos subidas íngremes aqui pelas bandas do paralelo 30. Pouco
mais de um mês depois de voltar à uma academia e aos treinamentos
na musculação, atividade que me dediquei regularmente de 1999 até
2005 e que abandonei para me dedicar a outra atividade, bem mais
onerosa e cansativa, mas recompensadora em todos os sentidos, a de
ser pai do Lorenzo, fui eu, passada forte, encarar os sobe-e-desces
da capital do vinho gaúcho.</div>
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Na metade da segunda lomba, a mais íngreme de
todas, ao lado do estádio da Montanha (porque vocês acham que ele
tem esse nome?), literalmente botei os bofes pra fora. Os gritos da
organizadas do Farrapos, os Los Farrapos, uma língua rollingstoniana
verde é o seu símbolo, me impulsionaram a encarar a segunda metade
da subida, já implorando para chegar ao final dela vivo. Inteiro eu
não estava. Fui direto ao bar e, como nunca, pedi uma garrafa de
água. Sem gás. O blusão de lã que antes me aquecia agora me
sufocava. O gás me faria explodir.. Olhei para o placar que marcava
3-0 para o Farrapos contra o Desterro, a vibração que me deu forças
para terminar minha via crucis de torcedor de Rugby, a água
recobrando minhas forças e o caminho até às velhas arquibancadas
do antigo estádio de futebol.</div>
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O sol, forte como nunca em uma tarde de julho em
Bento, esquentava a partida, e o Desterro, se aproveitando de uma
desatenção, a primeira da tarde, da linha farrapa, marcou o seu
primeiro try, não convertido, e estabeleceu o 5-3 no placar. O
Farrapos estreava sua camisa alusiva a Revolução Farroupilha, num
jogo contra um dos dominados da revolta gaúcha do século XIX, era
como se o passado viesse assombrar os generais rebeldes. O sol quente
era um aviso dos céus, impenetrável. O grupo rio-grandense tentava
manter a pegada e jogar com a contundência de quem se exibia em
frente ao mais fiel público de Rugby do Super10. A barra pulava e
cantava sem parar, os bumbos espoucando e dando ritmo ao time. Do
outro lado do estádio, a torcida aparentemente mais calma, formada
por familiares, crianças e muitos curiosos, alguns até sem nem
mesmo compreender muitas das regras do esporte bretão, gêmeo
bivitelino do futebol, gritava incentivando o clube a buscar seu try.</div>
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Impulsionado pelo sol o Desterro chegou ao segundo
try enquanto o Farrapos se desgastava em tentativas frustradas de
tries, fases sobre fases, rucks sobre rucks, o time catarinense
chamando as forças do Império e, estrategicamente, fugindo dos
scrums farrapos, base de sua força e prevalência moral. E assim o
primeiro tempo terminou, 10-3 para o Desterro. Decidi, como todo bom
supersticioso, trocar de lado de arquibancada. Obviamente não
influenciaria em nada no resultado da partida, como também a
torcedora de seus 60 anos não alteraria nada, casaquinho em punho,
berrando na grade, “vamos farapo”, com a entonação e os erres
característicos da fala do povo de Bento. Eu, já só de camiseta,
aproveitava o curto intervalo para armazenar minha mente de álcool,
única decisão sensata para espantar o azar, ou a noção de
realidade, e deixar com que as sombras das nuvens que se amontoavam
abaixo do sol iluminasse os jogadores do Farrapos. E assim foi.
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Mais consistente, brigando por espaços e
batalhando à gaúcha, corpo-a-corpo intenso, avançavam sobre as
forças imperialistas, quer dizer do Desterro, Garibaldis empurrando
um navio pelas dunas de Laguna, as nuvens trazendo um pouco do clima
gélido das plagas nos fins de julho, e o astro-rei, obviamente
monarquista, se contorcia à busca de um Caxias para lhe ajudar a
aniquilar as forças de Bento Gonçalves. Enquanto as forças das
sombras dominaram a Montanha, o Farrapos voltou a ter mais posse de
bola, marcar em cima as tentativas de contra-ataques rápidos do
Desterro, e impondo um try convertido e forçando, dentro da linha
dos 22, os catarinenses a cometerem falta. Um adversário pressionado
sempre comete mais faltas, pois no Rugby, o que parece simples não
é. Claro que a qualidade do passe é importante, a inteligência nas
mudanças de lado, nas quebras de linha, nos dribles, na jinga, a
arte de escapar tal qual um muçum, peixe escorregadio da região e
nome de uma cidade próxima, mas a marcação, a defesa, exige
atenção máxima, o olhar fixo, como a esperar para dar o bote certo
no tackle, a corrida no momento certeiro e a aposta na
imprevisibilidade da oval ao tocar o chão em sua trajetória
irregular e ao mesmo bela.
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A bola de Rugby é como aquela mulher, tentadora,
persuasiva, que nos faz correr atrás dela como bobos. Parece que vai
para um lado e vai para o outro. Resvala, nos faz cometer erros
imperdoáveis, cai para frente, tonto, o jogador tateia no espaço
vazio à procura da bola e ela, zombeteira, cai em mãos alheias. Nos
breves momentos em que a colocamos embaixo do braço, aconchegada sob
a asa, ela é nossa, de mais ninguém. O try orgasmático da vitória,
como se fosse um esperma insano tentando adentrar o óvulo matreiro,
a oval só atinge seu objetivo quando prensada sobre o ingoal
adversário. Só assim, subjugada, ela se entrega e beija o solo, até
a próxima jogada, quando volta a ser como sempre foi. Traiçoeira.
Imprevisível. Desafiadora.
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O 13-10 a favor no placar acalmava a torcida que
agora cantava a pleno. A torcedor sessentona aliviada, sentava-se a
observar. Parecia questão de tempo segurar as investidas do time de
Florianópolis e tentar converter um try ou um ou dois penals para,
pelo menos, garantir a vitória, mesmo que mínima. Mas as sombras
que traziam o frio se desformaram, assim como as forças da defesa
farrapa, e Bento Gonçalves começou a sofrer as baixas de um
exército que se exaurira numa ferrenha batalha corporal. Os
jogadores catarinenses se aproveitavam destes momentos e disparavam
pelos flancos da linha de Bento convertendo trys na metade do segundo
tempo. A torcida, como que pega de surpresa, tentava reagir com
gritos esparsos. O sol era negro e as sombras se perdiam no
horizonte, A tarde quente trazia o desalento do silêncio ao apitar
final do juiz. O Farrapos ainda lutava, como em tantas outras vezes
naquela partida, por um trabalhoso try de fases, frustrado por um
erro, um knock-on, embolamento que cega o árbitro, a oval que beija
outro na saída da festa. 27-13, ponto bônus para o Desterro e a
certeza que algo poderia ter saído melhor.</div>
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Um resto de cerveja quente amargava na minha lata.
Restava-me juntar aos soldados combalidos e, entre abraços e
demonstrações de amizade, sorrir na desgraça. Os verdadeiros
amigos se conhecem na derrota. Quem vive sempre sob o sol não sabe
que é nas sombras que se encontram forças para seguir em frente.
Nos meus delírios noturno se desenhava a verdade do Rugby no fundo
do copo. Saber que não escolhemos amigos ou inimigos, mas escolhemos
as ideias com que farão com que uns sejam amigos e outros, não.
Quem escolhe o Rugby não escolhe inimigos. Que venham os paulistas!</div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-28834432001604585532012-06-19T10:08:00.002-03:002012-06-19T10:12:58.895-03:00FRIO, RUGBY E CERVEJA - A CONQUISTA DO TRIChegamos cedo na Montanha, eu e a Betine. Olhar as camisetas da tenda da Sul Back, que fornece o material esportivo do Farrapos, tomar uma cerveja, encontrar os amigos e se acostumar ao ambiente de decisão. Na preliminar o Sanm Diego vencia o Novo Hamburgo por 27-10, no final venceria por 30-22, e seria coroado com o terceiro lugar no pódio do Gauchão de Rugby. Quando perguntado o que achava da final por um torcedor mais confiante do Farrapos, respondi: Vai ser encardido. Antes não tivesse dito. Foi. Mas, antes das emoções da partida, cabe falar mais um pouco sobre alguns aspectos do companheirismo, até certo ponto, claro, pois também tem um título em jogo e ninguém gosta de perder, ao lado da arquibancada principal do estádio, coberto por uma lona, era assado um churrasco de chão, costelão e paletismo virado contra as brasas rentes ao píso, aguardando o terceiro tempo, tradição do esporte, momento em que os adversários de campo confraternizam abaixo de, quase sempre, muita cerveja, e no caso brasileiro, muita carne. <br />
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De um ano pra cá entrei numa espiral de acompanhar o esporte que já teve duas consequências. Uma é me tornar referência entre os amigos e conhecidos que não sabem nada do esporte. A segunda é começar a sofrer com o estranhamento sobre o porquê de alguém que até alguns anos atrás falava só de futebol e agora falava mais da metade do tempo sobre Rugby. É complicado explicar sem que se conheça o esporte antes. Primeiro reação, óbvia, e preconceituosa, é que é um esporte violento. Não é. É tão ou mais violento que o futebol. Obviamente é mais violento que o vôlei, um esporte quase sem contaTo, mas todo o esporte coletivo de contato, futebol, basquete (que não joguei nada durante alguns anos na infância) e Rugby, entre outros, envolve a disputa pela bola e pela posse de espaços no campo ou na quadra. É uma disputa de território. O que diferencia o Rugby é na disputa pela bola a possibilidade de se derrubar, tacklear, ou empurrar, num ruck ou num scrum, o adversário para dentro de sua meta. Só. Mas existem regras para isso. Não se póde ultrapassar a "linha inimiga", uma linha imaginária atrás do pé do último homem de sua própria linha. Nãso se pode invadir pelos lados. Não se pode pegar o jogador sem os pés no chão (no ar), derrubá-lo sem a posse de bola (aqui uma diferença crucial do futebol americano), impedir o avanço da jogada com obstruções (como no futebol). Enfim, existem regras. E posso garantir que, independente de falhas da arbitragem, que existem em qualquer esporte, as regras no Rugby são mais seguidas que em muito esporte que proclama a arte, mas também estimula e premia a falcatrua.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ1UHUNSqmR5QuEMIoFOkvjUaSJ1bAgv4MndskP5oifvQnqLFUqdvqXaS7SFQzZitWcgk4So9OfnpGHcIvIpMqb6KpQvPUf7XzXdGQfyaZz9Q3NKSg8uOZdvqoSon8tXwLTPHPgyXPSWQ/s1600/rugbytri062012+018.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ1UHUNSqmR5QuEMIoFOkvjUaSJ1bAgv4MndskP5oifvQnqLFUqdvqXaS7SFQzZitWcgk4So9OfnpGHcIvIpMqb6KpQvPUf7XzXdGQfyaZz9Q3NKSg8uOZdvqoSon8tXwLTPHPgyXPSWQ/s400/rugbytri062012+018.JPG" width="400" /></a></div>
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Imagem geral antes do começo da partida, </div>
<div style="text-align: center;">
fumaça do churras ao lado da arquibancada.</div>
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O jogo mal começou, falo de memória, acredito que aos 10, ou 12 minutos, da primeira etrapa, o Charrua pressionando desde o início e jogando o Farrapos contrra o seu próprio campo, deixava evidente que queria largar, e logo, com um try De Daniel Blanquito sobre a até então no campeonato invencível defesa de Bento. E foi assim que depois de muita briga, empurrões, na base da força mesmo, que o Charrua escapou da marcação farrapa e meteu um try que desnortearia por algum tempo o time da casa. O Farrapos demorou a conectar no jogo, mas aos poucos foi tentando reativar seu característico jogo de chão e scrum que muitas vezes foi o diferencial em suas vitórias mais suadas. Forçando o erro do adversário e tentando se aproximar do ingoal índio o Farrapos, armando uma jogada pelo meio, dividiu a a atenção adversária e sobrou para Scopel acertar um drop goal e diminuir a diferença para 5-3. Uma leve garoa começou a baixar a temperatura gradativamente, de um clima ameno passou em menos de meia hora para um clima nebuloso e frio, ou seja, virou o tempo entre a metade do priomeiro tempo e o intervalo. A bola, já de difícil domínio nas disputas aéreas por ser oval, ficava ainda mais fora de controle com a umidade.<br />
<br />
A partida seguia perigosa para o Farrapos, com o Charrua sempre forçando uma escapada de contra-ataque pelas laterais, mmas também com muita combatividade no chão e nas tramas pelo meio de campo, com ligeira vantagem para o Farrapos, forçando o Charrua a ter que disputar a bola no limite. E, no Rugby, quando alguém tem que disputar pore muito tempo a bola no limite, acaba cometendo faltas, seja invadindo a formação inimiga. Quando a partida já estava nos acréscimos, o Charrua cometeu uma penalidade. Scopel não perdeu a oportunidade e converteu os 3 pontos quase da intermediária. Farrapos 6-5 e um intervalo nervoso e vibrante entre as torcidas que faziam a festa na Montanha. Enquanto a Betine aguardava na fila do banheiro, mulheres com frio ávidas por um vaso sanitário, peguei mais uma cerveja e fiquei conversando com o Diogo Filippon, repórter e fotógrafo do Leouve (reportagem com fotos no<a href="http://www.leouve.com.br/ultimas/item/1925-farrapos-%C3%A9-tricampe%C3%A3o-ga%C3%BAcho-de-rugby" target="_blank"> link do site </a> ) e ainda não acostumado com os intervalos mais curtos no Rugby que no futebol, olhei pra dentro do campo e já tinha iniciado a segunda etapa. Mal me ajeitei na linha de fundo, colado na grade, e o Farrapos cometeu uma falta e sofreu 3 pontos num penal bem cobrado pelo Charrua. 8-6. Começava o martírio da torcida de Bento.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-hJw9NbRT_ROn_jMdZ4KXOd3bRsZr0eQjCcSpCpS9ETO5NthTS3oG78pCgr1cs-tEv9L7mvRo79A9h5F9PB0ejYicNoeYKvcdnEv1hSi-QpK4NFPMvDZ4aFBWfcVdPf0EmsXnubJHM8/s1600/rugbytri062012+020.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq-hJw9NbRT_ROn_jMdZ4KXOd3bRsZr0eQjCcSpCpS9ETO5NthTS3oG78pCgr1cs-tEv9L7mvRo79A9h5F9PB0ejYicNoeYKvcdnEv1hSi-QpK4NFPMvDZ4aFBWfcVdPf0EmsXnubJHM8/s400/rugbytri062012+020.JPG" width="300" /></a></div>
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Lateral cobrada para o Farrapos, primeiro tempo, </div>
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time de Bento em desvantagem.</div>
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A torcida do Charrua, animada e vibrante, cantava e se fazia ouvir pelo estádio. A torcida farrapa gritava e fazia uma baderna do bem na arquibancada contrária. A Betine, nervosa, ficou fumando sozinha atrás de um H enquanto eu fui pra grade. Não consigo ficar sentado assistiundo quando encarde um jogo. Eu vou pra grade. Larguei bandeira e fui lá na lateral acompanhar as jogadas. Dava vontade de entrar em campo e empurrar junto aquela bola pra dentro do ingoal porto-alegrense. Culpa da Betine, eu, um porto-alegrense maldito, com o mais grudento sotaque das Osvaldo Aranha da vida, ali, torcendo contra minha própria "pátria", mas fazer o que? Essas coisas de paixão esportiva não têm lógica. Minha bandeira da barra foi pra banha, alguém levou pra fazer festa. Um sujeito que observou só disse: "É 2011, amigo. É assim." Nem questionei falar pra ele que já estamos em 2012. O Farrapos forçava, como sempre, e tentava cavar um buraco na forte defesa charrua, sem sucesso, restava forçar o erro. Numa bola na meia-direita o Charrua cometeu a falta, o jogo já descambava, natural para um final, para o nervosismo e os afagos de parte a parte. Scopel se preparou, poderia ser a virada, e quando ele tocou na bola na hora vi que aquela tinha ido muito mal. E foi. Nem chegou na linha dos 5 metros. Mais um tempo, o relógio passando,quase 30 do segundo tempo, e mais uma falta pro Farrapos.Quase frontal. Scopel ajeitou e o meu lado da arquibancada vgiobrou como se fosse um chute certeiro. Mas os bandeirinhas nem tchum. Foi por fora do H. Continuava 8-6. Até que faltando 7 minutos para o final, o Farrapoos conseguiu empurrar a linha adversária para perto de sua meta, e na imposição física, fez um histórico try quase rente ao chão. Try de Pequeno e uma conversão, dessa vez, em cheio, de Scopel. Farrapos 13-8. Restava ao Charrua partir pro try, agredir, e vender caro a derrota, como vendeu, jogando até o último instante, em cima do Farrapos, e valorizando, e muito, o inédito tricampeonato do caçula dos campeões gaúchos, 5 anos incompletos e já maior campeão regional e único representante do estado na elite nacional.<br />
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Festa da barra Los Farrapos! Loucura!</div>
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Festa nas arquibancads, foguetório, sinalizadores, rolos de papel higiênico voando, o garrafão de vinho pulando de mão em mão, a gurizada em cima da grade, a foto Amado Batista tremulando (alguém me explica qual o significa do Amado Batista pra barra farrapa), invasão de campo, foto com todos pulando, se jogando chão, loucura geral. Depois a entrega das premiações, algum resmungo com a arbitragem, a meia-boca, mas eu não notei nada e não acredito que a arbitragem tenha interfeirido no resultado, reportagem da TV em campo, já que a prometida transmissão ao vivo não rolou, a reportagem para os programas de esporte se fez presente, o churrasco fumegando na lateral cerveja e champanha rolando de mão em mão entre os jogadores, tanto vencedores quanto vencidos e o terceiro tempo que se avizinhava. Pra mim e pra Betine o terceiro tempo seria à noite, no Ferrovia Cult, bar que tem a mesma idade que o Farrapos, cerveja, rock e os amigos falando bobagem, Betine bebendo na taça pra dar sorte, eu derrubando a cerveja da mesma, e a certeza que estamos vivendo dias históricos desse esporte que um dia será grande no Brasil. Podem acreditar e me cobrar. <br />
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Betine bebendo na taça. Rumo ao tetra?</div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-32212227757913356942012-05-22T04:24:00.000-03:002012-05-22T09:04:05.717-03:00NÃO TEM MAIS NINGUÉM BOBO NO RUGBYDias tentando reativar o blogue e não me sobra tempo nunca. E quando sdobra tempo o Lorenzo me rouba a atenção. Mas agora, pra dizer a verdade, não tem nadea a ver com Rugby, ou tem, mas baixei o show do Black Sabbath do dia 19 de maio em Birmingham, cidade do Aston Villa e onde, obviamente, se joga Rugby, tanto Union quanto o League.<br />
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Pois bem, nesses tempos de Heinekens Cups, Premierships e quetais, o Gauchão de Rugby chega nas semifinais. O Rugby brasileiro não tem um calendário intenso como o europeu ou dos gigantes do hemisfério sul, e vale lembrar que o Rugby é um dos únicos esportes coletivos que as potênciasd mundiais se encontram no sul do mundo, se não for o único. Mas as federações e os clubes vestão cada vez mais ágeis pra transformar e revolucionar no Brasil. Parece papinho de entusiasta, eu sou um, mas pra quem acompanha todos os dias, nem que seja quase que só pela internet como eu, é notório o crescimento do esporte.<br />
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A receita de patrocínios da CBRu, a CBF do Rugby, pra simplificar, quintuplicou nos últimos 2 anos. Mesmo assim se encerra em pouco menos de 7 milhões de reais, mas já é o suficiente para os clubes jogarem o Super10, a principal competição nacional de clubes, com viagens e estadias subsidiadas. As tabelas são curtas. No caso do Super10, por exemplo, são 5 rodadas em dois grupos de 5, quartas-de finais, semifinais e finais, todas em jogos únicos. Oito datas no total. No Gauchão de Rugby são 4 datas na fase inicial e mais duas nas finais, sempre só com jogos de ida. Um time como o Farrapos joga 14 partidas nos seus dopis prinicipais torneios de XV. Depois tem a Copa RS, uma análoga da Copa RS de futebol, onde os times de todas as divisões gaúchas jogam entre si, são só duas, e os times que jogam as copas nacionais, no caso gaúcho o Farrapos e o melhor colocado no Gauchão de 2012, muitas vezes jogam com uma equipe B.<br />
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Resumindo, com alguns amistosos espaçados, tudo se resume a no máximo 18 ou 20 datas por ano. No resto do tempo é treino e treino, como os jogadores conseguirem treinar, afinal, infelizmente, ninguém vive de Rugby e a popularização do Rugby no mundo, a partir da liberação da profissionalização em 1995, fez com que o esporte deixasse de ser um esporte elitista (uma das causas de sua não-expansão mundial tão avassaladora quanto o futebol, apesar das carcterísticas que o tornam um esporte atraente, disputado e emocionante). Depois dessa minha explanação, breve, e incrivelmente regada com uma prosaica lata de cerveja preta (Boehmia, é boa pra tomar meio morna, como se fosse café), vamos ao que interessa: O jogo no estádio.<br />
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No dia 2 de maio fomos eu, a Betine e o Lorenzo, assistir e torcer pelo Farrapos contra o Charrua no Campo da BM, na Aparício, do lado Presídio Central. O campo é curto, quer dizer, é um campo de proporções pequenas de futebol, não acho que tenha os 100 metros de um campo de Rugby, tanto que o in goal parecia ficar aquém do H, o que confundia quem assistia das arquibancadas, confortáveis no "setor camarote". Confortáveis quero dizer, com cobertura. Arquibancada de concreto, como todo bom estádio de futebol das antigas. Nos aglomeramos no que certamente é a tribuna das autoridades quando tem alguma atividade da Brigada Militar. A marcação do campo é péssima, as linhas de 22, meio campo e de 5 metros quase invisíveis, e a área do in goal, muito curta, propícia para que alguém se arrebente numa disputa mais descontrolada em pedaços de concreto e outros obstáculos que se encontram atrás de onde normalmente se joga futebol, portanto, onde não tem jogo. Dos Hs nem vou falar porque se as goleiras não tem 3 metros não vou esperar eu que os Hs tenham os quase 4 metros necessários pra se ter uma boa visão, pelo menos pra quem assiste das arquibancadas, se um penal ou conversão passou entre os postes ou não.<br />
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De cara, chegamos atrasados, o Charrua marcou 3 pontos em um penal. Logo após o Farrapos igualou a partida, que seguia muito brigada, mas com o Farrapos tomando a iniciativa dos ataques e jogando o Charrua para dentro de seus domínios, tanto pela imposição física, característica do time de Bento Gonçalves, quanto pela rápida troca de passes entre seus jogadores. A cada partida o Farrapos vem se alterando em jogadas cada vez mais rápidas na troca de passes, o que deve ser fruto de treinamento e ensaio, claro. O try não demorou a surguir, brigado, pelo flanco esquerdo do ataque do Farrapos. Sem a conversão o primeiro tempo fechou em 8-3 para os serranos.<br />
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Na segunda etapa, pressionado por sua torcida que compareceu em bom número, para um jogo de Rugby, cerca de 300 pessoas,o Charrua se jogou para a frente e foi truncado pela defesa farrapa, quase não conseguindo chegar nos 22 do time de Bento. Depois de muito tentar por baixo, o Charrua começou a abusar dos chutões e apostar no erro do adversário. O clube de Porto Alegre lutou duramente, mas numa escapada pela esquerda, de novo, um belo try do Farrapos, e com pouco tempo de jogo, depois da conversão, restou aos porto-alegrenses honrosamente apostar em mais um penal e diminuir a diferença pra honrosos 15-6. <br />
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No último sábado, 19, enquanto o Sabbath se preparava para voltar dos mortos, eu e o Lorenzo nos dirigmos para o mesmo estádio, da BM, para assistir oq ue parecia ser outro duro confronto do Gauchão: Farrapos vs San Diego. Acordei cedo, cedo pra mim, antes do meio-dia de sábado. Enquanto boa parte do resto do mundo se preocupava com Chelsea x Bayern, eu me preocupava com Leinster vs Ulster. Nem trive tempo de pensar em torcer para um dos dois, apesar de pender mais para a Irlanda católica. O Leinster deu um show já na primeira parte do jogo com Brian O'Driscoll e Sean O'Brien, um servindo o jogo e o outro atropelando a defesa do time norte-irlandês. Apesar de chegar a 14-24 na segunda etapa, o Ulster não siportou a pressão e levou 42-14 no lombo, deixando a festa para seus irmãos sulistas.<br />
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Para o estádio levei suco, água, bolachas, salgadinhos e, para voltar no tempo, uma sacola de bergamotas. Como é bom assistir a uma partida do esporte que se gosta comendo bergamotas. Chegamos cedo mas o horário da partida, incerto na página da federação gaúcha, a FGR, era 15h30. Assistimos um try e pensei, bom, dei sortte. Quando está o jogo? Perguntei para alguém próximo. 22-0 sem a conversão. O jogo, que para mim parecia encardido, não tinha chegado ao primeiro quarto e já estava em distantes 22 pontos de diferença. Aos poucos fui descobrindo o porquê. Não que o San Diego não lutasse, lutava, mas o Farrapos jogou uma partida quase perfeita. Não deu sossego nas formações, roubou bolas em rucks, destruiu scrums e se saiu muito bem nos laterais, algo que me preocupava, pois quando assisti os jogos não achava o Farrapos tão bom nos laterais. O primeiro tempo terminou em 34-0 Eu contei 6 tries e 2 conversões.<br />
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No segundo tempo não seria diferente. O Farrapos fazia trys tão rápidamente quanto eu e o Lorenzo devorávamos bergamotas. Em certo momento, uma penalidade no meio campo e o Scopel do Farrapos colocou no tee. Pensei, "bom, vai chutar daí"? Foi bonito de ver porque a bola vou certeira no H, uns 40 metros de distância (se exagero, me desculpem, mas sou torcedor também). Coghetto, pra individualizar, se não vocês vão achar que não sei o nome dos jogadores, sei de alguns, mas ainda falta know-how pra decorar nomes como decoro no futebol, distribuiu bem no meio, e o jogo de mão do Farrapos contribuiu, com jogadas ensaiadas, inversões e velocidade, a estabelecer inacreditáveis 70-0 no San Diego. Eu, que considerava o Farrapos favorito, mas imaginei que a diferença ficaria no máximo nuns 10 pontos, calculei, de cabeça, 11 tries, 6 conversões e um penal, o dos 40 metros. Uma tarde histórica no Partenon.<br />
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Não posso engambelar por aqui e não admitir que o Farrapos é favorito para as finais. É. Pega o Novo Hamburgo, que foi atropelado pelo time de Bento por 55-0 na fase inicial, dia 02 de junho, na Montanha. Na outra semifinal, Charrua e San Diego farão um imperdível clássico porto-alegrense. Na mesma pegada o Farrapos pode surpreender no Super10 contra os poderoso clubes paulistas, tanto quanto a seleção de XV já incomoda no Sul-Americano. "Venceu" de 6-19 o Chile no domingo, os chilenos choramingando e arranjando desculpas porque pensavam atropelar o Brasil, e sofreram para vencer com apenas 1 try, sendo a diferença estabelecida nos penais. É, amigo, como diria o narrador mala na TV, não tem mais ninguém bobo no Rugby, não.<br />
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<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://i.ytimg.com/vi/_RLnuRmLtN0/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_RLnuRmLtN0?version=3&f=user_uploads&c=google-webdrive-0&app=youtube_gdata" />
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Sem fotos, só Lorenzo brincando de Rugby.</div>
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<br />Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-85850144482475928702012-04-17T02:07:00.003-03:002012-04-17T02:21:59.970-03:00CHUVA, BARRO, RUGBY!Sábado de manhã choveu rios em Bento Gonçalves. O Estádio da Montanha, pra quem conhece a cidade, se localiza bem na parte alta da região central. Além de ser o palco principal de jogos do Esportivo, tradicional clube de futebol da cidade hoje brigando para subir para a série A do Gauchão, também em seu currículo sediar uma das únicas partidas de futebol profissional, acho que é a única, disputada sob neve intensa. No dia 30 de maio de 1979 o valente Esportivo de então, sob uma temperatura de 4 graus negativos garantiu um 0x0 clássico, daqueles renhidos de time do interior. Apesar das reclamações do treinador gremista Ornaldo Fantoni:, que o Esportivo "é um time muito violento" ou que era "o jogo mais violento que já vi aqui no sul" aquele Esportivo seria vice-campeão gaúcho, melhor posição do clube na história, e só não párticiparia da Taça Ouro, a série A do Brasileiro, pois "o estádio não teria condições". Hoje o Estádio da Montanha revive seus tempos de força e garra abrigando outro esporte: o Rugby. <br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4qOApfM9nNUAn-NZIO9zsZ1D2VfXfoKUnuO65WpOkNKVyAnKChyLHDrzizBRgrzcZ0GTSwcSe0gwLhU8QrlhZcjzAxULljp0AXzFsmkc_-D7UCN-74K7fXQ0MtlsDueuf1pi9qSAYX8E/s1600/neve3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4qOApfM9nNUAn-NZIO9zsZ1D2VfXfoKUnuO65WpOkNKVyAnKChyLHDrzizBRgrzcZ0GTSwcSe0gwLhU8QrlhZcjzAxULljp0AXzFsmkc_-D7UCN-74K7fXQ0MtlsDueuf1pi9qSAYX8E/s320/neve3.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto do Correio do Povo - Olhem a nevasca!</td></tr>
</tbody></table>
Chegamos logo depois das quatro da tarde e o Farrapos acabava de concluir a jogada que terminara no quatro try da partida. 26-0 contra o Novo Hamburgo pela terceira rodada do gauchão de Rugby. As velhas arquibancadas tomadas por cerca de 300 torcedores, a maioria do "Farrapo" (sem o "s" como carinhosamente chama a torcida) e alguns do Novo Hamburgo. Ao lado da arquibancada, sob uma lona, uma copa daquelas de jogo de Gauchão de futebol pré-evangelização hipócrita, refrigerante, água e cerveja, tudo sob uma fumaça de salchipão que depois do jogo alimentaria os famintos atletas que se digladiavam no gramado pesado, e artigos de Rugby da SulBack, que faz o uniforme do Farrapos e de outros times do Rio Grande do Sul e do Brasil, movimentada. O público da cidade já se divide entre futebol e Rugby. Noticiário local dá conta que novo estádio do Esportivo, retirado da zona central, com capacidade para 13 mil pessoas, registra no máximo mil torcedores por jogo, e também já sabe muioto do esporte. Sabe tanto que até corneta rola.<br />
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Mas se o campo já estava pesado, o que nem de longe deixava insatisfeita torcida e os rugbiers, afinal, nas palavras d<span style="font-size: small;">e Aldo Javier Tamagusuku, proprietário da SulBack, "pode ser que </span>chova o suficiente para deixar o jogo mais emocionante, com cara de rugby gaúcho mesmo", o tempo atendeu seu chamado. O Farrapops já emplacava cruéis 31-0 no NH quando o mundo desabou sobre a Montanha. Durante cerca de meia hora uma intensa chuva caiu sobre o centro de Bento Gonçalves, o campo, psiotaedo nos scrums e nos rucks pelos pesados jogadores das duas equipes, já se transformava em um lodo em certas partes. O Farrapos, com um jogo de base mais forte, vencia o NH nos scrums e, muitas vezes, literalmente empurrava a linha do adversário pra dentro dos seus 22 metros. E dentro dos 22 o Farrapos trabalhava a bola até, depois de muitas fases, abrir uma brecha, na ponta, pelo meio dos forwards, e empílha tries. O 1º tempo fechou 38-0. Eu contei, mas posso estar errado pois cheguei depois do início do jogo, 6 tries sendo 4 convertidos.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYiZr75IbC1aZBDorVhk1GwGlKcASkp4puulohh1vl3GGddIyFDX7LNxc_-NYQT_0KdsF0LTcj1wHzt4Cs0wIK2r2wZbHFdgRZBYEdAxf1MQE2RNrjSWhKsHzkXYFs49uuJSD0dD_O0No/s1600/SerraClick-36505.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYiZr75IbC1aZBDorVhk1GwGlKcASkp4puulohh1vl3GGddIyFDX7LNxc_-NYQT_0KdsF0LTcj1wHzt4Cs0wIK2r2wZbHFdgRZBYEdAxf1MQE2RNrjSWhKsHzkXYFs49uuJSD0dD_O0No/s320/SerraClick-36505.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">NH não desistiu nunca de tentar segurar os de Bento</td></tr>
</tbody></table>
O segundo tempo começou mais pesado, o NH se defendendo muito bem, segurando como podia o jogo de mão do Farrapos, que pra mim se mostrou bem mais entrosado do que eu esperava, com passes de qualidade, inversões rápidas e até firuals, como passar por trás das costas e derrubar a marcação adversária. Eu sabia que o XV do Farrapos era forte no scrum e, certa vez, conversando com Márcio Melo, manager do clube, ele se disse fã do estilo irlandês de jogar, senti que a aposta, se fosse no futebol diria, esquema tático, do time é jogar forte, na base, e depois trabalhar de mão. Os irlandeses, pelo menos eu observo como torcedor, têm um estilo pesado como o escocês, mas com mais qualidade, como o do atual time nacional galês. Os times irlandeses sempre entram como favoritos nas competições, tanto que nas últimas seis Heineken Cups seus clubes saíram vencedores em quatro. E o que vi sábado foi um jogo de mão muito bom e forwards muito fortes. Tanto que quando o jogo se enroscava fazia muito tempo no 38-0 um try de scrum colocou abaixo o resto das energias do NH. O try de scrum, quando o scrum ultrapassa o ingoal com bola e tudo, é uma das maiores demosntrações de superioridade física de um time sobre outro. O Novo Hamburgo, obviamente, não se entregou, e tentou de todas as formas chegar nos 22 de Bento. Em vão. mais uma jogada e outra e o jogo acabou em acachapantes 55-0, 9 tries, 5 convertidos, e festa da barra dos Farrapos.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnlvzDZSo_OQDbv-XWmulusQ9yWGJsasjh-_I5yEDOacJ2RGXP8kwmM6gJMqIZbtLu0YweZybcJunrzfAH3SeTAKbKdHNJpNhbIq-WKO3ocoByqldIsMVpCjSHdCdhdz2qWqpy2PZowfM/s1600/rugby140412+002.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnlvzDZSo_OQDbv-XWmulusQ9yWGJsasjh-_I5yEDOacJ2RGXP8kwmM6gJMqIZbtLu0YweZybcJunrzfAH3SeTAKbKdHNJpNhbIq-WKO3ocoByqldIsMVpCjSHdCdhdz2qWqpy2PZowfM/s320/rugby140412+002.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tirei uma antes de acabar a bateria da câmera pra registrar o clima.</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Sim, o Farrapos, tem uma barra, a Los Farrapos. Bandeiras, barras, claro, faixas, e cerca de 20 a 30 malucos griatando e cantando o tempo todo, gritos como "sangue, garra, Farrapo", mesmo sob o temporal que caía muitas vezes de lado e fazia com que uma nuvem pousasse sobre as imediações do estádio, deixando a visibilidade curta até mesmo de um lado ao outro do campo. Lá pelas tantas engrenaram um "vieram de Novo Hamburgo pra tomar um chocolatê" com o carcerístico sotaque de Bento. Longe de ser ofensivo, o grito evidencia uma das premissas do Rugby. Jogar sempre pra vencer e respeitar o adversário significa jogar pra marcar tries o tempo todo. Mesmo o NH quando teve chance de cobrar um penalti e tentar sair do zero, era uma bola não muito longe, preferiu sair de kick e partir pro try. O try é o objetivo. Não desistir nunca, mesmo vencedo por 40 pontos de vantagem, é respeito. Não deixar de tentar jamais., mesmo a derrota já sendo inquestionável, é a razão de ser do jogador de Rugby. O Lorenzo berrava junto, bem alto, por pura sentimento de bagunça, meias e tênis encharcados de pular em poças, mas ele sabe que um time que "pegar a bola e sair correndo" e outro "tem que tentar derrubar e roubar a bola". É o básico pra um guri de seis anos de idade entender o esporte.<br />
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A torcida de Bento corneteia o juiz nas marcações. "Foi knockon (quando um jogador deixa a bola cair pra frente), juiz mangolão!" Outro grita quando atravessam a linha no scrum: "Saí daí, abobado! Tá errado!" Um princípio de briga rola dentro do campo. Um, jogador ameaça socar outro, levou um pisão num ruck, mas chegam mais dois e fica tudo por isso. Os jogadores de Rugby se esquentam, é do jogo, mas é difícil o jogo descambar pra pancadaria, até porque seria feio se descambasse. Um jogador de Bento se lesiona e a equipe médica entra, a ambulância em dois toques está tirando ele de lá. Pouco minutos depois ele volta de cabeça enfaixada até os ouvidos, abanando e rindo pros seus amigos nas arquibancadas. Lá pelas tantas, jogada encardida nos 22, e um jogador do Farrapos tenta dar uma de Brian O'Driscoll, centro e capitão da Irlanda, e chuta a bola na diagonal, meia altura, na direção do ingoal para que algum back ultrapasse a linha inimiga e prense a bola em um try, quando um mais gaiato grita: "Porra, Coghetto, mas não inventa, tchê! Pra que fazer isso?" Foi ali que tive certeza de estar no lugar certo. Quando começa a corneta é que se instala a paixão. Se em outro esporte de massa quando se atinge a meta todos ficam satisfeitos, no Rugby não é assim. Quando se atinge o objetivo, na verdade foi só uma tentativa. O objetivo está sempre na próxima tentativa.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4w9XOzUzWA_YMf1wun02QKV0r3BiBYolvl2G4u07gE38ChlgQg0FKzaQ1tFZQLA2YSeX-AXbYlpYL08VRNaTXW76809WpsYRclRSPvc6UXhy0HOeJEODYZvKKhy9h7tUvzRkyl8V1RK4/s1600/SerraClick-36502.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4w9XOzUzWA_YMf1wun02QKV0r3BiBYolvl2G4u07gE38ChlgQg0FKzaQ1tFZQLA2YSeX-AXbYlpYL08VRNaTXW76809WpsYRclRSPvc6UXhy0HOeJEODYZvKKhy9h7tUvzRkyl8V1RK4/s320/SerraClick-36502.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Barra do Farrapos não arreda pé debaixo de chuva forte</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Mais fotos e informações da partida:<br />
SerraNossa (reportagem) -<a href="http://www.serranossa.com.br/editorias/esporte/debaixo-de-chuva-farrapos-goleia-novo-hamburgo/" target="_blank">http://www.serranossa.com.br/editorias/esporte/debaixo-de-chuva-farrapos-goleia-novo-hamburgo/</a><br />
Fotos do SerraNossa -<a href="http://www.serranossa.com.br/serraclick/bento/esportes/farrapos-55x0-novo-hamburgo/1/" target="_blank"> http://www.serranossa.com.br/serraclick/bento/esportes/farrapos-55x0-novo-hamburgo/1/ </a><br />
SulBack (fotos) - <a href="http://sulback.com.br/o_rugby/90/fotos_farrapos_x_novo_hamburgo/" target="_blank">http://sulback.com.br/o_rugby/90/fotos_farrapos_x_novo_hamburgo/</a><br />
Federação Gaúcha de Rugby (estatísticas) - <a href="http://www.fgrugby.com.br/?page_id=504" target="_blank">http://www.fgrugby.com.br/?page_id=504</a><br />
Informações do "jogo da neve" tiradas de diversas fontes na internet são do Correio do Povo.<br />
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(na próxima prometo chegar no horário e com a bateria da câmera carregada) <br />
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Dia 5 de maio, a decisão pela liderança do grupo, Charrua x Farrapos, em Porto Alegre.<br />
<br />Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-61747675695738703572012-03-15T02:45:00.029-03:002012-03-15T03:43:01.088-03:00Don't Drop the EggFaz um tempo que fico de escrever sobre um "documentário" da Sky Sports inglês de 2011, Don't Drop the Egg, sobre um fictício time amador de Rugby do sul de Londres, o Clapham Falcons, que joga na 5ª Divisão, e o dia a dia de três de seus jogadores, na verdade o roteirista, produtor, diretor, que faz o papel de Oliver Blazeby, Dan Jones, e seus dois amigos e companheiros de apartamento, Freddie Shepherd, interpretado pelo comparsas de Dan no empreendimento, Tom Magnus e Archie Curzon, interpretado pelo também comediante Orry Gibbens.<br />
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O metido a garanhão camisa 10 Archie que passa o tempo pentelhando a vida do full-back Freddie e de Oliver, camisa 6, às vezes 7, que passa quase o tempo todo com um scrumcap na cabeça. O filme, cerca de 40 minutos dividido em três partes no YouTube, e um extra em cima da Copa do Mundo do ano passado, mostra, entre muitas confusões, os três envolvidos nos treinos, no vestiário, com palavras de ordem ou festeando com mulheres e enchendo a cara, sempre vivendo e respirando Rugby, quase que 24 horas por dia.<br />
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No primeiro episódio Archie classifica as prioridades de um jogador de Rugby: Comer, dormir, se exercitar, garotas e Rugby, não necessariamente nesta ordem, mas com o Rugtby sempre em primeiro. Archie é o mais preocupado no visual, no cabelo, no físíco e, claro, em agarrar mulheres, enquanto Oliver, um doente sem noção, chega a interromper uma trepada de Archie para lhe mostrar um try incrível que ele acabou de assistir na TV, enquanto Freddie se contenta em apenas acompanhar os amigos na loucurada.<br />
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No segundo episódio, após promessas shakesperianas pelo sangue dos ancestrais o pós jogo atermina num tremendo trago num terceiro tempo totalmente insano, imagino que sejam assim mesmo, ou até pior. Depois me digam, vocês que jogam Rugby de verdade, se está perto da realidade. Obviamente os amigos brigam, como todos bons amigos, os egos entrando em conflito entre o "esperto" Archie, o sério Freddie e o maluco Oliver, os três patetas desta comédia rugbier. <br />
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Oliver não larga a bola e nem tira o capacete, nem quando os três fazem as pazes no terceiro episódio indo ao estádio torcer pelo tradicional e simpático Bath Rugby da Premiership inglesa. O que resta de tudo, entre esperanças, frustrações, desejos, é a amizade, que, no fim de tudo é o que move o ser humano a seguir na vida e, obviamente no Rugby, que não deixa de ser prioridade, junto com garotas e bebida, como NÃO disse Archie.<br />
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Abaixo os links:<br />
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<a href="http://youtu.be/iZBhhsv6eL8" target="_blank">Don'T Drop the Egg - 1ª parte</a><br />
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<a href="http://youtu.be/3c0kFYWeUQI" target="_blank">Don't Drop the Egg - 2ª parte</a><br />
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<a href="http://youtu.be/Ko_edFkweL4" target="_blank">Don't Drop the Egg - 3ª parte</a><br />
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E, por fim, o especial da Copa do Mundo onde você pode saber tudo o que é preciso para ser um torcedor de Rugby, incluindo até mesmo torcer: <a href="http://youtu.be/_rofCSL8Ztc" target="_blank">Especial Copa do Mundo</a>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-13385312392558712542012-03-11T20:01:00.003-03:002012-03-11T20:05:26.412-03:00Como Não Treinar Rugby (ou Rugby de Pracinha)Desde que intensifiquei meu fanatismo pelo Rugby tenho descoberto de tudo, desde identificação e amizades até preconceito e ignorância. Óbvio que cresci jogando, pensando e falando somente de futebol. Teve um certo período da vida que joguei basquete, mas eu era tão ruim quanto era no futebol. Tosco. Enquanto as outras crianças e adolescentes queriam ser atacantes ou meia-armadores eu queria ser zagueiro ou volante. Nunca gostei, até por não ter categoria pra tanto, de jogar do meio pra frente. Meu negócio era colar em alguém, tentar roubar, ou derrubar, e passar adiante. No basquete eu era sempre expulso por cinco faltas. No basquete TUDO é falta. Pra mim, claro.<br />
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Como qualquer criança cresci no mundo americanizado da TV e nos filmes sempre apareciam os personagens assistindo ou até jogando futebol americano. Não me atraía. Nem imaginava que existia Rugby. Então fiquei por aí, andando de bicicleta durante anos, quando ser ciclista não era um patido político hipster, até que a noite começou a ficar mais forte que a bicicleta e me atirei nas cordas. Voltei a me exercitar alguns anos depois, até pra combater uma depressão que se avizinhava após a morte do meu pai, na musculação. Perdi 15 quilos, cheguei a pesar 68 kg, e com 28 anos eu era um cadáver ambulante. Em poucos anos recuperei peso e força. Cinco anos depois tinha 83 kg e, apesar de continuar na noite, era um sujeito fisicamente bem.<br />
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Mas então veio a paternidade e virei nisso daí (não tem foto aqui, claro). 95 kg em 1m80. E nesse meio tempo visitamos a Argentina, por acaso, durante a Copa do Mundo de Rugby da França de 2007. Desde então tenho cada vez mais me interessado pelo esporte. Tanto quanto futebol. Hoje em dia posso dizer que gosto de ambos quase da mesma maneira. Senti isso hoje quando eu e o Lorenzo fomos na pracinha e primeiro levamos a bola de futebol. Jogamos um pouco, mas o Lorenzo cansa logo, por preguiça mesmo, e voltamos para casa pegar dinheiro para comprar picolé, pra ele, e uma Heineken, pra mim. Na volta levamos a bola de Rugby.<br />
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A desculpa é que poderíamos brincar de Rugby. O Lorenzo, como qualquer criança brasileira, é atraído pelo futebol. Tá na escola, na TV, nas ruas, é uma cultura dominante. Preferiu brincar na areia. A verdade é que a criança aqui, como resmunga a minha mulher, Betine, queria a bola de Rugby. Quando peguei a de futebol na mão tive uma sensação estranha. Calma, não foi nenhuma visão divina nem nada do genêro. Foi só que peguei ela com a mão, joguei pra cima e chutei. No momento seguinte me dei conta que eu tava correndo pra pegar. É assim que NÃO treino Rugby. Jogo pra cima e pra frente, com o pé ou com a mão, e saio correndo pra tentar pegar. Primeiro tento pegar no ar, mas se meu chute for longo (mais de 10 metros prum sedentário como eu), espero ela picar e tentar pegar no ar do modo que der, de preferência só com uma das mãos. Já serve pra eu suar a long neck que acabei de tomar. Quando pensei que eu queria pegar a de futebol na mão me senti ao mesmo tempo feliz e um traidor. Um traidor porque eu amo futebol. Feliz porque eu descobri que também amo o Rugby. Confuso, não?<br />
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Pois o Lorenzo uma hora pediu pra eu pegar uma flor numa árvore. Deixei a bola com ele e vieram outras criança e pediram pra olhar. As crianças começaram a correr e tentar roubar uma das outras. O Lorenzo também correu atrás. Depois daquilo as outras viram o jogo e um menorzinho, menor que o Lorenzo, que tem quase seis anos, pediu pra jogar. Dei a bola e expliquei que o jogo era correr, o outro tentar roubar e largar num lugar pra fazer ponto. Em pouco tempo ele e o Lorenzo já estavam correndo. Apareceram mais duas gurias e já eram um cinco. Eu jogava a bola pra eles correrem atrás e tentar passar por mim pra fazer o ponto. Durou uns 10 minutos o jogo. O tempo suficiente pro Lorenzo cair no chão, esfolar o joelho na areia e voltar chorando.<br />
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Com a partida suspensa voltamos pra casa, o Lorenzo com a bola de Rugby na mão dizendo que na próxima ia furar a bola, ou jogar no colégio que tem do lado da pracinha. Obviamente ele estava brabo por ter se esfolado. Eu tentei argumentar que no futebol também se esfola. Que quando eu era criança vivia com os joelhos rasgados e as canelas cheias de tocos dos adversários. Mas ele não acreditou. Não vou insistir. O espírito rebelde dele eu já conheço. Vai dizer que não só pra me vencer. Espero que ele seja como eu: um tosco com alma. O Rugby é jogado por toscos com alma. Descobri tarde demais? Não sei. O tempo dirá, como sempre. Se o Lorenzo vai se interessar? Espero que sim. Mas não vou forçar. Se quisesse jogar minhas frustrações nele comprava uma bateria porque eu queria era ser baterista, outra forma de jogar Rugby. Só me restou a literatura, mas não me dou bem com os escritores. É tudo meio confuso? É. Como o Rugby. Simples, mas complicado.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkAxqFp1NLS5qSHTPxZARj1MLrrrx9DnqsJJNl9P4b9eayHWXmxFG5NDSLztUeTXX1gMvaINdU_7Chyphenhyphen6h6daqS3i3RGMOTGJvUBl_KM3bX2UAUy_h1l5meBiPdYlC00X_nBMP8kE3-mtg/s1600/375519_10150446908233364_754783363_8682301_2078953270_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkAxqFp1NLS5qSHTPxZARj1MLrrrx9DnqsJJNl9P4b9eayHWXmxFG5NDSLztUeTXX1gMvaINdU_7Chyphenhyphen6h6daqS3i3RGMOTGJvUBl_KM3bX2UAUy_h1l5meBiPdYlC00X_nBMP8kE3-mtg/s320/375519_10150446908233364_754783363_8682301_2078953270_n.jpg" width="320" /></a></div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-19725990878347915022012-03-05T13:18:00.000-03:002012-03-05T13:18:50.598-03:00Blog de torcedora do FarraposComo faz tempo que não publico nada por aqui aproveito pra deixar uma dica pra quem gosta de Rugby e quer saber TUDO sobre o Farrapos, clube bicampeão gaúcho e participante do Super10 nacional, o blog da Stéphany Bof, <a href="http://soufarrapos.blogspot.com/">http://soufarrapos.blogspot.com/</a> onde ela conta também suas experiências e expectativas como torcedora de Rugby, inclusive acompanhando o dia-a-dia do clube.<br />
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Visita lá e comente!<br />
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Incentive este esporte que ainda vai ser muito FODÃO no Brasil.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-19271564613533715762011-11-30T23:02:00.000-02:002011-11-30T23:02:39.053-02:00BENTO SEVENSBento Sevens no sábado, dia 3 de dezembro.<br />
Tá difícil fugir de Porto Alegre nesse fim de semana, mas tentarei.<br />
Quem tiver oprtunidade, apareça.<br />
Vale título e vale vaga no Brasileiro de Sevens. <br />
Baita evento.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL13dxxIAl406EXtmhZ58pz5NW5WERv6-Ty3qK6q9GM1GWV0a8Z_i3rNIHijFzLH3tQNJia4R7mjG2nX_LN2G990h2nsRsGQHiJ0uCXObaKRlanDGCWjRKyR9RCj7uTb7cYR4tDqVdtKI/s1600/378699_233293083403059_147866528612382_593334_1374620030_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL13dxxIAl406EXtmhZ58pz5NW5WERv6-Ty3qK6q9GM1GWV0a8Z_i3rNIHijFzLH3tQNJia4R7mjG2nX_LN2G990h2nsRsGQHiJ0uCXObaKRlanDGCWjRKyR9RCj7uTb7cYR4tDqVdtKI/s320/378699_233293083403059_147866528612382_593334_1374620030_n.jpg" width="217" /></a></div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-20356285325265220462011-11-22T02:33:00.007-02:002011-11-22T10:41:43.949-02:00Sábado de RugbyMorando em Porto Alegre e tendo que catar informações pela Internet de onde ocorrem partidas de Rugby na cidade tinha guardado a data de 19 de novembro para acompanhar a etapa de Porto Alegre do Rugby Seven, a modalidade olímpica. Confesso que ainda é difícil arrancar notícias e mesmo trocar ideias de torcedor ou aficcionado, que seja, afinal NUNCA joguei Rugby, mas é como se tivesse jogado a vida toda, o que pra mim dá na mesma, a vida é sempre aquilo que começou 5 segundos atrás. Não que não exista passado, existe, mas quem faz o passado o futuro e o presente é o que vivenciamos. O Rugby é uma boa partida. Me sinto bem no ambiente, no campo, vendo o jogo, sabendo que ninguém vai desistir. Não gosto de desistir.<br />
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O Rugby entrou na minha vida assim como muitas outras coisas prezas. Como a literatura, o futebol, o rock e a cerveja. Tava tudo ali, no HD, só faltava ligarem o programa certo. O Rugby chegou por último. Então tentei acordar o mais cedo possível para um sábado. Uma da tarde foi o que consegui. As noites de sexta são muito doidas comigo e o Lorenzo. Esse ano a Copa do Mundo da nova Zelândia ajudou a aumentar a confusão de horários. A Betine tinha se comprometido com o lance dela de trabalhar nos findis pra adoção de cachorros de rua e eu, sabendo que as partidas começavam à uma da tarde me programei para tentar chegar às três da tarde. Não é fácil com criança. E sabia que ele não aguentaria mais de três horas assistindo Rugby. Mal aprendeu as regras do futebol e eu confundindo a mente de cinco anos dele com as do Rugby. Ele inventou o RugbyBol, um esporte onde pode chutar a bola ou pegar com a mão e depois que entrar na goleira gritar TRY!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRS6EU6y_UuhZ8GQyLX3ZNNh13djMQYraDSLQTa3AKg7Gg-w-FqIZo1JTcZ72KxjrJMPjJePKYJGXE84xcY3UGg973gSRdCmPDqqOcWYcSBOzH0_Ke2NC-H50BcVqpyeY7AGUTpwonPmk/s1600/014.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRS6EU6y_UuhZ8GQyLX3ZNNh13djMQYraDSLQTa3AKg7Gg-w-FqIZo1JTcZ72KxjrJMPjJePKYJGXE84xcY3UGg973gSRdCmPDqqOcWYcSBOzH0_Ke2NC-H50BcVqpyeY7AGUTpwonPmk/s320/014.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> Lorenzo e a "floresta"</div><br />
Chegamos às 4 da tarde no campo da ESEF. Campo de futebol, claro, adaptado para o Rugby. Dois postes de 3 metros amarrados em cada goleira e era isso. É assim em quase todos os campos improvisados de Rugby. Campo duro, grama rala e ressecada pelo sol forte do verão. A prefeitura de poderia criar um espaço público somente para Rugby em Porto Alegre. Até onde sei, não existe. Mas quem sabe, com mais gente jogando, criem. Criaram espaço pros skatistas, não é? Pra tantos outros esportes. Porque não pro Rugby? Enfim, chegamos já nas semifinais, ou na decisão de 3º lugar um pouquinho antes. Depois que vi que era o Farrapos jogando contra o Charrua um dos jogos. 10x5 pro Farrapos. Mas não consegui acompanhar direito. Estava pra lá e pra cá entretendo o Lorenzo com corridas e brincadeiras de se esconder na sombra e com um aviãozinho que ele tinha na mão. Um senhor que ajeitava uma cadeira de praia embaixo de um guarda-sol na frente de uma faixa do San Diego mexeu com o Lorenzo.<br />
- Qual é teu time?<br />
Lorenzo fez que não ouviu. Eu respondi:<br />
- Nós somos de Porto Alegre mas nosso time é o "farrapo" de Bento.<br />
- Farrapos! Então vamos nos enfrentar na final. Quem vence? Vou apostar o meu contra o teu, falou ele claramente brincando com o Lorenzo.<br />
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Cerca de 100, 120 pessoas, entre jogadores, curiosos e namoradas se esparramavam por baixo de árvores e onde existisse sombra. Dá pra se saber num dia desses porque o Rugby na Europa é um esporte preferencialmente de inverno. É realmente PUNK ver os caras se debaterem num sol de mais de 30 graus no lombo. Salsichão era assado numa churrasqueira portátil, garotas passeavam com cachorros, crianças mais pequenas que o Lorenzo corriam ou gritavam e um isopor de cerveja silenciosamente gelava em um canto mais refrescante. Caminhando do lado do campo a bandeirinha gritava enquanto trabalhava na decisão do terceiro lugar, vencida pelo Charrua por 32-0 sobre o Fronteira Sul:<br />
- Tô louca pra tomar uma cerveja depois disso tudo.<br />
Eu também, eu também, pensei. Carregar 20 quilos de confusão pra lá e pra cá também cansa. Ainda mais quando os 20 quilos chamados Lorenzo querem salgadinhos, refri, chocolate e experimentar mijar em todas as árvores. Dando a volta no campo encontramos o time do Farrapos concentrado antes da final, em roda, na sombra contrária ao furdunço do churrasqueio. Não lembro o nome do pessoal, apesar de saber o nome pelo Facebook, e cumprimento à distância. Márcio Mello, manager do clube, se aproxima pra nos dar um aperto de mão. Trocamos algumas frases rapidamente pois já era hora da decisão.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpNLXUqgxnUHydqjURdMh5b6Avnp9woYeLHTJrMeF5_VTsy5_CyPp4qxNAhwYuBZYFDxvFT13tx1RraJbw0SagYrjZ0YSVeVcy8hnG4G3edvwtxdJChocnowrncA_i90wqZ85n7N6VPNo/s1600/019.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpNLXUqgxnUHydqjURdMh5b6Avnp9woYeLHTJrMeF5_VTsy5_CyPp4qxNAhwYuBZYFDxvFT13tx1RraJbw0SagYrjZ0YSVeVcy8hnG4G3edvwtxdJChocnowrncA_i90wqZ85n7N6VPNo/s320/019.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> Público lotando as "arquibancadas"</div><br />
Rugby Seven não é aquela loucurada do XV, sabem? São 7 minutos pra cada lado e 7 jogadores com 5 reservas pra cada time, mas é muito mais corrido. Claro que existe o embate físico forte, mas num campo com as mesmas dimensões do Union é complicado segurar um jogador quando desembesta pela ponta ou fura a linha adversária. Tirando a saída dos 22 ser do time que pontuou após os tries, as regras são basicamente as mesmas. Como o jogo é realmente muito rápido, quando 7 minutos decidem passar rapidamente, claro, muitas vezes os times optam por nem cobrar a conversão após os tries. Não era o caso naquela decisão.<br />
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O San Diego começou mais veloz e apertando a marcação e enfiou 2 tries e uma conversão na primeira metade do tempo. O Farrapos equilibrou a partida, recuperou o jogo no combate físico e conquistando espaço chegou aos mesmo 2 tries também errando uma conversão. E a primeira etapa acabou em 12-12. Era só um aviso para a segunda etapa. A torcida, quer dizer eu, Lorenzo e mais 2 garotas , mais 2 magrões que chegaram depois para pedir informações sobre o Farrapos e conversar com um dos jogadores, demos alguns passos atrás. O ambiente estava nervoso, muito mais pelo lado do San Diego que disputava ultrapassar o Charrua na pontuação geral dos Sevens, na 1ª etapa as posições dos dois clubes foi invertida, do que pelos Farrapos que tinham vencido a etapa anterior, e alguém pediu para todos saírem da lateral do campo. O treinador do time porto-alegrense gritava exaustivamente em portunhol para o time "lutar com coraçón, com espírito". Lorenzo perguntou que "língua louca era aquela? Italiano?" Pra ele tudo que não é português ou o inglês da TV é italiano.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNM7Yr9Ut7BqnBhiVdKR0P_5aWF0rY4dE_eT5F2ngX42YSUKajTI2pRZke3IzhgSMH-HBHQKsFRLy0MsIlHblh-RuUKQ00ty_VJ1Dh9h7UTAaGGL6EjMJ6QX1fMIqP9WqoeWuTzeSl_f8/s1600/028.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNM7Yr9Ut7BqnBhiVdKR0P_5aWF0rY4dE_eT5F2ngX42YSUKajTI2pRZke3IzhgSMH-HBHQKsFRLy0MsIlHblh-RuUKQ00ty_VJ1Dh9h7UTAaGGL6EjMJ6QX1fMIqP9WqoeWuTzeSl_f8/s320/028.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> San Diego reunido antes do segundo tempo</div><div style="text-align: center;"><br />
</div>Try e conversão do San Diego. Comemoração efusiva. O jogo se equilibra de novo e o Farrapos, muito mais no seu jogo, vai forçando aos poucos a aguerrida defesa adversária e com muita luta chega a mais um try e uma conversão. Empate. 19-19. O Farrapos empurra o San Diego e chega a mais um try pela esquerda. Finalmente é a virada. Errada a conversão, 24-19. Faltam 2 minutos. Mas que minutos intermináveis, tchê! O treinador do San Diego quase pula dentro do campo berrando, os ânimos se exaltam, murmúrios de contestação à arbitragem, subsituições nos últimos instantes. O San Diego joga tudo. No Rugby é assim. Nada está definido até o último instante. E não estava. Num tour de force contagiante da equipe da Capital é alcançado o in goal bento-gonçalvense e estabelecido o empate. Festa. Tudo por uma conversão. O jogador do San Diego, talvez também nervoso pelo lance decisivo, erra. 24-24. Prorrogação.<br />
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Sem substituições, avisa o árbitro. Cinco minutos pra cada lado ou até alguém pontuar. Morte súbita. Joelhos sangrando, cabelos empapados pelo suor, camisetas rasgaras pelo combate e uniformes pintados da mesma cor apesar do tempo seco. É Rugby em estado bruto, penso eu. Acredito que é. Lorenzo já se impacienta, tem sede, mas agora não saio dali, a sede que espere. E o primeiro tempo da prorrogação fica mais emocionante depois de uma disputa mais ríspida pela bola no meio-campo terminar com um jogador do Farrapos estendido no chão. Sem substituições! O jogador é carregado para fora. Mal consegue ficar em pé. Sem condições mesmo para um rugbier. O Farrapos continua. Seis contra sete. E logo tem uma infração a favor. O vento golpeia no entardecer porto-alegrense justamente na hora do chute, que sai desviado pra direita do H. Mas o jogador do San Diego erra no tempo da bola e comete um knock-on. Até um neófito como eu nota de longe o erro. Posse de bola do Farrapos. Mesmo com um a menos e na pressão de ter errado um penalti, o Farrapos consegue fazer uma boa troca de passes e furar a linha porto-alegrense. Try! Morte súbita. Farrapos 29-24 San Diego. Emocionante mesmo.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJu5gSAQpQd-zzK_uHpi0Ge1qnDQofJnkFU-LO6Ep3ex77ollUZdWrPwx-Q2-4-Qiwcp8EJUUx6a7biIIBH-GRTYDxbH9RoV6txlw8tpIqGfcTSL_8Tp2TLsRcttIoTX1sWobV0T5smTk/s1600/034.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJu5gSAQpQd-zzK_uHpi0Ge1qnDQofJnkFU-LO6Ep3ex77ollUZdWrPwx-Q2-4-Qiwcp8EJUUx6a7biIIBH-GRTYDxbH9RoV6txlw8tpIqGfcTSL_8Tp2TLsRcttIoTX1sWobV0T5smTk/s320/034.JPG" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> Os campeões</div><br />
Cumprimentamos o Farrapos, o time para o qual torcemos, afinal, e fico feliz por ter assistido um bom jogo. Os jogadores do San Diego vêm abraçar e se desculpar por uma eventual força de vontade mais exacerbada com o jogador leisonado do Farrapos, que, diga-se, foi antes procurado pelo pessoal da ambulância que estava lá à disposição de qualquer eventualidade. Márcio telefona e posta no Facebook a notícia da vitória. Assim funciona a notícia no Rugby. Sem grandes meios de divulgação, pingando aqui e ali, e tentando crescer e ser mais conhecido e popular. Os dois rapazes ao lado comentam que estavam pensando em fazer alguma arte marcial, mas que Rugby é bem mais interessante. é mesmo. E o Farrapos é campeão!<br />
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Suado, cansado, com fome e uma vontade doida de chegar em casa, abrir um latão e esperar pela decisão do Super10 na TV, caminhamos até o carro. Lorenzo é cumprimentado educamente pelo amigo dele, o do guarda-sol, torcedor do adversário, pelo título. A cordialidade do Rugby se faz presente no aperto de mão. Passamos no supermercado e nos abastecemos de pizza, guaraná e cerveja. A noite de sábado, como sempre foi pra mim, será longa. Assim como longa será a vida do Rugby no Brasil. Acreditem. Será.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-46720387733007039502011-11-17T04:10:00.000-02:002011-11-17T04:10:45.312-02:00Heineken Cup - Voltas e ReviravoltasMuito se comenta, principalmente pra mim, seguindo, ou tentando seguir o noticiário sobre Rugby, que é um esporte em que não existe jogo jogado, partida perdida ou algo que não possa acontecer, mesmo que de forma casual e, por isso, emocionante. Na primeira rodada da Heineken Cup, o maior torneio de clubes do mundo, reunindo 24 clubes de 6 países, os mesmos países que disputam o Six Nations, Inglaterra, França, Gales, Escócia, Irlanda e os sacos de pancadas italianos, o Rugby foi mais que nunca sensacional.<br />
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Pelo grupo 3 o Bath da Inglaterra vencia o Glasgow Warriors por 21-19 e com o cronômetro estourado um jogador dos Warriors chuta, após uma jogada de 12 fases, numa desesperada tentativa de um drop goal salvador que viraria a partida. Só que o chute sai fraco e a bola não chega nem perto do H. O 15 adversário erra o tempo da bola, ela quica e voa rodopiando até encontrar os braços do camisa 4 escocês, Gray, que faz um try quase inimaginável. Com o try e a conversão o Glasgow vence por 26-21 e garante os 4 pontos.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/fJzyJzrvVUM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
Só isso já seria o bastante em 12 jogos, mas tem mais. No mesmo grupo, Montpellier e os poderosos irlandeses do Leinster fizeram uma partida com muitas reviravoltas. O Leinster vencia por 6-3 quando errou um passe no ataque e o argentino Amorosino, 15, roubou com o pé e como um lateral de futebol carregou a bola até a meia esquerda adversária e passou para Quedraogo fazer um try. Com a conversão, 13-6 para os franceses. No segundo tempo a vantagem aumentaria para 16-6. Faltando menos de 15 minutos, que no Rugby é uma eternidade, o Leinster converteu um try e encostou num 16-13. Foi então que com menos de um minuto para o fim, bastando apenas segurar o avanço do Leinster para numa roubada tocar a bola pra fora e encerrar com vitória, que o Montpellier cometeu uma falta ridícula num ruck. O penalti foi cobrado depois dos 80 e o empate teve gosto de derrota para os donos da casa.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/kKKhYmhDFXs?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
Pelo grupo 1 demonstrando a força dos clubes irlandeses no torneio vamos ficar só com a jogada final do Munster. E que jogada. Começa aos 78 minutos e arrasta por inacreditáveis QUARENTA fases, tackles que viram em rucks que viram em mais tackles, mais passes laterais, a bola parece flutuar pra lá pra cá na linha central, até o logo da Heineken já se cansou de aparecer na tela pintado no meio do campo, até que aos 84 minutos, depois de já ter ensaiado uma abertura, o Munster consegue abrir uma brecha para que O'Gara tenha um segundo de folga e faça um ainda mais inacreditável drop goal, virando o 21-20 favorável ao Northampton Saints inglês e os irlandeses desfilam gloriosos seus 4 pontos diante de seus mais de 25 mil fanáticos torcedores. É uma jogada pra se ver e rever. Munster 23-21. Fim.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://1.gvt0.com/vi/Iau_zmBXAvE/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Iau_zmBXAvE&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/Iau_zmBXAvE&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div><br />
Nos outros jogos o irlandês Ulster virou o jogo faltando 10 minutos para 16-11 contra o Clermont. E para contrariar a boa rodada dos clubes irlandeses, os Harlequins sofreram, mas ganharam no fim por 25-17 do estreante da Irlanda., o Connacht. O Edinburgh Rugby virou faltando pouco mais de 10 minutos na casa do London Irish, os irlandeses de Londres, e venceu por 20-19 depois de passarem boa parte do jogo perdendo por 19-10.<br />
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O Gloucester Rugby perdia por 14-10 para o Toulouse fora de casa na frente de quase 20 mil franceses e com um try e uma conversão viraram para 17-14 faltando 9 minutos. A alegria dos ingleses não durou muito pois 4 minutos após o Toulouse converteu mais um try e chegou aos definitivos 21-17 da partida. No jogo do Biarritz contra o Ospreys galês o camisa 10 Dan Biggar acertou SETE penaltis e mais uma conversão se tornando o artilheiro da rodada com 23 pontos nos 28-21 dos galesess contra o time basco da França. Owen Farrel faria 22 pelos Saracens nos acachapantes 42-17 em cima do Treviso, time patrocinado pela "polêmica e tolerante" Bennetton.<br />
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Por fim o Racing Métro 92 do "de férias" e lesionado Chabal, o Homem das Cavernas, perdeu por 20-26 em casa para os Blues galeses do Cardiff. O italiano Aironi, que só tá por ali pra aprender e apanhar, tomou uma vassourada em casa de 12-28 dos lendários Tigers ingleses de Leicester, e os também galeses Scarlets fizeram valer o jogo em casa e lascaram 31-23 nos Castres franceses.<br />
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A partir de sexta começa a segunda rodada, a ESPN promete dois jogos para o fim de semana. Leicester Tigers x Ulter ao vivo no sábado às 5 da tarde e Bath x Montpellier em VT domingo às 4 da tarde. "Roubei" as informações do <a href="http://www.blogdorugby.com.br/" target="_blank">Blog do Rugby</a> e da página oficial da <a href="http://www.ercrugby.com/eng/heinekencup/index.php" target="_blank">Heineken Cup</a>. O YouTube taí pra gente achar o que interessa e o texto saiu da minha cabeça mesmo.<br />
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E, não esqueçam, sábado tem final do Super10 no SporTV, Bandeirantes x São José às 21h30, o Farrapos joga pelo 7ª lugar em Curitiba e eu tenho que descobrir que horas rola a etapa de Sevens da ESEF pra levar o Lorenzo assistir. Na verdade uma desculpa pra ver se um pessoal aí me paga as Heinekens que ganhei no Bolão da Copa do Mundo da Nova Zelândia. Rugby também é isso!Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-54853706261744519632011-10-29T06:27:00.006-02:002011-10-30T14:55:37.591-02:00Esses Loucos Ingleses!Rugby é uma cidade de pouco mais de 60 mil habitantes no condado de Warwickshire <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Warwickshire" title="Warwickshire"></a>no oeste da Inglaterra. Foi na conceituada Rugby School que a viúva Ellis matriculou seus dois filhos. Um deles, William, que gostava de críquete, certo dia no ano de 1823 participou de uma partida de futebol. O futebol existe praticamente desde que alguém inflou um estômago de boi e resolveu jogá-lo para outra pessoa. Na história da Inglaterra medieval jogava-se cidade contra cidade, quilômetros de jogadores tentando passar a bola pelos portões do adversário. O futebol chegou a ser proibido pela violência das partidas. Brigas e mortes por esfaqueamento eram normais então. Uma versão mais civilizada já era jogada no início do século XIX. Era permitido pegar a bola com as mãos, como no Rugby atual, mas só para chutar a bola para frente. Willliam, talvez enfadado pela partida, resolveu pegar a bola com as mãos, colocá-la sob os braços e sair correndo. Os outros jogadores tentaram impedir de todas as formas seu avanço até a meta adversária. Foi nesse dia que nasceu a lenda de William Webb Elis, e o nome que seria dada à esta então variação do futebol, o Rugby Football.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigLN_1SNs81gve4VuDZo6VpW0C_DcqWbjjwRavtB94Szh9AwwSKDv6IFB_MVGYhfW82-xorciPbNVRNuc0wHSzxhCnvdSCoan_s56R4-XXF4NhQ_Xb-tRJId1m3rhfeyPSDU4XL4FlKvM/s1600/Rugby_School_850.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigLN_1SNs81gve4VuDZo6VpW0C_DcqWbjjwRavtB94Szh9AwwSKDv6IFB_MVGYhfW82-xorciPbNVRNuc0wHSzxhCnvdSCoan_s56R4-XXF4NhQ_Xb-tRJId1m3rhfeyPSDU4XL4FlKvM/s320/Rugby_School_850.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> Campinho onde o William se destrambelhou<br />
e inventou o Rugby</div><br />
Em 1863 quando as diversas escolas e universidades da Inglaterra decidiram unificar as regras do futebol, Rugby e outras variáveis de futebol conviviam pacificamente. Foi em 1871 quando a Football Association decidiu banir o tackle e proibir o avanço do jogador com a bola nas mãos que representantes de 21 times se reuniram em Londres e decidiram pelo racha fundando a Rugby Football Union. O primeiro jogo internacional foi realizado ainda em 1871, a regra de então era 20 jogadores pra cada lado, para um público de 4 mil pessoas em Edimburgo, e vencido pela Escócia por 1 gol e 1 try contra 1 try da Inglaterra. Na época ainda não se utilizava a marcação por pontos. Por conta de uma rusga sobre a marcação de um try num jogo entre Inglaterra e Escócia em 1884, Gales, Irlanda e Escócia fundaram a IRFB, International Rugby Football Association, e a Inglaterra demorou mais uma década para aceitar a nova entidade.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4B_ACzgLPrNxlOGawRR1CanIChasZL6PUfjw_HXfnTdA-yTxaj2IlI9_1GjSQVWbjHbuLVSPC0orqUyq2fbvN-bHO6wtX5AD996ZchQ6m21wqEggdt7qyzpHhR6JQ7jDiNc9OFXakPU/s1600/rugby+first+england+team+1871.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF4B_ACzgLPrNxlOGawRR1CanIChasZL6PUfjw_HXfnTdA-yTxaj2IlI9_1GjSQVWbjHbuLVSPC0orqUyq2fbvN-bHO6wtX5AD996ZchQ6m21wqEggdt7qyzpHhR6JQ7jDiNc9OFXakPU/s320/rugby+first+england+team+1871.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"> English Team de 1871 <br />
Bigode não era regra, mas era maioria</div><br />
Toda essa história é porque para falar sobre a seleção inglesa de Rugby e o esporte no país é preciso contar a história do próprio esporte. Se o futebol sempre existiu de diversas maneiras em outras épocas da humanidade, o Rugby é uma evolução do futebol, ao contrário do que muitos imaginam. O futebol se concentrou no que o seu próprio nome diz, jogo com os pés. No Rugby se joga mais com as mãos, mas também com os pés. Felipe Contepomi, abertura e capitão dos Pumas, se utliza muito dos pés para avançar em direção ao try ou desenroscar uma disputa de bola. Ainda não descobri se é permitido se utilizar do cabeceio, para trás, claro, para cortar um avanço adversário, mas seria bem fora do padrão das jogadas.<br />
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Como no Rugby todos os times jogam com as posições nas mesmas numerações, não existem variações de esquemas como no futebol. Os times se preparam muito mais em cada jogador cumprir sua função e ter uma estratégia que pode ser alterada com o jogo em andamento do que sobrepor as individualidades sobre o grupo. O capitão de cada equipe é que direciona a estratégia a ser utilizada. Tentar avançar para o try, provocando fases em cima de fases, se defender e trabalhar falhas na linha adversária para contratacar, etc.<br />
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A Inglaterra é a maior vencedora da mais antiga competição entre nações do Rugby: a Home Nations (hoje Six Nations). Originalmente um torneio entre os quatro países das ilhas britânicas, depois teve incorporada a França quando passou a se chamar Five nations, e a configuaração atual com a Itália como sexta participante. Os ingleses venceram 26 de um total de 111 torneios. Nos confrontos com outras seleções a Inglaterra perde somente para os três grandes do Sul: África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Contra todos os outros adversários a Inglaterra é preponderante. Não é por nada ser a única seleção do hemisfério norte a vencer uma Copa do Mundo, numa sensacional final em 2003 contra a Austrália. Nos jogos contra a Escócia o vencedor leva a Calcutta Cup. Já contra a Irlanda disputa-se o Millennium Trophy. O confronto entre franceses e ingleses é chamado de Le Crunch. Se uma equipe britânica vencer as outras três dentro de um Six Nations conquista o Triple Crown. Se um país vence todos os adversários do Six conquista o Grand Slam. De tempos em tempos os países do Tri Nations desafiam todos do Six Nations e esta turnê também se denomina Grand Slam. <br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/oNEKxdW_J5I/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/oNEKxdW_J5I&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/oNEKxdW_J5I&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div><div style="text-align: center;"> Jonny Wilkinson faz um drop goal faltando 20 segundos</div><div style="text-align: center;">para o fim da prorrogação e os ingleses vencem </div><div style="text-align: center;">por 20-17 a final da Copa de 2003</div><br />
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Os ingleses jogam preferencialmente com uniforme todo branco, por ser a cor do uniforme da Rugby School, e uma enorme rosa vermelha bordada sobre o peito é utlizada desde a primeira partida em 1871. O estádio oficial da Inglaterra é o Twinckenham Stadium, construído a partir de 1907, foi constantemente ampliado até chegar a capacidade atual de mais de 82 mil espectadores, sendo menor apenas que Wembley no país e o quarto maior da Europa. Foi neste estádio que os ingleses foram batidos por 12-6 pela Austrália na final da Copa de 1991.<br />
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Swing Low, Sweet Chariot é uma canção criada por escravos libertos que moravam no território da nação Choctaw nos Estados Unidos e viajou pelo país e pela Europa em turnês de músicos folclóricos. Nos anos 1960 voltou à tona por conta dos movimentos por direitos civis nos EUA. Foi gravada desde Etta James, Elvis Presley, Glen Miller até UB40, Beyoncé, entre outros. Você deve estar se perguntando que porra tudo isso tem a ver com Rugby. Mas tem. No fim do século XIX e início do XX a canção gospel americana se popularizou de tal forma que jogadores de Rugby ingleses nas confraternizações regadas à cerveja pós jogo, também largamente conhecido como terceiro tempo, extravasavam cantando e dançando esta música, tendo Swing Low, Sweet Chariot praticamente se transformado num hino informal da torcida inglesa de Rugby.<br />
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Pois bem. No último jogo da temporada de 1988 a Inglaterra perdia por 3-0 para a Irlanda. Nos dois anos anteriores jogando em sua casa a Inglaterra tinha feito apenas UM try e nas últimas 23 partidas do Five Nations tinha vencido apenas 8. Resumindo, a moral da equipe da torcida estava mais embaixo que o cocô do cavalo do bandido. Com dois titulares lesionados, sobrou para Chris Oti, de origem nigeriana e primeiro jogador negro depois de muitos anos, a tarefa de salvar a pátria. Então ele pegou a bola e correu, correu. Try. O primeiro de três. Era primeira vez desde 1924 que um hat-trick acontecia no estádio num jogo oficial. Ao final do terceiro try um coral de estudantes de um colégio beneditino puxou a música Swing Low, Sweet Chariot e foi acompanhado por todo estádio. Na sequência a Inglaterra marcou mais outros três tries, sendo o recorde de tries da Inglaterra num só tempo batido depois de 50 anos, e venceu o jogo por uma hora antes inimagináveis 35-3 sobre os irlandeses. O hino agora era lenda.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://0.gvt0.com/vi/KN_ggEN4WVg/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/KN_ggEN4WVg&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/KN_ggEN4WVg&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div><div style="text-align: center;"> Estádio silencia haka em 2010</div><br />
Desde então do mais obscuro pub inglês até as arquibancadas Twickers todo torcedor inglês canta Swing Low, Sweet Chariot para empurrar sua equipe ou a seleção nacional. Os exemplos são tantos que fico com alguns para quantificar a potência do hino não-oficial. Em 2003 logo após a conquista da Copa do Mundo antes de uma partida de futebol entre Arsenal e Birmingham as torcidas de ambas equipes cantaram o hino em homenagem a seleção de Rugby campeã mundial. Em 2010 contrapondo o haka a torcida inglesa calou o canto maori dentro de seu estádio. A partida não foi vencida, mas o que faz um torcedor de Rugby não é só vencer sempre. É continuar lutando para vencer. Nem que seja um try depois de anos. Nem que seja na última hora. Nem que seja tão somente por continuar tentando. Os ingleses entendem bem disso. Não desistem nunca. E cantam e comemoram a plenos pulmões gesticulando com seus pints de Guinness erguidos ao alto como se estivessem navegando pelos mares do Império Britânico de outrora e conquistando povos bárbaros<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/8C-rK6kGTnU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div style="text-align: center;">Torcedores ingleses felizes em Lens após</div><div style="text-align: center;">a vitória de 28-10 contra os EUA na estreia</div><div style="text-align: center;">na Copa do Mundo de 2007</div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-29212186848751152292011-10-27T03:23:00.007-02:002011-10-27T03:34:09.307-02:00Mas que diabos é a Haka?<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Qualquer um que comece a ler ou assistir algo sobre rugby tomará conhecimento da haka. Haka é como se chamam as danças tipicas do povo maori, nativos da Nova Zelândia, sendo a mais conhecida a Ka Mate, executada pelos All Blacks antes das partidas da seleção nacional. Ao contrário do que muitos podem imaginar, a haka dos Blacks não é um fenômeno midiático pós-moderno para a televisão, mas sim um canto de intimidação e incentivo utilizado desde 1906 (antes disso utilizaram outros cantos). Abaixo dois vídeos da haka executada na década de 1920.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/yGtIp1uK3TE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div>Jornais relatam um canto numa excursão de 1903 intitulado "Tena Koe Kancagroo", alusivo a invadir os cangurus da Austrália e vencê-los, mas não era exatamente uma dança folclórica maori. Já em 1924-25 teria sido usado também o canto "Ko Niu Tireni", com palavras imitando sons de uma tempestade que se abateria sobre os inimigos, para assustar o adversário. Neste vídeo de 1973 vemos que nem sempre a haka teve essa plasticidade atual e tenho sérias dúvidas sobre o grau de intimidação de tal dança quando mal executada.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"> <iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/emJyEa4z2Ec?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">James Joyce, escritor irlandês, assistiu a dança num jogo dos neozelandeses em Paris em janeiro de 1925, adaptando a letra do canto para seu livro Finnegans Wake lançado em 1938. Vocês não vão querer que eu, já sofrendo por sugar todas essas informações de textos em inglês traduza a confusão linguística que Joyce criava. Mas, como ilustração, serve de recado para aqueles que chamam o rugby de esporte bronco jogado por brutos. Rugby também é literatura. E das mais empedernidas.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Holispolis went to Parkland with mabby and sammy and sonny and sissy ... all to find the right place for it ... between wandering weather and stable wind, vastelend hosteil-end, neuziel and oltrigger some, ..<br />
</i></span><br />
<blockquote><blockquote><span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Let us propel us for the frey of the fray! Us, us, beraddy!</i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Ko Niutirenis hauru leish! A lala! </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Ko Niutirenis haururu laleish! Ala lala! </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>The Wullingthund sturm is breaking. </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>The sound of maormaoring </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>The Wellingthund sturm waxes fuer-cilier. </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i><br />
</i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>The whackawhacks of the sturm. </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Katu te ihis ihis! Katu te wana wana! </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>The strength of the rawshorn generand is known throughout the world.</i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Let us say if we may what a weeny wukeleen can do. </i></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: small;"><i>Au! Au! Aue! Ha! Heish! A lala! </i></span></blockquote></blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A haka atual é puxada por um líder, geralmente o jogador de origem maori mais velho do grupo, e tem em sua letra pérolas como (tradução livre): "Este é homem peludo que fez com que o sol briulhasse novamente pra mim". </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Desde 2005 são utilizados também outros canto e dança em partidas mais importantes, o "Kapa o Pango", que contém a controversa parte onde os jogadores fazem o gesto de cortar as gargantas dos adversários. Foi esta dança que os All Blacks utilizaram na partida contra a França na primeira fase da Copa do Mundo de 2011, em deferência a ser uma partida revanche à histórica derrota sofrida pelos Blacks para a França na Copa de 2007. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Esta dança é a que eu escolhi para fechar um post nada conclusivo sobre a polêmica e lendária dança neozelandesa e que já faz parte da tradição do rugby, sendo uma lei não escrita do esporte: Deixar os All Blacks fazerem sua dança.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/MZ05GKJFIOo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
<div style="text-align: left;">Adendo: Depois de escrever o texto li a notícia que a IRB teria multado a França em 5 mil euros por avançar sobre a haka na final da Copa no último domingo. A IRB considerou, sabe-se lá porque, o ato dos franceses avançarem até a linha intermediárias uma provocação. Um exagero dos dirigentes do rugby mundial. Não vi ofensa nenhuma, mas encontrei vídeos de partidas em que a haka já levou os adversários a quase descambarem para a agressão, como no jogo abaixo, de 1989, em que os irlandeses encararam a haka e por pouco não começa uma pancadaria. Encontrei relatos de Gales e outros países que também se enervaram com a haka. Todos os que a desafiaram, por coincidência ou maldição, perderam.<br />
<br />
<br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/-fg4FyhZ-Kg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Adendo 2: Chabal contra a haka em 2007 merece outro texto.</div></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"></div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-13180976695138518132011-10-25T03:44:00.004-02:002011-10-25T12:34:50.837-02:00Quem são os All Blacks?Mantendo a função do blog começarei uma série de textos sobre os prinicipais centros do rugby no mundo. Os primeiros não poderiam de ser os All Blacks, a seleção prinicpal da Nova Zelândia, recentemente bicampeã mundial de rugby jogando em casa e vencendo a final por apertados 8-7 contra a França, a final com o menor placar da história, e assumindo de vez a supremacia do rugby mundial. Mal comparando, esta vitória dos All-Blacks equivale ao tricampeonato brasileiro na Copa do Mundo de futebol de 1970. Os neozelandeses são os eternos favoritos do esporte, sempre entram para vencer, jogando pra cima, amassando os adversários, jogo de mão muito rápido e habilidoso, um centro irradiador do rugby, e representam para o mais neófito amante deste esporte o verdadeiro espírito rugbier. Eles são realmente os melhores.<br />
<br />
Tudo começou na longínqua década de 1860 quando as regras de rugby e futebol ainda se confundiam. Vale lembrar que somente em 1997 a então IRFB, International Rugby Football Board, mudou sua sede de Londres para Dublin, e em 1998 alterou a sigla para somente IRB, retirando o futebol de seu nome. Em 1884 os bigodudos abaixo fizeram a primeira excursão internacional da Nova Zelândia, por terras do sul da Austrália, vencendo 8 jogos, não perdendo nenhum e marcando 167 pontos contra apenas 17. Se acostumem. Com os All Blacks quase tudo é assim. Em 1905-06 viajaram até as ilhas britânicas, França e América do Norte, ainda com a alcunha de The Originals e retornaram, tendo apenas uma derrota duvidosa contra Gales, já com o apelido atual: All Blacks. A princípio imaginamos se tratar uma referência ao uniforme, todo preto (o primeiro uniforme era azul marinho), mas o nome surgiu de uma crônica em um jornal londrino que se referia a eles como os "all backs", pois o time de então já utilizava da prinicipal característica dos Blacks, ataque em bloco vindo de trás, amassando os adversários e empilhando tries.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJIwFahuIiA95tjhjzEYaCZyBRoJZovrDpMLX_u0i1GfScD6oHgxlkyY4BIN6_-thANv2hxTV-3jo0GlIx217dpDVH1qThI2tvNLM05E1xJ7cFUU9mJuyuwUAKVg9_HhCh5FozXxewmn4/s1600/1884.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJIwFahuIiA95tjhjzEYaCZyBRoJZovrDpMLX_u0i1GfScD6oHgxlkyY4BIN6_-thANv2hxTV-3jo0GlIx217dpDVH1qThI2tvNLM05E1xJ7cFUU9mJuyuwUAKVg9_HhCh5FozXxewmn4/s320/1884.jpg" width="320" /></a></div><br />
A partir das décadas seguintes se intensificaram os embates entre neozelandeses e australianos, seus maiores rivais, britânicos, tendo algumas partidas sendo recusadas pelos escoceses, e, prinicipalmente, os sul-africanos. A África do Sul de então vencia muito mais que perdia os Blacks, mas sua política racial impedia jogadores de origem maori ou polinésia de jogarem em território sul-africano. O primeiro jogador não-branco a jogar na África do Sul foi o até sua época recordista de tries Bryan Williams, samoano de origem, em 1970. No pós-guerra destacam-se a incursão de 1956 em que os Springbocks pela primeira vez na história perderam uma série contra outro adversário, os Blacks, claro, em 1959 quando os Blacks venceram uma espécie de Home Nations contra os britânicos com 3 vitórias e uma derrota. Os Blacks então venceram todos as séries contra outros países até serem derrotados numa excursão inglesa à Nova Zelândia em 1971.<br />
<br />
Em 1976 26 países africanos boicotaram as olímpiadas de Montreal depois do Comitê Olímpico se negar a excluir a Nova Zelândia da competição após uma excursão dos All Blacks à África do Sul. A África do Sul estava banida das olímpiadas desde 1964 por conta do apartheid. Contrariando as expectativas internacionais, em 1981 os All Blacks convidaram a África do Sul para uma série de partidas na Nova Zelândia. O resultado foram protestos, partidas canceladas e inclusive um inusitado protesto com um avião sobrevoando baixo o estádio e jogando bombas de fumaça sobre os jogadores. A desastrada excursão, vídeo do "bombardeio" abaixo, resultou em cancelamentos e proibições por parte do governo neozelandês de qualquer espécie de intercâmbio com a África do Sul.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/rkZMIySG75c?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
Em 1987, após muitos anos de reuniões e encontros, a IRFB decidiu organizar a primeira Copa do Mundo de Rugby, com jogos na Nova Zelândia e Austrália, e vencida pelos All Blacks. Seria a consagração da mais expressiva e vencedora seleção da história. Após o fim do apartheid, os adversários históricos puderam enfim organizar o torneio do hemisfério sul, o Tri Nations. Em 16 edições os Blacks venceram incríveis dez temporadas, com 50 vitórias em 72 jogos e sendo a única seleção com saldo positivo na competição. Em quase 500 jogos contra seleções os All Blacks atingem a expressiva marca de 75% de aproveitamento, não possuindo nenhum oponente em vantagem histórica contra eles.<br />
<br />
Contrapondo todas as estatísticas e sua situação quase eterna de primeira do ranking, a Nova Zelândia não vencia um mundial desde o primeiro, sendo a sofrida vitória do último domingo um grito de libertação daquela que é a nação mais vencedora da história deste esporte. Abaixo video com os melhores momentos da vitória de 1987. Prestem atenção na velocidade dos neozelandeses, na habilidade para driblar a marcação adversária, no físico menos musculoso dos jogadores de então e no olho roxo do capitão David Kirk na hora de receber a taça.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/WgWdc1ZBPsk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div><br />
(a Haka merecerá um post à parte futuramente)Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-30678527512132163932011-10-18T05:24:00.023-02:002011-10-18T05:52:12.311-02:00Rugby Party - parte 2 (A FESTA)Eu e a Betine chegamos, acompanhados da sempre elétrica e famosa Liége, sem sobrenome, a Liége é a Liége e quem não conhece não sabe o que está perdendo, e nossa nova amiga Li, que é só Li mesmo. Subindo a serra, aquela estrada lotada de pardais e um pedágio que cobra bem mas não cobre os buracos na subida de São Vendelino. Se não é ele que arruma, azar. Os buracos estão lá. Sempre. E fomos felizes escutando Bowies, Stones, Neil Youngs e outros.<br />
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Chegando em Bento despachamos as garotas e aproveitamos pra passar o tempo comendo um sanduíche Cult e uma parmeggiana do Ferrovia, o melhor bar de Bento e do Rio Grande do Sul, assim como o Farrapos no rugby. O Kike, agitador e amigo, que também será chamado assim, tinha combinado de chegarmos mais cedo pra largar o meu livro Ovo Escocês no local da festa. Criamos um evento barbudo, por conta da identificação dos jogadores de rugby principalmente com Sebastién Chabal, jogador francês, este ser querido do vídeo abaixo que derrubou neozelandeses como se fossem pinos de boliche infantil na Copa de 2007:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/1k05Lk5ROFI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Pois bem, não tinha nenhuma regra pra distribuir o livro. O rugby é um esporte em que o percentual de barbudos e jogadores com visual, digamos pra usar uma palavra da moda, vintage, é bem maior que em outros esportes, merecia uma manifestação barbuda na festa. Decidi que todo mundo que fosse barbudo com uma cerveja na mão, fosse jogador de rugby ou eu fosse com a cara, isso depende do nível de álcool no sangue no momento, merecia ler um Ovo Escocês, um livro estilo bukowskiano, pra usar uma referência que qualquer um saiba se localizar, e rude como o rugby, mas belo como este também pode ser. Meus livros são todos sobre amor, mesmo que eu não fale de amor quase nunca. E não falo.<br />
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A cerveja foi pegando e, além dos shows, claro, do povo da Nacional Kid, Cartolas, o show destruidor da Bidê ou Balde, com Carlinhos em seus melhores dias de crooner-vocalista e agitador de massas, e Blackbirds, fui também trocando uma idéia com o pessoal do Farrapos. Confesso que só passei de lado pelo palco pagode-sertanejo, que estava tão ou mais animado que o palco pop-rock, pra me dirigir, sob a chuva fria, aos banheiros masculinos que ficavam deste lado da festa. Na real a chuva não impediu a animação da noite, afinal, porra, rugby é assim mesmo. Não tem pra chuva e se tiver que ser no barro, lama é o uniforme.<br />
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O presidente do clube, Tito, que me deu uma dica de vídeo (juro que tentei lembrar da música, tchê) sobre gostar de rugby e tal, mas como encontrei o video abaixo que além de ter muitas jogadas sensacionais tem trilha do Rage Against The Machine e nessas horas meu sangue ferve por barulho e vontade de poguear, vai esse mesmo. Mas olha só, é baita música pra tocar antes de começar as partidas. O povo vai começar atropelando. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/LyMPsecat4g?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Depois conversei um bom tempo com o Márcio, o Contepomi do Farrapos, sobre rugby e de como o pessoal se dedica nos treinamentos. Ele me contou viajar quatro vezes por semana de Farroupilha até Bento para treinar com o time e sei que o pessoal treina forte mesmo. Mais que muito time profissional de outros esportes por aí. E tudo só no amor, porque rugby profissional no Brasil é uma realidade muito distante ainda. Claro que tem o comecial da Topper que brinca com isso, mas, acreditem, quando mais pessoas conhecerem, é um esporte e um mercado enorme e virgem a serem explorados no Brasil. Boto fé!<br />
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O dia foi chegando,o barbudo da Harley me contando de sua noite desaventurosa, o Eva distribuindo seu conhecimento sobre o maior irlandês de todos os tempos, o guitarrista e bebum Rory Gallagher, o chinesinho perseguindo a Sheila, o Calinhos procurando a Liége e os All-Blacks vencendo a Austrália. Do que lembro do jogo é que estava bem disputado mas a Nova Zelândia dominava a bola e o campo, mesmo que tenha feito só um try, e que try! Terminou o primeiro tempo 14 a 6 e comentei no intervalo: Tá morta a cobra. Chegamos no motel e fomos dormir felizes e desencanados às 9 da manhã do horário de verão. Rugby é vida! Ceva também. Mas amigos estão acima de tudo isso.Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-8918915847418590822011-10-17T17:06:00.001-02:002011-10-17T17:53:11.085-02:00Rugby Party - parte 1Resolvi dividir em duas partes para ficar mais leve e divertido o papo. Fim de semana de festa do rugby em Bento Gonçalves. Tudo começa no sábado. França e Gales na televisão. Os dragões vermelhos são mais que favoritos, apesar de ser um confronto historicamente encardido e equilibrado. Em 20 minutos os galeses mostravam porque eram a sensação do campeonato. Mas o camisa 3 Adam Jones se lesionou no início do embate e com menos os 120 kg de sua combatividade a primeira linha de Gales foi pra banha.<br />
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Logo depois o capitão Sam Warburton recebeu vermelho direto por uma tackleada considerada desleal pelo árbitro. Revendo o lance hoje achei exagero o vermelho. Um amarelo estava de bom tamanho, mas nem no rugby estamos livres das más arbitragens ou juízes localistas e a verdade é que Gales sofreu com estes dois desfalques. Pra vocês terem idéia da importância dee Sam para os galeses escutem o hino da torcida para os dragões na Copa cujo refrão é "With Sam our captain, We'll take the cup home!"<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/i9Fm0YTRyRQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div> <br />
Assi mesmo os franceses sofreram para sair de seu campo, converteram 2 penaltis e o primeiro tempo terminou em apertados 6 a 3. No segundo tempo continuaram tentando avançar e mesmo tendo um a mais jogando e tudo a posse de bola e o território eram 60% pros vermelhos. Os azuis se safaram com mais um penalti, Gales arrancou um try na unha e não fosse não converter e eu estaria aqui escrevendo sobre a gloriosa vitória da raça galesa. A França só provou que era o melhor adversário pra completar a festa dos All-Blacks no próximo domingo. O que restou no fim de tudo foi a corneta em cima do Sam, o capitão, que em vez de trazer a taça pra casa vai levar é uma mijada da torcida, que certamente o perdoará, afinal, o juiz, ah, o juiz, sempre é o culpado. Em qualquer esporte.<br />
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(no próximo post escrevo sobre a festa do Farrapos e sobre o jogo que não vi, ou lembro de algo, Nova Zelândia e Austrália)Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-80486152392364801252011-10-13T18:13:00.003-03:002011-10-13T18:16:31.039-03:00WORLD CUP RUGBY PARTYEnquanto rola a Copa do Mundo e os All Blacks seguem mandando, com alguma ajuda da arbitragem, mas, enfim, os caras são foda e minha torcida pelos Pumas teve sua dose no terrorismo que eles sofreram em só fazer um try falatndo menos de 15 minutos pro fim da partida e outro quando os argentinos já estavam esgualepados pelo esforço físco, até mesmo de sustentar placar zerado com um a menos por 10 minutos. Enfim, foi bonito de assistir.<br />
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Obviamente a partida mais interessante é a de sábado entre Gales e França. Torcerei por Gales mas nada impede que a França mais uma chegue nas semfinais para morrer na praia. A outra semfinal é o Brasil x Argentina do Rugby e a peleia promete. Austrália x Nova Zelândia. Ainda mais que no mesmo horário ainda vai rolar a RUGBY PARTY, festa do Farrapos Rugby de Bento Gonçalves. Fiz minhha parte com a foto promocional barbuda abaixo. O Rugby merece. Sábado todo mundo lá. Mais informações link abaixo.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguZJJ0bYe8cs-unvuTvhKMKEowCNjHyasFsAwyc5XOL6jJtfR7ezWusyBzWcOti2lNpQMJujldmDLFBt61fPHLxT04uY1IiQ4W4wBRuPBqLj-PPUu7mBQsgscp-kP3lFgu057jzmqFe28/s1600/iwantyourugby.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguZJJ0bYe8cs-unvuTvhKMKEowCNjHyasFsAwyc5XOL6jJtfR7ezWusyBzWcOti2lNpQMJujldmDLFBt61fPHLxT04uY1IiQ4W4wBRuPBqLj-PPUu7mBQsgscp-kP3lFgu057jzmqFe28/s320/iwantyourugby.jpg" width="275" /></a></div><div style="text-align: center;"><a href="http://rugbyparty.com.br/"><span style="font-size: large;"><b>http://rugbyparty.com.br/</b></span></a><span style="font-size: large;"><b> </b></span></div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-60047028622871737612011-09-29T01:33:00.001-03:002011-09-29T02:53:37.141-03:00O Rugby é Simples, Mas Complicado.Desde que comecei a acompanhar com mais frequência o rugby, mesmo que espaçadamente por alguns jogos que a ESPN resolve mostrar, principalmente a Tri Nations e a Heineken Cup, uma das coisas que mais salta aos olhos, e me faz ter referência o tempo todo, é, claro, o parentesco de berço do rugby com o futebol. E é natural este parentesco. Não só pela origem do regramento dos esportes, mas também por acompanhar o crescimento do meu filho.<br />
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Peguem uma criança, qualquer, que tenha recém começado a andar e jogue uma bola. O normal e óbvio no Brasil é dizer "chuta". E se o guri não chuta o pai vai lá e joga de novo e repete, repete e repete até que o guri (ou a guria, sem sexismo) chuta. Isto é futebol. Mas experimente não falar nada. A criança pega a bola com as mãos e sai correndo. O instinto dela faz com que ela fuja com a bola nas mãos. Isto é rugby. O instinto é rugby. Futebol vem depois.<br />
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Claro que simplifiquei bastante, mas o lance aqui é literatura, então me permito delírios. O rugby é, ao contrário do que parece num primeiro momento para olhos acostumados a assistir futebol, um esporte muito mais coletivo que o jogado somente com os pés. Imagine no futebol uma linha de jogadores trocando passes e abrindo espaços para chegar ao gol do adversário? E só podendo passar a bola para os lados ou para a frente? O futebol seria outro, mesmo que com os pés, pois uma das características do futebol, e existem muitos teóricos que já falarm sobre isso, é o famoso ponto futuro. No rugby não existe ponto futuro. O futuro é aqui. É concreto.<br />
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Logo os jogadores tem que ter uma capacidade coletiva muito maior que no futebol. Um jogador pode abrir espaço ou roubar uma bola e fazer um try, mas o normal não funciona assim. No futebol as individualidades muitas vezes se subtraem um função do que chamam "futebol-arte" , mas que grande parte das vezes não passa de individualismo e estrelismo. Para um sujeito como eu, com quarenta anos, que sempre tentei ser um esforçado (boa vontade) zagueiro o rugby se torna uma descoberta tardia pois, a despeito de dizerem ser um esporte bruto (e é), é mais democrático. A habilidade está muito mais em se organizar e abrir espaços que propriamente criar uma jogada fenomenal de habilidade sobrenbatural. Existem craques no rugby, mas nem de longe suas influências ou nomes têm a projeção que existe em outros esportes. <br />
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Este espírito de equipe é que me chamou mais atenção em tudo, ainda mais para um também adorador do futebol acostumado a esperar que jogadas geniais apareçam e façam com que meu time vença. No rugby elas também surgem, mas o instinto se alia à rapidez no raciocínio. O raciocínio tático no rugby tem muito mais importância, imagino eu, que equipes que tendo jogadores em plenas condições físicas possam ter muito mais possibilidades se diferenciarem-se por terem jogadores com raciocínio rápido. Ou seja, o rugby é um esporte bruto marginalizado pelos que ainda não abriram suas mentes para as possibilidades intermináveis de jogadas que nele podem ocorrer. Rugby é intelecto e força. Um xadrez de músculos, velocidade e agilidade.<br />
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O rugby é simples, mas complicado.<br />
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Como a vida.<br />
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Abaixo os melhores momentos daquela que é considerada uma das mais emocionantes partidas da história do rugby moderno.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://0.gvt0.com/vi/heoO_5MvZ0w/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/heoO_5MvZ0w&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/heoO_5MvZ0w&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div>Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-56793621107594006852011-09-21T13:00:00.000-03:002011-09-21T13:00:46.432-03:00Uma Tarde na MontanhaChegamos, eu, mulher e filho, ao Estádio da Montanha, antiga sede do time de futebol do Esportivo, no centro de Bento Gonçalves, pouco depois do início da partida entre o mandante Farrapos Rugby Clube e o San Luis Rugby Clube, de Novo Hamburgo. As cansadas arquibancadas de concreto do estádio, outrora espectadora de batalhas épicas de um renhido Gauchão, onde era quase improvável a dupla grenal arrancar uma vitória do "isssportívu", recebiam um pequeno público de cerca de 100 torcedores.<br />
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Entrada franca, esporte amador, uma tenda com artigos esportivos relacionados ao rugby e um ambiente quase familiar revestiam a tarde nublada na Serra. Fui ao posto do outro lado da rua, comprei uma coca, salgadinhos, um kinder ovo pro guri se aquietar e uma Heineken pra mim, só pra manter a base. Logo de cara o nosso time, afinal torcemos para o time de Bento, claro, sofreu um try. O Lorenzo, meu filho, me fez perder a noção se a conversão tinha sido certeira ou não e demorei mais um tempo para descobrir onde estava o placar da partida. Estava do outro lado com plaquetas no chão mesmo.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVAg7HXnW7cR1Ez-OlM1w2ttW1pTvv_7LmtB-fs25uDcWD5oNVNeYEPiyl9b93Gx32JouPejEVHLb5h_GHzruP6fCl1ePtKKtLO4WDSuMyeaax3IqmK3E6zcAA39lLuLojEz-NzxguPP8/s1600/rugby092011+003.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVAg7HXnW7cR1Ez-OlM1w2ttW1pTvv_7LmtB-fs25uDcWD5oNVNeYEPiyl9b93Gx32JouPejEVHLb5h_GHzruP6fCl1ePtKKtLO4WDSuMyeaax3IqmK3E6zcAA39lLuLojEz-NzxguPP8/s320/rugby092011+003.JPG" width="320" /></a></div><br />
Na verdade demorei para saber quem era o adversário. Não fosse a torcida deles, que fazia muito barulho, basicamente mulheres, que poderiam ser mulheres, namoradas ou mães dos jogadores, berrar o tempo todo "sanluis, sanluis" e teria que perguntar quem era o adversário. Lorenzo pediu para ir ao banheiro, atrás das arquibancadas e ficamos por lá o primeiro tempo enquanto ele preferia se divertir caçando insetos.<br />
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O jogo, que me disseram ser Copa RS, mas não descobri na internet do que se tratava, se amistoso ou torneio, foi dividido em quatro quartos de 20 minutos ao invés de dois tempos de 40 minutos como é o normal. O entretempo era menor que o intervalo e no primeiro acredito que o placar era 5 a 3 para o San Luis. O Farrapos tentava chegar na linha de 22 adversária mas era sempre truncado e obrigado a ceder campo. Numa destas obteve 3 pontos numa cobrança de pênalti.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrifDAToNy5wWPcHhKnOLouWg5FXhjb7C7r97kUNzS8wMZD1oZ_PVRbs59qP-xK8TYebqfcbr9l9vMMO_tc2YnlYjqfYRUgrnWr8-w53nP56Q8iWzg4R2w-SweMYgY-ixu_ZY1SCWSf0I/s1600/rugby092011+005.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrifDAToNy5wWPcHhKnOLouWg5FXhjb7C7r97kUNzS8wMZD1oZ_PVRbs59qP-xK8TYebqfcbr9l9vMMO_tc2YnlYjqfYRUgrnWr8-w53nP56Q8iWzg4R2w-SweMYgY-ixu_ZY1SCWSf0I/s320/rugby092011+005.JPG" width="320" /></a></div><br />
No segundo quarto a marcação do San Luis continuou firme e o Farrapos pecava nas cobranças de lateral ou perdia a posse da bola em passes errados. O rugby é um esporte que obriga os jogadores a avançarem a linha e trocarem passes cada vez mais precisos e qualquer erro resulta, algumas vezes, em um contra-ataque fatal do adversário. Foi o que aconteceu e numa escapada o San Luis marcou um try e logo após converteu os dois pontos extras no chute direto.<br />
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Em mais um erro de passe e posicionamento o San Luis avançou e, de ruck em ruck, chegou a mais um try e uma conversão. O Farrapos, por sua vez, quando estava próximo de marcar o seu try, sofreu uma providencial falta, estratégia sempre válida para travar o try adversário, e optou pelos 3 pontos do penalti para diminuir a diferença. Assim o primeiro tempo terminou 19 x 6 para o San Luis. Três trys contra nenhum do Farrapos.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibrPFlVQsHNA4b2ppkCVCbVQzLAR7mI7CLTiySBL70fkwDvJAF5X8FaojTjTnfgcnFvLVjKa6qyJnJpDMKN0OnlViW6IvAMMHruNdaF_BMLF9CKmJYivNtzRPQz9Sge0Hotpmtlg3aJhw/s1600/rugby092011+006.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibrPFlVQsHNA4b2ppkCVCbVQzLAR7mI7CLTiySBL70fkwDvJAF5X8FaojTjTnfgcnFvLVjKa6qyJnJpDMKN0OnlViW6IvAMMHruNdaF_BMLF9CKmJYivNtzRPQz9Sge0Hotpmtlg3aJhw/s320/rugby092011+006.JPG" width="320" /></a></div><br />
Na segunda etapa o Farrapos acertou a marcação e começou a avançar. Não sabia se era o time titular ou não deles, mas, enfim, jogo é jogo, e os bicampeões foram pra cima enquanto o fogo do churrasco do terceiro tenpo aceso embaixo das arquibancadas e uma providencial cerveja era gelada no que um dia deve ter sido o bar do estádio.<br />
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O time da Serra aos poucos começou a ganhar terreno e acertar os passes dos laterais e vencer nas formações de scrum, mesmo assim sempre sendo travados e correndo o risco de sofrer os mesmo contra-ataques que lhe valiam a derrota momentânea. Mas foi numa roubada de bola em seu campo que o Farrapos avançou em direção ao try e seu jogador foi faltosamente derrubado com um golpe no pescoço. Adentro aqui já leis que ainda não compreendo direito, mas acredito que foi marcado o try e o penalti. Um penalti try. Convertido o chute e o placar se alterou para 19 x 13 para o San Luis.<br />
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Os últimos minutos se resumiram ao truncamento de jogadas pelo San Luis e seguidos laterais e scrums até que a equipe de Vale dos Sinos segurasse o resultado e a torcida feminina pudesse vibrar histericamente. A essas alturas eu estava colado na tela torcendo e a Betine, minha mulher, resmungando contra as mulheres da torcida adversária que não paravam de apoiar. A torcida de Bento, alguns jogadores que não estavam participando naquele dia, se resumia a, brincando, pedir o fim da partida para apreciar o quanto antes o churrasco pós-jogo.<br />
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Lorenzo assistiu e não assistiu o jogo. É natural em uma criança de cinco anos de idade. O público, entre latinhas de cerveja e cuias de chimarrão aproveitou a tarde nublada mas agradável e seca de sábado. Eu me senti em casa. Estádio pequeno, torcida acolhedora e jogo disputado, mesmo que um outro safanão na orelha ilegal tenha sido desferido, e o árbitro não tenha visto, claro. O rubgy é um jogo mais leal que o futebol.<br />
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Para nos separamos de nossa nascente fama de pé-frios voltaremos ao Estádio da Montanha o quanto antes. E, certamente, o Farrapos vencerá. Enquanto isso me contento em perder horas de sono e acompanhar a Copa do Mundo de Rugby. Gosto das equipes que defendem com fome e atacam em velocidade. Os All Blacks, claro, são muito rápidos, mas gosto mais dos argentinos e dos britânicos. Acho mais divertido um 19 x 13 que um 49 x 10. É uma tendência. E um desejo.<br />
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TRY AGAINST!!!Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5536820276404431790.post-87808590322329276272011-09-20T03:34:00.000-03:002011-09-20T03:34:09.789-03:00Adentrando o Universo do RugbyEm setembro de 2007 eu e minha mulher tiramos alguns dias de férias, ainda nos permitíamos isso, e passamos uma semana em Buenos Aires. O acaso nos fez passear pelos bares, nosso trajeto mais costumeiro, de Palermo, justamente na época da Copa do Mundo de Rugby na França.<br />
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Enquanto esperávamos ser atendidos, o que muitas vezes demorava, e não nos interessava a pressa, os bares movimentam-se às tarde com os jogos que eram transmitido ao vivo. Foi quando comecei a me interessar mais pelo rubgy, ali, em Buenos Aires, vendo a veneração dos argentinos pelos Pumas, como eles chamam a seleção nacional deles.<br />
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Quando era criança meu pai adorava contar histórias, ele era um bom contador de histórias e muitas vezes exagerava, o que tornava a história ainda mais interessante, que quando serviu no exército na década de 1950 jogava "futebol americano". Obviamente ele jogava rugby, visto que é um jogo de estratégia e conquista de território e serve muito bem para o treinamento de infantaria.<br />
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Com o tempo, e a influência do cinema norte-americano, o rugby tornou-se para mim, e para a maioria dos brasileiros, um fantasma. Futebol americano, a NFL como está na moda entre muitos aficcionados de estatísticas, e onanistas do gênero, nunca me interessou. Acho um exagero aquela montanha de intervalos comerciais e aquela parafernália que usam para jogar.<br />
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Mas, a partir desta Copa do Mundo, com o rugby, que desde 1987 decidiu aos poucos se profissionalizar e internacionalizar, seguindo o caminho de seu irmão de origem, o football association, ou o futebol jogado unicamente com os pés como conhecemos, fui pouco a pouco me adentrando ainda mais no universo rugby.<br />
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Ainda não entendo muitas marcações de faltas e não consegui distinguir em qual posição joga este ou aquele e sua função básica no campo, mas já aprendi o básico da pontuação e de como me tornar um torcedor. Com o aumento das trasmissões da Tri Nations, da Heineken Cup e da Six Nations fui me familiriazando com os termos e jogadas.<br />
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Para aumentar ainda mais meu interesse jogadores da cidade natal da minha mulher organizaram sua própria equipe, o Farrapos, que veio a tornar-se bicampeão gaúcho de rugby e a primeira equipe gaúcha a participar do campeonato nacional de rugby. E, não nego, a cultura do esporte, que faz com que os participantes organizem o tradicional terceito tempo, quando as equipes confraternizam, churrasco e cervejas amigos, e trocam ideias e experiências em um ambiente de camaradagem, me atrai, afinal cerveja e amizade são coisas com as quais gosto de conviver.<br />
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O que tenho a dizer sobre o rugby? É um esporte de contato, velocidade, estratégia e, sim, uma grande variedade de jogadas e movimentação intensa. A primeira impressão que passa é que um esporte brutal, mas não é. É um esporte viril, sim, mas que deve ser jogado com inteligência, tanto que as grandes equipes são as que melhor se defendem, e usam esta defesa para em rápidas avançadas para pegar desprevenida e encontrar buracos na equipe adversária. Técnica e velocidade são tão ou mais importantes que a força física.<br />
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Eu nunca pratiquei, mas tenho vontade, obviamente que só por diversão. E observar e torcer na beira do campo, como explicarei numa próxima postagem.<br />
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(Comentários e auxílios são muito bem-vindos. A intenção deste blog é aprender cada vez mais sobre o esporte e fazer com que cada vez mais pessoas se intreressem pelo rugby.)Marcelo Benvenuttihttp://www.blogger.com/profile/07376840007580642745noreply@blogger.com0