22/05/2012

NÃO TEM MAIS NINGUÉM BOBO NO RUGBY

Dias tentando reativar o blogue e não me sobra tempo nunca. E quando sdobra tempo o Lorenzo me rouba a atenção. Mas agora, pra dizer a verdade, não tem nadea a ver com Rugby, ou tem, mas baixei o show do Black Sabbath do dia 19 de maio em Birmingham, cidade do Aston Villa e onde, obviamente, se joga Rugby, tanto Union quanto o League.

Pois bem, nesses tempos de Heinekens Cups, Premierships e quetais, o Gauchão de Rugby chega nas semifinais. O Rugby brasileiro não tem um calendário intenso como o europeu ou dos gigantes do hemisfério sul, e vale lembrar que o Rugby é um dos únicos esportes coletivos que as potênciasd mundiais se encontram no sul do mundo, se não for o único. Mas as federações e os clubes vestão cada vez mais ágeis pra transformar e revolucionar no Brasil. Parece papinho de entusiasta, eu sou um, mas pra quem acompanha todos os dias, nem que seja quase que só pela internet como eu, é notório o crescimento do esporte.

A receita de patrocínios da CBRu, a CBF do Rugby, pra simplificar, quintuplicou nos últimos 2 anos. Mesmo assim se encerra em pouco menos de 7 milhões de reais, mas já é o suficiente para os clubes jogarem o Super10, a principal competição nacional de clubes, com viagens e estadias subsidiadas. As tabelas são curtas. No caso do Super10, por exemplo, são 5 rodadas em dois grupos de 5, quartas-de finais, semifinais e finais, todas em jogos únicos. Oito datas no total. No Gauchão de Rugby são 4 datas na fase inicial e mais duas nas finais, sempre só com jogos de ida. Um time como o Farrapos joga 14 partidas nos seus dopis prinicipais torneios de XV. Depois tem a Copa RS, uma análoga da Copa RS de futebol, onde os times de todas as divisões gaúchas jogam entre si, são só duas, e os times que jogam as copas nacionais, no caso gaúcho o Farrapos e o melhor colocado no Gauchão de 2012, muitas vezes jogam com uma equipe B.

Resumindo, com alguns amistosos espaçados, tudo se resume a no máximo 18 ou 20 datas por ano. No resto do tempo é treino e treino, como os jogadores conseguirem treinar, afinal, infelizmente, ninguém vive de Rugby e a popularização do Rugby no mundo, a partir da liberação da profissionalização em 1995, fez com que o esporte deixasse de ser um esporte elitista (uma das causas de sua não-expansão mundial tão avassaladora quanto o futebol, apesar das carcterísticas que o tornam um esporte atraente, disputado e emocionante). Depois dessa minha explanação, breve, e incrivelmente regada com uma prosaica lata de cerveja preta (Boehmia, é boa pra tomar meio morna, como se fosse café), vamos ao que interessa: O jogo no estádio.

No dia 2 de maio fomos eu, a Betine e o Lorenzo, assistir e torcer pelo Farrapos contra o Charrua no Campo da BM, na Aparício, do lado Presídio Central. O campo é curto, quer dizer, é um campo de proporções pequenas de futebol, não acho que tenha os 100 metros de um campo de Rugby, tanto que o in goal parecia ficar aquém do H, o que confundia quem assistia das arquibancadas, confortáveis no "setor camarote". Confortáveis quero dizer, com cobertura. Arquibancada de concreto, como todo bom estádio de futebol das antigas. Nos aglomeramos no que certamente é a tribuna das autoridades quando tem alguma atividade da Brigada Militar. A marcação do campo é péssima, as linhas de 22, meio campo e de 5 metros quase invisíveis, e a área do in goal, muito curta, propícia para que alguém se arrebente numa disputa mais descontrolada em pedaços de concreto e outros obstáculos que se encontram atrás de onde normalmente se joga futebol, portanto, onde não tem jogo. Dos Hs nem vou falar porque se as goleiras não tem 3 metros não vou esperar eu que os Hs tenham os quase 4 metros necessários pra se ter uma boa visão, pelo menos pra quem assiste das arquibancadas, se um penal ou conversão passou entre os postes ou não.

De cara, chegamos atrasados, o Charrua marcou 3 pontos em um penal. Logo após o Farrapos igualou a partida, que seguia muito brigada, mas com o Farrapos tomando a iniciativa dos ataques e jogando o Charrua para dentro de seus domínios, tanto pela imposição física, característica do time de Bento Gonçalves, quanto pela rápida troca de passes entre seus jogadores. A cada partida o Farrapos vem se alterando em jogadas cada vez mais rápidas na troca de passes, o que deve ser fruto de treinamento e ensaio, claro. O try não demorou a surguir, brigado, pelo flanco esquerdo do ataque do Farrapos. Sem a conversão o primeiro tempo fechou em 8-3 para os serranos.

Na segunda etapa, pressionado por sua torcida que compareceu em bom número, para um jogo de Rugby, cerca de 300 pessoas,o Charrua se jogou para a frente e foi truncado pela defesa farrapa, quase não conseguindo chegar nos 22 do time de Bento. Depois de muito tentar por baixo, o Charrua começou a abusar dos chutões e apostar no erro do adversário. O clube de Porto Alegre lutou duramente, mas numa escapada pela esquerda, de novo, um belo try do Farrapos, e com pouco tempo de jogo, depois da conversão, restou aos porto-alegrenses honrosamente apostar em mais um penal e diminuir a diferença pra honrosos 15-6.

No último sábado, 19, enquanto o Sabbath se preparava para voltar dos mortos, eu e o Lorenzo nos dirigmos para o mesmo estádio, da BM, para assistir oq ue parecia ser outro duro confronto do Gauchão: Farrapos vs San Diego. Acordei cedo, cedo pra mim, antes do meio-dia de sábado. Enquanto boa parte do resto do mundo se preocupava com Chelsea x Bayern, eu me preocupava com Leinster vs Ulster. Nem trive tempo de pensar em torcer para um dos dois, apesar de pender mais para a Irlanda católica. O Leinster deu um show já na primeira parte do jogo com Brian O'Driscoll e Sean O'Brien, um servindo o jogo e o outro atropelando a defesa do time norte-irlandês. Apesar de chegar a 14-24 na segunda etapa, o Ulster não siportou a pressão e levou 42-14 no lombo, deixando a festa para seus irmãos sulistas.

Para o estádio levei suco, água, bolachas, salgadinhos e, para voltar no tempo, uma sacola de bergamotas. Como é bom assistir a uma partida do esporte que se gosta comendo bergamotas. Chegamos cedo mas o horário da partida, incerto na página da federação gaúcha, a FGR, era 15h30. Assistimos um try e pensei, bom, dei sortte. Quando está o jogo? Perguntei para alguém próximo. 22-0 sem a conversão. O jogo, que para mim parecia encardido, não tinha chegado ao primeiro quarto e já estava em distantes 22 pontos de diferença. Aos poucos fui descobrindo o porquê. Não que o San Diego não lutasse, lutava, mas o Farrapos jogou uma partida quase perfeita. Não deu sossego nas formações, roubou bolas em rucks, destruiu scrums e se saiu muito bem nos laterais, algo que me preocupava, pois quando assisti os jogos não achava o Farrapos tão bom nos laterais. O primeiro tempo terminou em 34-0 Eu contei 6 tries e 2 conversões.

No segundo tempo não seria diferente. O Farrapos fazia trys tão rápidamente quanto eu e o Lorenzo devorávamos bergamotas. Em certo momento, uma penalidade no meio campo e o Scopel do Farrapos colocou no tee. Pensei, "bom, vai chutar daí"? Foi bonito de ver porque a bola vou certeira no H,  uns 40 metros de distância (se exagero, me desculpem, mas sou torcedor também). Coghetto, pra individualizar, se não vocês vão achar que não sei o nome dos jogadores, sei de alguns, mas ainda falta know-how pra decorar nomes como decoro no futebol, distribuiu bem no meio, e o jogo de mão do Farrapos contribuiu, com jogadas ensaiadas, inversões e velocidade, a estabelecer inacreditáveis 70-0 no San Diego. Eu, que considerava o Farrapos favorito, mas imaginei que a diferença ficaria no máximo nuns 10 pontos, calculei, de cabeça, 11 tries, 6 conversões e um penal, o dos 40 metros. Uma tarde histórica no Partenon.

Não posso engambelar por aqui e não admitir que o Farrapos é favorito para as finais. É. Pega o Novo Hamburgo, que foi atropelado pelo time de Bento por 55-0 na fase inicial, dia 02 de junho, na Montanha. Na outra semifinal, Charrua e San Diego farão um imperdível clássico porto-alegrense. Na mesma pegada o Farrapos pode surpreender no Super10 contra os poderoso clubes paulistas, tanto quanto a seleção de XV já incomoda no Sul-Americano. "Venceu" de 6-19 o Chile no domingo, os chilenos choramingando e arranjando desculpas porque pensavam atropelar o Brasil, e sofreram para vencer com apenas 1 try, sendo a diferença estabelecida nos penais. É, amigo, como diria o narrador mala na TV, não tem mais ninguém bobo no Rugby, não.

 Sem fotos, só Lorenzo brincando de Rugby.


17/04/2012

CHUVA, BARRO, RUGBY!

Sábado de manhã choveu rios em Bento Gonçalves. O Estádio da Montanha, pra quem conhece a cidade, se localiza bem na parte alta da região central. Além de ser o palco principal de jogos do Esportivo, tradicional clube de futebol da cidade hoje brigando para subir para a série A do Gauchão, também em seu currículo sediar uma das únicas partidas de futebol profissional, acho que é a única, disputada sob neve intensa. No dia 30 de maio de 1979 o valente Esportivo de então, sob uma temperatura de 4 graus negativos garantiu um 0x0 clássico, daqueles renhidos de time do interior. Apesar das reclamações do treinador gremista Ornaldo Fantoni:, que o Esportivo "é um time muito violento" ou que era "o jogo mais violento que já vi aqui no sul" aquele Esportivo seria vice-campeão gaúcho, melhor posição do clube na história, e só não párticiparia da Taça Ouro, a série A do Brasileiro, pois "o estádio não teria condições". Hoje o Estádio da Montanha revive seus tempos de força e garra abrigando outro esporte: o Rugby.
Foto do Correio do Povo - Olhem a nevasca!
Chegamos logo depois das quatro da tarde e o Farrapos acabava de concluir a jogada que terminara no quatro try da partida. 26-0 contra o Novo Hamburgo pela terceira rodada do gauchão de Rugby. As velhas arquibancadas tomadas por cerca de 300 torcedores, a maioria do "Farrapo" (sem o "s" como carinhosamente chama a torcida) e alguns do Novo Hamburgo. Ao lado da arquibancada, sob uma lona, uma copa daquelas de jogo de Gauchão de futebol pré-evangelização hipócrita, refrigerante, água e cerveja, tudo sob uma fumaça de salchipão que depois do jogo alimentaria os famintos atletas que se digladiavam no gramado pesado, e artigos de Rugby da SulBack, que faz o uniforme do Farrapos e de outros times do Rio Grande do Sul e do Brasil, movimentada. O público da cidade já se divide entre futebol e Rugby. Noticiário local dá conta que novo estádio do Esportivo, retirado da zona central, com capacidade para 13 mil pessoas, registra no máximo mil torcedores por jogo, e também já sabe muioto do esporte. Sabe tanto que até corneta rola.

Mas se o campo já estava pesado, o que nem de longe deixava insatisfeita torcida e os rugbiers, afinal, nas palavras de Aldo Javier Tamagusuku, proprietário da SulBack, "pode ser que chova o suficiente para deixar o jogo mais emocionante, com cara de rugby gaúcho mesmo", o tempo atendeu seu chamado. O Farrapops já emplacava cruéis 31-0 no NH quando o mundo desabou sobre a Montanha. Durante cerca de meia hora uma intensa chuva caiu sobre o centro de Bento Gonçalves, o campo, psiotaedo nos scrums e nos rucks pelos pesados jogadores das duas equipes, já se transformava em um lodo em certas partes. O Farrapos, com um jogo de base mais forte, vencia o NH nos scrums e, muitas vezes, literalmente empurrava a linha do adversário pra dentro dos seus 22 metros. E dentro dos 22 o Farrapos trabalhava a bola até, depois de muitas fases, abrir uma brecha, na ponta, pelo meio dos forwards, e empílha tries. O 1º tempo fechou 38-0. Eu contei, mas posso estar errado pois cheguei depois do início do jogo, 6 tries sendo 4 convertidos.
NH não desistiu nunca de tentar segurar os de Bento
O segundo tempo começou mais pesado, o NH se defendendo muito bem, segurando como podia o jogo de mão do Farrapos, que pra mim se mostrou bem mais entrosado do que eu esperava, com passes de qualidade, inversões rápidas e até firuals, como passar por trás das costas e derrubar a marcação adversária. Eu sabia que o XV do Farrapos era forte no scrum e, certa vez, conversando com Márcio Melo, manager do clube, ele se disse fã do estilo irlandês de jogar, senti que a aposta, se fosse no futebol diria, esquema tático, do time é jogar forte, na base, e depois trabalhar de mão. Os irlandeses, pelo menos eu observo como torcedor, têm um estilo pesado como o escocês, mas com mais qualidade, como o do atual time nacional galês. Os times irlandeses sempre entram como favoritos nas competições, tanto que nas últimas seis Heineken Cups seus clubes saíram vencedores em quatro. E o que vi sábado foi um jogo de mão muito bom e forwards muito fortes. Tanto que quando o jogo se enroscava fazia muito tempo no 38-0 um try de scrum colocou abaixo o resto das energias do NH. O try de scrum, quando o scrum ultrapassa o ingoal com bola e tudo, é uma das maiores demosntrações de superioridade física de um time sobre outro. O Novo Hamburgo, obviamente, não se entregou, e tentou de todas as formas chegar nos 22 de Bento. Em vão. mais uma jogada e outra e o jogo acabou em acachapantes 55-0, 9 tries, 5 convertidos, e festa da barra dos Farrapos.
Tirei uma antes de acabar a bateria da câmera pra registrar o clima.
Sim, o Farrapos, tem uma barra, a Los Farrapos. Bandeiras, barras, claro, faixas, e cerca de 20 a 30 malucos griatando e cantando o tempo todo, gritos como "sangue, garra, Farrapo", mesmo sob o temporal que caía muitas vezes de lado e fazia com que uma nuvem pousasse sobre as imediações do estádio, deixando a visibilidade curta até mesmo de um lado ao outro do campo. Lá pelas tantas engrenaram um "vieram de Novo Hamburgo pra tomar um chocolatê" com o carcerístico sotaque de Bento. Longe de ser ofensivo, o grito evidencia uma das premissas do Rugby. Jogar sempre pra vencer e respeitar o adversário significa jogar pra marcar tries o tempo todo. Mesmo o NH quando teve chance de cobrar um penalti e tentar sair do zero, era uma bola não muito longe, preferiu sair de kick e partir pro try. O try é o objetivo. Não desistir nunca, mesmo vencedo por 40 pontos de vantagem, é respeito. Não deixar de tentar jamais., mesmo a derrota já sendo inquestionável, é a razão de ser do jogador de Rugby. O Lorenzo berrava junto, bem alto, por pura sentimento de bagunça, meias e tênis encharcados de pular em poças, mas ele sabe que um time que "pegar a bola e sair correndo" e outro "tem que tentar derrubar e roubar a bola". É o básico pra um guri de seis anos de idade entender o esporte.

A torcida de Bento corneteia o juiz nas marcações. "Foi knockon (quando um jogador deixa a bola cair pra frente), juiz mangolão!" Outro grita quando atravessam a linha no scrum: "Saí daí, abobado! Tá errado!" Um princípio de briga rola dentro do campo. Um, jogador ameaça socar outro, levou um pisão num ruck, mas chegam mais dois e fica tudo por isso. Os jogadores de Rugby se esquentam, é do jogo, mas é difícil o jogo descambar pra pancadaria, até porque seria feio se descambasse. Um jogador de Bento se lesiona e a equipe médica entra, a ambulância em dois toques está tirando ele de lá. Pouco minutos depois ele volta de cabeça enfaixada até os ouvidos, abanando e rindo pros seus amigos nas arquibancadas.  Lá pelas tantas, jogada encardida nos 22, e um jogador do Farrapos tenta dar uma de Brian O'Driscoll, centro e capitão da Irlanda, e chuta a bola na diagonal, meia altura, na direção do ingoal para que algum back ultrapasse a linha inimiga e prense a bola em um try, quando um mais gaiato grita: "Porra, Coghetto, mas não inventa, tchê! Pra que fazer isso?" Foi ali que tive certeza de estar no lugar certo. Quando começa a corneta é que se instala a paixão. Se em outro esporte de massa quando se atinge a meta todos ficam satisfeitos, no Rugby não é assim. Quando se atinge o objetivo, na verdade foi só uma tentativa. O objetivo está sempre na próxima tentativa.

Barra do Farrapos não arreda pé debaixo de chuva forte
Mais fotos e informações da partida:
SerraNossa (reportagem) -http://www.serranossa.com.br/editorias/esporte/debaixo-de-chuva-farrapos-goleia-novo-hamburgo/
Fotos do SerraNossa - http://www.serranossa.com.br/serraclick/bento/esportes/farrapos-55x0-novo-hamburgo/1/
SulBack (fotos) - http://sulback.com.br/o_rugby/90/fotos_farrapos_x_novo_hamburgo/
Federação Gaúcha de Rugby (estatísticas) - http://www.fgrugby.com.br/?page_id=504
Informações do "jogo da neve" tiradas de diversas fontes na internet são do Correio do Povo.

(na próxima prometo chegar no horário e com a bateria da câmera carregada)

Dia 5 de maio, a decisão pela liderança do grupo, Charrua x Farrapos, em Porto Alegre.

15/03/2012

Don't Drop the Egg

Faz um tempo que fico de escrever sobre um "documentário" da Sky Sports inglês de 2011, Don't Drop the Egg, sobre um fictício time amador de Rugby do sul de Londres, o Clapham Falcons, que joga na 5ª Divisão, e o dia a dia de três de seus jogadores, na verdade o roteirista, produtor, diretor, que faz o papel de Oliver Blazeby, Dan Jones, e seus dois amigos e companheiros de apartamento, Freddie Shepherd, interpretado pelo comparsas de Dan no empreendimento, Tom Magnus e Archie Curzon, interpretado pelo também comediante Orry Gibbens.

O metido a garanhão camisa 10 Archie que passa o tempo pentelhando a vida do full-back Freddie e de Oliver, camisa 6, às vezes 7, que passa quase o tempo todo com um scrumcap na cabeça. O filme, cerca de 40 minutos dividido em três partes no YouTube, e um extra em cima da Copa do Mundo do ano passado, mostra, entre muitas confusões, os três envolvidos nos treinos, no vestiário, com palavras de ordem ou festeando com mulheres e enchendo a cara, sempre vivendo e respirando Rugby, quase que 24 horas por dia.

No primeiro episódio Archie classifica as prioridades de um jogador de Rugby: Comer, dormir, se exercitar, garotas e Rugby, não necessariamente nesta ordem, mas com o Rugtby sempre em primeiro. Archie é o mais preocupado no visual, no cabelo, no físíco e, claro, em agarrar mulheres, enquanto Oliver, um doente sem noção, chega a interromper uma trepada de Archie para lhe mostrar um try incrível que ele acabou de assistir na TV, enquanto Freddie se contenta em apenas acompanhar os amigos na loucurada.

No segundo episódio, após promessas shakesperianas pelo sangue dos ancestrais o pós jogo atermina num tremendo trago num terceiro tempo totalmente insano, imagino que sejam assim mesmo, ou até pior. Depois me digam, vocês que jogam Rugby de verdade, se está perto da realidade. Obviamente os amigos brigam, como todos bons amigos, os egos entrando em conflito entre o "esperto" Archie, o sério Freddie e o maluco Oliver, os três patetas desta comédia rugbier.

Oliver não larga a bola e nem tira o capacete, nem quando os três fazem as pazes no terceiro episódio indo ao estádio torcer pelo tradicional e simpático Bath Rugby da Premiership inglesa. O que resta de tudo, entre esperanças, frustrações, desejos, é a amizade, que, no fim de tudo é o que move o ser humano a seguir na vida e, obviamente no Rugby, que não deixa de ser prioridade, junto com garotas e bebida, como NÃO disse Archie.

Abaixo os links:

Don'T Drop the Egg - 1ª parte

Don't Drop the Egg - 2ª parte

Don't Drop the Egg - 3ª parte

E, por fim, o especial da Copa do Mundo onde você pode saber tudo o que é preciso para ser um torcedor de Rugby, incluindo até mesmo torcer: Especial Copa do Mundo

11/03/2012

Como Não Treinar Rugby (ou Rugby de Pracinha)

Desde que intensifiquei meu fanatismo pelo Rugby tenho descoberto de tudo, desde identificação e amizades até preconceito e ignorância. Óbvio que cresci jogando, pensando e falando somente de futebol. Teve um certo período da vida que joguei basquete, mas eu era tão ruim quanto era no futebol. Tosco. Enquanto as outras crianças e adolescentes queriam ser atacantes ou meia-armadores eu queria ser zagueiro ou volante. Nunca gostei, até por não ter categoria pra tanto, de jogar do meio pra frente. Meu negócio era colar em alguém, tentar roubar, ou derrubar, e passar adiante. No basquete eu era sempre expulso por cinco faltas. No basquete TUDO é falta. Pra mim, claro.

Como qualquer criança cresci no mundo americanizado da TV e nos filmes sempre apareciam os personagens assistindo ou até jogando futebol americano. Não me atraía. Nem imaginava que existia Rugby. Então fiquei por aí, andando de bicicleta durante anos, quando ser ciclista não era um patido político hipster, até que a noite começou a ficar mais forte que a bicicleta e me atirei nas cordas. Voltei a me exercitar alguns anos depois, até pra combater uma depressão que se avizinhava após a morte do meu pai, na musculação. Perdi 15 quilos, cheguei a pesar 68 kg, e com 28 anos eu era um cadáver ambulante. Em poucos anos recuperei peso e força. Cinco anos depois tinha 83 kg e, apesar de continuar na noite, era um sujeito fisicamente bem.

Mas então veio a paternidade e virei nisso daí (não tem foto aqui, claro). 95 kg em 1m80. E nesse meio tempo visitamos a Argentina, por acaso, durante a Copa do Mundo de Rugby da França de 2007. Desde então tenho cada vez mais me interessado pelo esporte. Tanto quanto futebol. Hoje em dia posso dizer que gosto de ambos quase da mesma maneira. Senti isso hoje quando eu e o Lorenzo fomos na pracinha e primeiro levamos a bola de futebol. Jogamos um pouco, mas o Lorenzo cansa logo, por preguiça mesmo, e voltamos para casa pegar dinheiro para comprar picolé, pra ele, e uma Heineken, pra mim. Na volta levamos a bola de Rugby.

A desculpa é que poderíamos brincar de Rugby. O Lorenzo, como qualquer criança brasileira, é atraído pelo futebol. Tá na escola, na TV, nas ruas, é uma cultura dominante. Preferiu brincar na areia. A verdade é que a criança aqui, como resmunga a minha mulher, Betine, queria a bola de Rugby. Quando peguei a de futebol na mão tive uma sensação estranha. Calma, não foi nenhuma visão divina nem nada do genêro. Foi só que peguei ela com a mão, joguei pra cima e chutei. No momento seguinte me dei conta que eu tava correndo pra pegar. É assim que NÃO treino Rugby. Jogo pra cima e pra frente, com o pé ou com a mão, e saio correndo pra tentar pegar. Primeiro tento pegar no ar, mas se meu chute for longo (mais de 10 metros prum sedentário como eu), espero ela picar e tentar pegar no ar do modo que der, de preferência só com uma das mãos. Já serve pra eu suar a long neck que acabei de tomar. Quando pensei que eu queria pegar a de futebol na mão me senti ao mesmo tempo feliz e um traidor. Um traidor porque eu amo futebol. Feliz porque eu descobri que também amo o Rugby. Confuso, não?

Pois o Lorenzo uma hora pediu pra eu pegar uma flor numa árvore. Deixei a bola com ele e vieram outras criança e pediram pra olhar. As crianças começaram a correr e tentar roubar uma das outras. O Lorenzo também correu atrás. Depois daquilo as outras viram o jogo e um menorzinho, menor que o Lorenzo, que tem quase seis anos, pediu pra jogar. Dei a bola e expliquei que o jogo era correr, o outro tentar roubar e largar num lugar pra fazer ponto. Em pouco tempo ele e o Lorenzo já estavam correndo. Apareceram mais duas gurias e já eram um cinco. Eu jogava a bola pra eles correrem atrás e tentar passar por mim pra fazer o ponto. Durou uns 10 minutos o jogo. O tempo suficiente pro Lorenzo cair no chão, esfolar o joelho na areia e voltar chorando.

Com a partida suspensa voltamos pra casa, o Lorenzo com a bola de Rugby na mão dizendo que na próxima ia furar a bola, ou jogar no colégio que tem do lado da pracinha. Obviamente ele estava brabo por ter se esfolado. Eu tentei argumentar que no futebol também se esfola. Que quando eu era criança vivia com os joelhos rasgados e as canelas cheias de tocos dos adversários. Mas ele não acreditou. Não vou insistir. O espírito rebelde dele eu já conheço. Vai dizer que não só pra me vencer. Espero que ele seja como eu: um tosco com alma. O Rugby é jogado por toscos com alma. Descobri tarde demais? Não sei. O tempo dirá, como sempre. Se o Lorenzo vai se interessar? Espero que sim. Mas não vou forçar. Se quisesse jogar minhas frustrações nele comprava uma bateria porque eu queria era ser baterista, outra forma de jogar Rugby. Só me restou a literatura, mas não me dou bem com os escritores. É tudo meio confuso? É. Como o Rugby. Simples, mas complicado.

05/03/2012

Blog de torcedora do Farrapos

Como faz tempo que não publico nada por aqui aproveito pra deixar uma dica pra quem gosta de Rugby e quer saber TUDO sobre o Farrapos, clube bicampeão gaúcho e participante do Super10 nacional, o blog da Stéphany Bof, http://soufarrapos.blogspot.com/ onde ela conta também suas experiências e expectativas como torcedora de Rugby, inclusive acompanhando o dia-a-dia do clube.

Visita lá e comente!

Incentive este esporte que ainda vai ser muito FODÃO no Brasil.

30/11/2011

BENTO SEVENS

Bento Sevens no sábado, dia 3 de dezembro.
Tá difícil fugir de Porto Alegre nesse fim de semana, mas tentarei.
Quem tiver oprtunidade, apareça.
Vale título e vale vaga no Brasileiro de Sevens.
Baita evento.

22/11/2011

Sábado de Rugby

Morando em Porto Alegre e tendo que catar informações pela Internet de onde ocorrem partidas de Rugby na cidade tinha guardado a data de 19 de novembro para acompanhar a etapa de Porto Alegre do Rugby Seven, a modalidade olímpica. Confesso que ainda é difícil arrancar notícias e mesmo trocar ideias de torcedor ou aficcionado, que seja, afinal NUNCA joguei Rugby, mas é como se tivesse jogado a vida toda, o que pra mim dá na mesma, a vida é sempre aquilo que começou 5 segundos atrás. Não que não exista passado, existe, mas quem faz o passado o futuro e o presente é o que vivenciamos. O Rugby é uma boa partida. Me sinto bem no ambiente, no campo, vendo o jogo, sabendo que ninguém vai desistir. Não gosto de desistir.

O Rugby entrou na minha vida assim como muitas outras coisas prezas. Como a literatura, o futebol, o rock e a cerveja. Tava tudo ali, no HD, só faltava ligarem o programa certo. O Rugby chegou por último. Então tentei acordar o mais cedo possível para um sábado. Uma da tarde foi o que consegui. As noites de sexta são muito doidas comigo e o Lorenzo. Esse ano a Copa do Mundo da nova Zelândia ajudou a aumentar a confusão de horários. A Betine tinha se comprometido com o lance dela de trabalhar nos findis pra adoção de cachorros de rua e eu, sabendo que as partidas começavam à uma da tarde me programei para tentar chegar às três da tarde. Não é fácil com criança. E sabia que ele não aguentaria mais de três horas assistindo Rugby. Mal aprendeu as regras do futebol e eu confundindo a mente de cinco anos dele com as do Rugby. Ele inventou o RugbyBol, um esporte onde pode chutar a bola ou pegar com a mão e depois que entrar na goleira gritar TRY!

 Lorenzo e a "floresta"

Chegamos às 4 da tarde no campo da ESEF. Campo de futebol, claro, adaptado para o Rugby. Dois postes de 3 metros amarrados em cada goleira e era isso. É assim em quase todos os campos improvisados de Rugby. Campo duro, grama rala e ressecada pelo sol forte do verão. A prefeitura de  poderia criar um espaço público somente para Rugby em Porto Alegre. Até onde sei, não existe. Mas quem sabe, com mais gente jogando, criem. Criaram espaço pros skatistas, não é? Pra tantos outros esportes. Porque não pro Rugby? Enfim, chegamos já nas semifinais, ou na decisão de 3º lugar um pouquinho antes. Depois que vi que era o Farrapos jogando contra o Charrua um dos jogos. 10x5 pro Farrapos. Mas não consegui acompanhar direito. Estava pra lá e pra cá entretendo o Lorenzo com corridas e brincadeiras de se esconder na sombra e com um aviãozinho que ele tinha na mão. Um senhor que ajeitava uma cadeira de praia embaixo de um guarda-sol na frente de uma faixa do San Diego mexeu com o Lorenzo.
- Qual é teu time?
Lorenzo fez que não ouviu. Eu respondi:
- Nós somos de Porto Alegre mas nosso time é o "farrapo" de Bento.
- Farrapos! Então vamos nos enfrentar na final. Quem vence? Vou apostar o meu contra o teu, falou ele claramente brincando com o Lorenzo.

Cerca de 100, 120 pessoas, entre jogadores, curiosos e namoradas se esparramavam por baixo de árvores e onde existisse sombra. Dá pra se saber num dia desses porque o Rugby na Europa é um esporte preferencialmente de inverno. É realmente PUNK ver os caras se debaterem num sol de mais de 30 graus no lombo. Salsichão era assado numa churrasqueira portátil, garotas passeavam com cachorros, crianças mais pequenas que o Lorenzo corriam ou gritavam e um isopor de cerveja silenciosamente gelava em um canto mais refrescante. Caminhando do lado do campo a bandeirinha gritava enquanto trabalhava na decisão do terceiro lugar, vencida pelo Charrua por 32-0 sobre o Fronteira Sul:
- Tô louca pra tomar uma cerveja depois disso tudo.
Eu também, eu também, pensei. Carregar 20 quilos de confusão pra lá e pra cá também cansa. Ainda mais quando os 20 quilos chamados Lorenzo querem salgadinhos, refri, chocolate e experimentar mijar em todas as árvores. Dando a volta no campo encontramos o time do Farrapos concentrado antes da final, em roda, na sombra contrária ao furdunço do churrasqueio. Não lembro o nome do pessoal, apesar de saber o nome pelo Facebook, e cumprimento à distância. Márcio Mello, manager do clube, se aproxima pra nos dar um aperto de mão. Trocamos algumas frases rapidamente pois já era hora da decisão.

 Público lotando as "arquibancadas"

Rugby Seven não é aquela loucurada do XV, sabem? São 7 minutos pra cada lado e 7 jogadores com 5 reservas pra cada time, mas é muito mais corrido. Claro que existe o embate físico forte, mas num campo com as mesmas dimensões do Union é complicado segurar um jogador quando desembesta pela ponta ou fura a linha adversária. Tirando a saída dos 22 ser do time que pontuou após os tries, as regras são basicamente as mesmas. Como o jogo é realmente muito rápido, quando 7 minutos decidem passar rapidamente, claro, muitas vezes os times optam por nem cobrar a conversão após os tries. Não era o caso naquela decisão.

O San Diego começou mais veloz e apertando a marcação e enfiou 2 tries e uma conversão na primeira metade do tempo. O Farrapos equilibrou a partida, recuperou o jogo no combate físico e conquistando espaço chegou aos mesmo 2 tries também errando uma conversão. E a primeira etapa acabou em 12-12. Era só um aviso para a segunda etapa. A torcida, quer dizer eu, Lorenzo e mais 2 garotas , mais 2 magrões que chegaram depois para pedir informações sobre o Farrapos e conversar com um dos jogadores, demos alguns passos atrás. O ambiente estava nervoso, muito mais pelo lado do San Diego que disputava ultrapassar o Charrua na pontuação geral dos Sevens, na 1ª etapa as posições dos dois clubes foi invertida, do que pelos Farrapos que tinham vencido a etapa anterior, e alguém pediu para todos saírem da lateral do campo. O treinador do time porto-alegrense gritava exaustivamente em portunhol para o time "lutar com coraçón, com espírito". Lorenzo perguntou que "língua louca era aquela? Italiano?" Pra ele tudo que não é português ou o inglês da TV é italiano.

 San Diego reunido antes do segundo tempo

Try e conversão do San Diego. Comemoração efusiva. O jogo se equilibra de novo e o Farrapos, muito mais no seu jogo, vai forçando aos poucos a aguerrida defesa adversária e com muita luta chega a mais um try e uma conversão. Empate. 19-19. O Farrapos empurra o San Diego e chega a mais um try pela esquerda. Finalmente é a virada. Errada a conversão, 24-19. Faltam 2 minutos. Mas que minutos intermináveis, tchê! O treinador do San Diego quase pula dentro do campo berrando, os ânimos se exaltam, murmúrios de contestação à arbitragem, subsituições nos últimos instantes. O San Diego joga tudo. No Rugby é assim. Nada está definido até o último instante. E não estava. Num tour de force contagiante da equipe da Capital é alcançado o in goal bento-gonçalvense e estabelecido o empate. Festa. Tudo por uma conversão. O jogador do San Diego, talvez também nervoso pelo lance decisivo, erra. 24-24. Prorrogação.

Sem substituições, avisa o árbitro. Cinco minutos pra cada lado ou até alguém pontuar. Morte súbita. Joelhos sangrando, cabelos empapados pelo suor, camisetas rasgaras pelo combate e uniformes pintados da mesma cor apesar do tempo seco. É Rugby em estado bruto, penso eu. Acredito que é. Lorenzo já se impacienta, tem sede, mas agora não saio dali, a sede que espere. E o primeiro tempo da prorrogação fica mais emocionante depois de uma disputa mais ríspida pela bola no meio-campo terminar com um jogador do Farrapos estendido no chão. Sem substituições! O jogador é carregado para fora. Mal consegue ficar em pé. Sem condições mesmo para um rugbier. O Farrapos continua. Seis contra sete. E logo tem uma infração a favor. O vento golpeia no entardecer porto-alegrense justamente na hora do chute, que sai desviado pra direita do H. Mas o jogador do San Diego erra no tempo da bola e comete um knock-on. Até um neófito como eu nota de longe o erro. Posse de bola do Farrapos. Mesmo com um a menos e na pressão de ter errado um penalti, o Farrapos consegue fazer uma boa troca de passes e furar a linha porto-alegrense. Try! Morte súbita. Farrapos 29-24 San Diego. Emocionante mesmo.

 Os campeões

Cumprimentamos o Farrapos, o time para o qual torcemos, afinal, e fico feliz por ter assistido um bom jogo. Os jogadores do San Diego vêm abraçar e se desculpar por uma eventual força de vontade mais exacerbada com o jogador leisonado do Farrapos, que, diga-se, foi antes procurado pelo pessoal da ambulância que estava lá à disposição de qualquer eventualidade. Márcio telefona e posta no Facebook a notícia da vitória. Assim funciona a notícia no Rugby. Sem grandes meios de divulgação, pingando aqui e ali, e tentando crescer e ser mais conhecido e popular. Os dois rapazes ao lado comentam que estavam pensando em fazer alguma arte marcial, mas que Rugby é bem mais interessante. é mesmo. E o Farrapos é campeão!

Suado, cansado, com fome e uma vontade doida de chegar em casa, abrir um latão e esperar pela decisão do Super10 na TV, caminhamos até o carro. Lorenzo é cumprimentado educamente pelo amigo dele, o do guarda-sol, torcedor do adversário, pelo título. A cordialidade do Rugby se faz presente no aperto de mão. Passamos no supermercado e nos abastecemos de pizza, guaraná e cerveja. A noite de sábado, como sempre foi pra mim, será longa. Assim como longa será a vida do Rugby no Brasil. Acreditem. Será.